Achados Econômicos

Arquivo : janeiro 2013

No governo Dilma, renda cresce duas vezes mais rápido do que na era Lula
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Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 15h06 (acrescentada explicação sobre preços no final)

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. Foto: Folhapress

Está aí um dado que ajuda a explicar por que a popularidade da presidente Dilma Rousseff continua alta. Em meio à piora de importantes indicadores econômicos (desaceleração do Produto Interno Bruto, recuo da indústria, diminuição dos investimentos), ao menos dois – talvez os que mais influenciem a decisão do eleitor – continuam com desempenho positivo, pelo menos por enquanto: a renda e o emprego.

Nos dois primeiros anos do governo Dilma, a renda média das pessoas ocupadas teve um aumento real de 2,9% ao ano, mais que o dobro do verificado na era Lula (1,3% ao ano), de acordo com dados do IBGE, compilados por Achados Econômicos. No total, a alta foi de 10,9% ao longo dos oito anos de Lula e de 5,8% nos dois primeiros de Dilma.

Somente em 2012, o ano do “pibinho”, em que o PIB cresceu 1% ou menos segundo estimativas, o rendimento médio do brasileiro subiu 3,2% acima da inflação. Não foi das maiores altas da última década, mas está acima da média.

 

Investimentos

É claro que a renda da população não é consequência unicamente de decisões de um presidente. E é claro, também, que muitos dos efeitos das medidas dos governos no mercado de trabalho não são imediatos. Mas é igualmente verdadeiro que muitos eleitores tendem a aprovar mais o governo de plantão (ou desaprovar menos) quando estão com mais dinheiro no bolso, e a criticar mais quando estão com menos.

Uma questão que permanece agora é se o atual quadro do mercado de trabalho, com baixo desemprego e renda em ascensão, é sustentável. A resposta deve vir nas próximas estatísticas sobre os investimentos das empresas. Os números indicarão se os empresários estão dispostos a colocar mais dinheiro na produção. No terceiro trimestre do ano passado, o que ocorreu foi o inverso, uma queda nos investimentos.

Preços

Alguns leitores deixaram comentários sugerindo incluir nesta análise a alta dos preços. Explico que os números citados até aqui, no texto e nos gráficos, já descontam a inflação. Por exemplo, no primeiro gráfico, a barra da direita mostra um aumento de 3,2%. Esse número se refere a quanto o rendimento subiu acima da inflação. O chamado aumento nominal (sem descontar a inflação) foi de 9,4%. A inflação pelo INPC (um dos índices oficiais) foi de 6,2%. O aumento real, portanto, é aquele mostrado no gráfico, de 3,2%.

O outro gráfico segue a mesma lógica. Os dados estão atualizados pelo INPC a preços de 2012. Na primeira barra, por exemplo, está escrito que a renda média de dezembro de 2011, quando corrigida pela inflação, equivale hoje a R$ 1.749. Em outras palavras, a renda média naquela época (nominalmente de R$ 1.650) tinha um poder de compra equivalente ao que hoje tem uma pessoa que ganha R$ 1.749. Lembrando que aqui estamos trabalhando sempre com dados do IBGE. Respondendo a questão de um leitor, a série histórica da pesquisa mensal de emprego do instituto começa em março de 2002, por isso não há dados de anos anteriores.

A trajetória de Dilma em imagens

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Apartamentos de luxo no Brasil já custam mais que castelos na Europa
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Sílvio Guedes Crespo

O preço dos imóveis subiu tanto no Brasil que vários apartamentos de luxo estão bem mais caros do que diversos castelos europeus. Na França, é possível encontrar “châteaux” anunciados por apenas R$ 3 milhões, precisando de reforma, ou R$ 6 milhões, prontos para morar. Os apartamentos de luxo no Brasil atingem ou às vezes superam, e muito, esses valores. Veja alguns exemplos.

 

Vila Nova Conceição, São Paulo / Touraine, França

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Leblon, Rio / Pont l’Evêque, França

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SQWE, Brasília / Avignon, França

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Alta aqui, queda lá

Enquanto no Brasil o mercado imobiliário se aqueceu, nos países ricos os preços baixaram. Na França, especialmente, ficou mais fácil pechinchar no segmento de luxo depois que o presidente François Hollande encampou a ideia de aumentar de 50% para 75% o imposto de renda para a faixa de ganhos superiores a 1 milhão de euros por ano.

Nós últimos meses, o preço dos castelos na França caiu cerca de 15%, segundo a corretora de imóveis Emile Garcin. “A crise e as medidas fiscais tomadas pelo atual governo provocaram a saída de numerosos afortunados, que se desligam de suas propriedades”, disse ao blog o diretor da empresa, Rodolphe Brault. Ele acrescentou, no entanto, que os preços “parecem ter se estabilizado agora”.

Na França, quem parece estar levando a melhor são os estrangeiros. Quem passar menos de seis meses por ano no país não precisará pagar o imposto de renda proposto por Hollande. “Estamos em negociações avançadas com uma dezena de clientes brasileiros”, revela Brault. “O número de compradores vindos do Brasil é cada vez maior. Eles procuram belas propriedades antigas ou uma segunda residência em bairros charmosos de Paris.”

De outro lado, corretores brasileiros defendem o valor anunciado dos apartamentos.  “Você sai na varanda e tem a cidade aos seus pés. Você vê a copa das árvores de um bairro tombado, onde não pode mais construir prédio. Então você tem uma vista permanente por todo o skyline de São Paulo, até as torres da Paulista. Em São Paulo, isso hoje é um privilégio”, afirma Jeferson Batah, da Imóvel A, sobre o apartamento de R$ 24 milhões (fotos acima). Segundo ele, o preço é justificado não só pela área útil, mas pela vista, segurança e número de vagas na garagem, entre outros itens.

Luxo caro

Cabe aqui fazer uma observação para evitar conclusões incorretas. Primeiro, não é porque os castelos estão baratos na França que qualquer imóvel está. Um apartamento de alto luxo ao lado do museu do Louvre, por exemplo, está anunciado por R$ 49 milhões no site da Emile Garcin.

Em segundo lugar, também não se pode achar que qualquer castelo na Europa esteja barato. No site da Sotheby’s, por exemplo, uma propriedade medieval na Itália aparece por R$ 95 milhões.


Caro leitor
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Sílvio Guedes Crespo

Seja bem-vindo ao blog Achados Econômicos.

Aqui, vou publicar as informações mais relevantes e curiosas que encontrar após escarafunchar tudo o que for número disponível por aí, em sites e outras fontes, inclusive físicas (livros, periódicos etc), desde que de absoluta credibilidade.

A prioridade não será apresentar estudos inéditos, mas recortes novos de pesquisas já divulgadas. A ideia é encontrar sentido em números que muitas vezes ficam mofando em arquivos, digitais ou não. São dados que fazem parte de grandes pesquisas cujos resultados considerados principais já foram publicados – e que, por isso, são vistos por muitos como informações velhas.

Acredito que, ao contrário, no passeio pelos microdados ou por números já empoeirados podemos encontrar informações preciosas e tão atuais quanto as cotações dos serviços de comunicação em tempo real.

Meu trabalho não se restringirá a analisar pesquisas quantitativas ou estudos já elaborados por alguma empresa ou instituição. Ficarei de olho, também, em todo tipo de informação que hoje aparece dispersa na internet, mas que pode fazer sentido se filtrada não por um conjunto de algoritmos apáticos, mas pela atenção de uma pessoa, com todos os defeitos e vieses da paixão humana.

É evidente que não sou a única nem a melhor pessoa para exercer essa tarefa. Certamente muitos leitores já trombaram com dados econômicos tão ou mais interessantes do que aqueles que vou apresentar. Por isso, tendo um “achado” que queira compartilhar, mande sua sugestão para o meu e-mail (silvio.crespo@uol.com.br). Se eu considerar que é factível escrever sobre isso e que tem a ver com o blog, publicarei, citando o seu nome.

Por enquanto, fique com o meu primeiro achado, a notícia de que o Brasil está cheio de apartamentos de luxo avaliados por um preço igual ou até maior do que o de magníficos castelos europeus.

Boa leitura!


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