Achados Econômicos

Arquivo : fevereiro 2013

Renda de R$ 2,5 mil por mês seria isenta de IR se governos atualizassem tabela
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

A Receita Federal começa a receber amanhã (1º de março) as declarações de Imposto de Renda Pessoa Física. Pelas regras atuais, estão isentos todos aqueles que ganharam até R$ 19.645 no ano passado, o que dá R$ 1.637 por mês, sem 13º salário.

Mas o limite de isenção poderia ser de R$ 29.472 anuais (R$ 2.456 mensais) se os governantes tivessem simplesmente corrigido a tabela do IR de acordo com a inflação desde 1995, como indicam dados da Receita Federal e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, compilados pelo blog Achados Econômicos.

Em 1995, ficaram isentos os que ganharam até R$ 8.803,40. A inflação acumulada até 2011, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, o indicador oficial), foi de 235%, mas a correção da tabela ficou em 123%. A defasagem acumulada, que é quanto o limite de isenção atual deveria subir para ficar de acordo com a inflação, é de 50%.

O ideal seria que a inflação de um determinado ano pudesse ser compensada já na tabela do ano-base seguinte. Por isso, considerei a alta de preços acumulada até 2011 (não até 2012) para calcular qual deveria ser o valor atual de isenção.

Veja abaixo como é a tabela do IR hoje e como ela poderia ser se houvesse correção de acordo com a inflação.

TABELA ATUAL

Faixas de renda anual (R$)Alíquotas (%)
Até 19.645,320
De 19.645,33 a 29.442,007,5
De 29.442,01 a 39.256,5615
De 39.256,57 até 49.051,8022,5
Acima de 49.051,8027,5
  • Fonte: Receita Federal

TABELA DO ANO-BASE DE 1995, CORRIGIDA PELO IPCA

Faixas de renda anual (R$)Alíquotas (%)
Até 29.472,050
De 29.472,06 a 57.469,3915
De 57.469,40 a 530.484,1726,6
Acima de 530.484,1735
  • Fonte: Receita Federal e IBGE. Elaboração: Achados Econômicos

Não corrigir adequadamente a tabela do IR é uma forma que os sucessivos governos encontraram para aumentar o imposto sem fazer barulho. Para arrecadar mais, basta não fazer nada.

“Isso resulta em maior tributação, principalmente dos rendimentos do trabalho assalariado”, afirma Luiz Antonio Benedito, diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) e autor de estudos sobre o IR.

Atualmente, a tabela é corrigida pela meta de inflação, hoje de 4,5% ao ano. Sempre que os preços sobem mais que isso – como ocorre desde 2010 – a defasagem aumenta, e mais pessoas deixam de ser isentas ou passam a pagar uma alíquota maior.

É verdade que, quando a inflação fica abaixo de 4,5%, o contribuinte ganha, como aconteceu em 2009. No entanto, casos desse tipo são raros.

O quadro abaixo mostra o limite de isenção ano a ano, desde 1995. Apresenta, ainda, a inflação em cada ano-base e a correção feita no ano seguinte. Em 1995, por exemplo, a inflação foi de 22,4%. O governo então corrigiu a tabela em 22,7% em 1996, de forma que ela não ficou defasada. No entanto, nos cinco anos posteriores não houve correção, acumulando uma defasagem de 35% somente naquele quinquênio.

LIMITES DE ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

AnoInflação* (%)Correção no ano seguinte** (%)Defasagem (%)
199522,422,7-0,2
19969,60,09,6
19975,20,05,2
19981,70,01,7
19998,90,08,9
20006,00,06,0
20017,717,6-8,4
200212,50,012,5
20039,30,09,3
20047,610,0-2,2
20055,77,3-1,5
20063,15,1-1,9
20074,54,50,0
20085,94,51,3
20094,34,5-0,2
20105,94,51,3
20116,54,51,9
20125,84,51,3
  • * Índice de Preços ao Consumidor Amplo
  • ** Correção feita no ano seguinte ao da respectiva inflação
  • Fonte: Receita Federal e IBGE. Elaboração: Achados Econômicos

Separando o período de cada presidente, vemos que nos dois primeiros anos da gestão Dilma Rousseff a defasagem acumulada está em 3,22% (considerando o reajuste de 4,5% previsto em lei para o ano que vem). Durante os oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva, foi de 5,81%; nos de Fernando Henrique Cardoso, 39,12%.

Na média por presidente, a tabela do IR tem se defasado ao ritmo de 1,6% ao ano com Dilma, após ter perdido 0,7% anualmente com Lula e 4,2% com FHC.

O Ministério da Fazenda, por meio de sua assessoria de imprensa, disse ao blog que a correção da tabela é uma política de governo explicitada pela lei número 12.469, de 2011, que determina o ajuste de acordo com as metas de inflação. Os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula, procurados pelo blog, preferiram não comentar.

Mudanças

Os sucessivos governos desde 1995 fizeram diversas mudanças nas alíquotas, ora beneficiando ora prejudicando os contribuintes.

No ano-base de 1995, por exemplo, a faixa de renda acima de R$ 158 mil por ano (cerca de R$ 560 mil, em valores corrigidos) pagava 35% de IR. No ano seguinte, essa alíquota foi eliminada, de modo que quem tinha essa renda passou a pagar 25%, igual aos que ganhavam R$ 21,6 mil (R$ 62,5 mil, em valores de hoje).

Também em 1996, o IR deixou de ter três alíquotas e passou a ter apenas duas (15% e 25%). Dois anos depois, a mais alta subiu para 27,5%.

A tabela ficou com essas duas alíquotas até o ano-base de 2009, quando passou a ter quatro: 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, modelo que foi preservado até hoje.


Formalização do trabalho bate recorde em meio a ‘pibinho’ e custos trabalhistas
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 18h02* 

Enquanto a indústria encolhe e a economia em geral caminha a passos lentos, muitos ainda não veem sinais de crise. Eles continuam empregados e, de quebra, a proporção de postos com carteira assinada subiu, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em janeiro, os empregados vinculados à CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) eram nada menos que 54,5% do total de pessoas ocupadas, nível mais alto desde que o IBGE começou a fazer essa pesquisa, em março de 2002. Naquela época, a taxa era de 46%.

Já o emprego informal, inversamente, está no menor patamar da série histórica. O número de trabalhadores do setor privado sem carteira corresponde a 15,2% do total de ocupados, proporção que teve uma leve queda em 2012, o ano do “pibinho”, em que o produto interno bruto do país cresceu cerca de 1%, segundo estimativas de analistas. A proporção de trabalhadores do setor privado sem carteira assinada passou de 15,8% em janeiro de 2012 para os atuais 15,2%.

Pode parecer que o IBGE e o Ministério do Trabalho estão se contradizendo um ao outro, pois o segundo apontou que o mês de janeiro de 2013 foi o pior dos últimos quatro anos. O caso é que foi o pior no sentido de que houve um aumento menor (e não redução) do número de empregos formais. Como a população ocupada cresceu menos, a taxa de formalização aumentou.

Essa formalização, vale notar, acontece em meio a um cenário perturbador para o empresariado. Além de a atividade econômica estar fraca, os custos para contratar um empregado no Brasil são os maiores em um ranking de 30 países, conforme um estudo recente.

Um cenário em que os empregadores vão mal e os empregados vão bem pode parecer não ter lógica. Mas tem, ainda que reflita um momento passageiro. A escassez de mão de obra para determinadas funções deu aos assalariados um poder de barganha nada desprezível. Por enquanto, parte considerável dos empresários tem bancado, como indicam os números do IBGE. Mas eles podem estar no limite, como apontou, por exemplo, o dado do Ministério do Trabalho, citado acima.

* Correção: retirado do termo ‘assalariado’ como sinônimo de ‘empregado’

 


Bolsa brasileira tem a 2ª maior queda do mundo em 2013; veja ranking
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Postagem atualizada às 17h57 (alterado ‘layout’ do gráfico)

A Bolsa de Valores de São Paulo acumula uma queda de 7% em 2013, o segundo pior desempenho em um ranking dos principais índices de ações de 80 países, elaborado pelo blog Achados Econômicos, com base em dados da Bloomberg.

Apenas o mercado da Jamaica teve uma queda maior, de 7,68%. O primeiro do ranking é a Venezuela, que acumula uma alta de 31,27% em 2013.

Se considerarmos o acumulado em 12 meses, a Venezuela continua na liderança, com alta de 354%, enquanto o Brasil tem o quarto pior desempenho, com queda de 14,25%. Com resultado pior estão Marrocos (-23,44%), Ucrânia (-31,09%) e Chipre (-60,29%).

Em dólares

Esses números se referem à variação dos principais índices de ações de cada Bolsa, em moeda local. Servem para dar uma ideia de como está o mercado do ponto de vista da população desses países, mas não dos investidores internacionais.

Para os estrangeiros, a situação é outra. Aqueles que investiram nas ações do Ibovespa (índice de referência da Bolsa de São Paulo) há um ano e venderam os papéis hoje perderam não 14,25%, que foi a queda das ações em reais, mas 26%, o que inclui também a queda da moeda brasileira. Já os que investiram no início do ano, agora perdem não 7%, mas em torno de 4%, pois o real subiu desde então, conforme a tabela abaixo, elaborada pela consultoria Economática.

Variação das Bolsas em países selecionados

País sedeEm 2013, moeda localEm 2013, dólarEm 12 meses, moeda localEm 12 meses, dólar
Venezuela31,27-10,4354,73210,37
Argentina10,027,5110,63-3,98
EUA (DJ)6,846,848,218,21
Chile5,656,770,552,23
EUA (Nasdaq)4,714,717,87,8
México0,392,0715,7316,44
Brasil-6,98-3,53-14,22-25,66
  • Fonte: Economática

Existe uma pequena diferença entre os números do gráfico e os da tabela porque o primeiro foi construído com base nas cotações desta segunda-feira, às 10h30, enquanto a segunda se refere ao fechamento dos mercados na última sexta-feira.

Petrobras e vale pesam

O analista de investimentos Pedro Galdi, da corretora SLW, explica a queda das ações.

Por que a Bolsa brasileira está com o segundo pior desempenho do mundo neste ano?

Nossa bolsa foi vítima do índice Bovespa. É o índice que o mercado elegeu como referencial e tem uma formação um pouco perigosa, porque as commodities têm um peso muito grande nele, com a Vale e a Petrobras.

A Petrobras está sofrendo uma ingerência brutal do governo. Ela tem que comprar combustível por um preço e vender mais barato aqui dentro.

Com a Vale acontece o que tem ocorrido com as mineradoras do mundo afora. Os governos querem morder mais royalties. No Brasil, vão querer dobrar os royalties e criar taxas adicionais. O investidor acaba ficando com muita incerteza e foge. Como essas duas empresas têm participação grande no Ibovespa, o indicador cai de forma geral. O nosso índice tem uma formação enganosa.

Qual a tendência do Ibovespa em 2013?

Toda bolsa reflete o cenário econômico. Nós vamos ter melhora quando os indicadores mostrarem que a economia está se recuperando.

Por enquanto, a gente está em um momento de incerteza, com inflação, juros e câmbio. Estamos numa sinuca. Se aumentar juros para combater a inflação, a economia desacelera. Se mexer no câmbio, afeta as exportações. Não tem muito o que fazer. A inflação pode cair por si só, pois acabou o período de aumento de mensalidade escolar, a energia vai cair de preço, e os alimentos tendem a subir menos.


Volume de dólares e libras no mundo mais que triplica desde 2008
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Foto: Antônio Gaudério/Folhapress

O volume de dinheiro impresso pelos países ricos aumentou drasticamente desde que a crise internacional veio à tona, em setembro de 2008. O montante de dólares e de libras esterlinas em circulação, por exemplo, mais do que triplicou no período.

A emissão de moeda já nem ocupava mais as manchetes, de trivial que se tornou, mas voltou ao debate nos últimos meses porque o Japão resolveu adotar mais intensamente esse tipo de operação.

No país asiático, a chamada base monetária, que é a quantidade de dinheiro em circulação mais as reservas do banco central, subiu 11% nos últimos 12 meses e 46% desde janeiro de 2008.

Mas os EUA ainda são, de longe, os campeões de impressão de dinheiro. A base monetária americana aumentou de US$ 831 bilhões para US$ 2,7 trilhões em cinco anos.

Desde novembro de 2008, o país já fez diversas rodadas de afrouxamento quantitativo, processo que equivale a criar moeda. Atualmente, despeja até US$ 45 bilhões por mês no mercado.

Antes da crise, a base monetária dos EUA era praticamente estável, na faixa dos US$ 800 bilhões, como aponta o gráfico abaixo.

Em termos relativos, quem mais aumentou a base monetária foi o Reino Unido, de 73 bilhões de libras para 338 bilhões, uma alta de 362% desde janeiro de 2008. Na Europa, a expansão foi menor. A quantidade de euros em circulação subiu apenas 32%.

 

Evolução da base monetária desde 2008

PaísJan/08Jan/13Diferença (em moeda do país)Variação (%)
EUA (US$ bi)8312.7421911230
Eurolândia (€ tri)3,8485,0861,23832
Reino Unido (£ bi)73,24338,4265,16362
Japão (¥ tri)90131,941,947
  • Fonte: Bancos centrais

‘Tsunami monetário’

Se convertermos tudo para dólares, a base monetária somada de EUA, zona do euro, Reino Unido e Japão estava em US$ 7,5 trilhões em 2008. Hoje, superam US$ 11,6 trilhões. Ou seja, o mundo ganhou US$ 4,4 trilhões em moedas de países ricos desde a crise.

O governo brasileiro reclama dessas medidas porque o aumento do volume de moeda desses países no mundo tende a provocar uma valorização no real, o que prejudicaria empresas brasileiras que competem com produtos estrangeiros.

Mas nem todos concordam que o Brasil deveria tentar conter erguer uma barreira contra o que a presidente Dilma Rousseff chamou de “tsunami monetário”, ou que o ministro Guido Mantega (Fazenda) apelidou de “guerra cambial”. Para críticos do governo, o melhor a fazer seria buscar outras formas de melhorar a competitividade das empresas brasileiras e estimular investimentos no país.

O professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, explica na entrevista abaixo:

Por que os países ricos estão aumentando a quantidade de dinheiro em circulação?

 

Porque a atividade econômica está deprimida. O aumento de liquidez monetária busca suprir as necessidades de pessoas e empresas que sofreram fortes restrições com a redução da disposição dos bancos em emprestar. O aumento da liquidez é uma forma de oxigenação da economia.

 

Quais são os efeitos do aumento, em ritmo acelerado, da base monetária em países ricos?

 

Enquanto não houver pressão inflacionária, a expansão da liquidez não causa efeitos negativos imediatos na economia real dos países. Os EUA, que emitem dólares, não têm dificuldade em expandir a dívida pública, uma vez que o mundo se dispõe a financiar essa expansão a um custo muito baixo. Na Europa, o problema maior reside nos países da periferia do euro, que, não podendo emitir moeda própria, dependem da disposição das nações centrais em aumentar a base monetária. O Japão tem uma dívida pública muito grande, mas não há outra saída para o crescimento da economia se o governo não continuar sua política de emissão de moeda e de desvalorização do iene.

 

No futuro, os problemas seriam a criação de bolhas nos diversos setores de atividade e a perda de confiança nas moedas dos países excessivamente endividados.

 

E os efeitos nos países emergentes?

 

O principal é a tendência de valorização das moedas locais. Isso encarece as exportações desses países e barateia suas importações, reduzindo o resultado da balança comercial.


Inflação pesa mais para dono de carro do que para passageiro de ônibus
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

A inflação nos últimos meses tem pesado mais no bolso de quem tem carro do que no de quem anda de transporte público, conforme indicam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Se por um lado ficou mais fácil comprar um automóvel (o preço do veículo zero caiu 4% em um ano, enquanto o do usado recuou 10%), por outro ficou mais difícil mantê-lo, e não apenas por causa do recente aumento da gasolina anunciado pela Petrobras.

O preço do estacionamento, por exemplo, subiu 10% nos últimos 12 meses, e o do seguro, 6%. Já as passagens de ônibus urbano e de metrô aumentaram 3% cada, conforme mostra a tabela abaixo.

 

Custos para quem não tem carro

Transporte urbanoVariação em 12 meses (%)
Táxi3,98
Metrô3,39
Trem3,12
Ônibus urbano2,99
  • Fonte: IBGE

Custos para quem tem carro

ItensVariação em 12 meses (%)
Estacionamento9,61
Multa7,18
Lubrificação e lavagem7,17
Seguro voluntário5,77
Pintura5,55
Conserto4,7
Pneu2,92
Acessórios e peças2,42
  • Fonte: IBGE

Combustíveis

TiposVariação em 12 meses (%)
Gás7,3
Diesel6,59
Gasolina0,21
Etanol-1,55
  • Fonte: IBGE

Esses números tendem a mudar nas próximas pesquisas, quando o IBGE registrar o aumento da gasolina recentemente anunciado pela Petrobras e o reajuste de tarifas de ônibus e metrô.

O governo vinha segurando o preço que a Petrobras cobra ao vender gasolina para os distribuidores. Houve um aumento de 7,83% no ano passado, mas que foi compensado pela queda de um tributo na mesma proporção – a Cide, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.

Agora, com o petróleo mantendo-se acima de US$ 90 o barril, e a Petrobras registrando queda no lucro, o governo decidiu permitir que a companhia elevasse em 6,6% o preço da gasolina aos distribuidores e em 5,4% o do diesel.

Estacionamento caro

Se for considerado um período maior, de dois anos, a alta é ainda mais significativa para quem anda de carro próprio. O estacionamento subiu 25%, e o conserto, 15%. Já o passe de ônibus aumentou 10%, e o de metrô, 12%.

Esses dados se referem ao reajuste médio dos preços em 11 regiões metropolitanas. O táxi, por exemplo, não teve aumento em seis dos locais pesquisados nos últimos 12 meses, mas subiu 15% só em Belém.


Preço de cuidados com animais de estimação chega a subir 80% em 5 anos
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Banho em cachorro ficou 71% mais caro nos últimos 5 anos. Foto: Think Stock

Os cuidados com animais de estimação são mais um tipo de serviço que tem subindo muito acima da inflação nos últimos anos.

Um simples banho em um cachorro médio, por exemplo, aumentou 71% de dezembro de 2006 para o mesmo mês de 2012, conforme registrou a pesquisa Datacasa, elaborada pelo Datafolha, na Grande São Paulo. Já o banho em gato ficou 82% mais caro.

Veja abaixo a evolução dos preços com cuidados de animais. No período analisado, a inflação foi de 37%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

SERVIÇODez/06 (preço em R$)Dez/12 (preço em R$)Variação (%)
Banho em gato173182,4
Banho comum em cachorro médio172970,6
Banho e tosa em cachorro médio, com máquina304653,3
Banho e tosa em cachorro médio, com tesoura406050,0
Veterinário (valor da consulta de um cachorro, sem medicamento e vacinação)568246,4

Impedir o avanço dos preços é hoje um dos principais desafios do governo. Atualmente, a inflação no Brasil é a sexta maior da América Latina, conforme observou o blog Achados Econômicos na semana passada. Em 2006, ano em que a inflação ficou em 3,14%, o país estava em 15º nesse ranking.

Apesar de os alimentos representarem uma importante ameaça de inflação, a alta está hoje generalizada. Três quartos dos produtos analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ficaram mais caros em janeiro.

Em parte, o custo de vida da classe média aumenta por causa dos ganhos reais dos trabalhadores de qualificação média. Serviços como os de pedreiro, pintor de parede, encanador, empregada doméstica, babá e motorista particular tendem mesmo a pesar mais para o empregador conforme a desigualdade social diminui.

Nas empresas, no entanto, o aumento da renda dos funcionários pode gerar perda da margem de lucro do proprietário ou reajuste dos preços dos produtos – ou um pouco de cada. Para evitar esse problema, os ganhos reais desses empregados poderiam ser acompanhados de aumento de produtividade. Por enquanto, isso não está ocorrendo.

 


Mesmo em crise, indústria paga 10% mais a funcionários
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

A indústria brasileira está produzindo menos e empregando menos, mas ao mesmo tempo está pagando mais aos funcionários, num movimento que à primeira vista pareceria sem sentido.

No total, os empresários do setor gastaram, em 2012, 10% a mais com seus empregados do que em 2011. Descontada a inflação, trata-se de um aumento real de 4,3%. Por trabalhador, a alta nominal foi de 11,5%, e a real, de 5,8%.

A conta parece não fechar. Em 2012, a indústria produziu 2,7% menos e empregou 1,3% menos. Por que está aumentando a folha de pagamento?

* Folha de pagamento total, descontada a inflação
** Folha dividida pelo nº de funcionários,  descontada a inflação

 

Alguns especialistas têm afirmado que os industriais, em geral, acreditam que a situação vá melhorar e, por isso, não valeria a pena demitir os funcionários agora – com todos os custos que isso tem – para contratar novamente daqui a pouco. Com patrões não tão dispostos a demitir, pode ter sido mais fácil para os sindicatos negociarem aumento de salários.

Ainda, o aumento do salário mínimo e os reajustes no setor de serviços também influenciam. A indústria em alguns ramos disputa mão de obra com os empresários de serviços.

A questão que fica é por quanto tempo os industriais vão conseguir manter seus empregados, à espera dos bons ventos. Os mais pessimistas acreditam que é uma questão de tempo para as demissões aumentarem. Os otimistas esperam que os empresários retomem a confiança na economia e voltem a aumentar a produção, mantendo os postos de trabalho.

“A gente tem expectativa de que a produção e o emprego vão crescer, mas está difícil quantificar”, disse ao blog Rogério César de Souza, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Para ele, os dados do fim do ano passado “não dão nenhum tipo de alento” para o começo de 2013. “Essa questão ainda está em aberto”, disse.

Enquanto espera o momento de investir, a indústria vai gastando mais com funcionários. Abaixo, o aumento real da folha de pagamento em quatro regiões do país.

O menor aumento real foi no Sudeste, e o maior, na região que engloba o Norte e o Centro-Oeste.

No gráfico seguinte, os setores que mais aumentaram os gastos com pagamento de trabalhador e os que diminuíram (já descontada a inflação).

*Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool


Inflação no Brasil é a 6ª maior da América Latina; em 2006, era a 15ª
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 19h36 (Corrigida informação sobre inflação na Colômbia, de 2 para 2,4)

A inflação no Brasil, que atingiu 6,15% nos últimos 12 meses, é atualmente a sexta maior da América Latina, entre 19 economias analisadas.

Em 2006, quando foi de apenas 3,14%, o indicador brasileiro era o 15º entre 18 países (o Panamá foi excluído por sua série histórica não remontar àquele ano), acima de Equador, Chile e Peru.

Hoje, o país com maior inflação na América Latina é a Venezuela, onde os preços subiram mais de 20% em 12 meses. Em seguida, aparecem a Argentina (cujos indicadores oficiais são questionados por entidades como o Fundo Monetário Internacional) e o Haiti. O México, segunda maior economia da América Latina e muitas vezes concorrente do Brasil na tentativa de atrair investimentos externos, teve uma inflação de apenas 3,6%. O Chile, de 1,5%.

Inflação na América Latina

PAÍSINFLAÇÃO EM 12 MESES (%)
Venezuela20,1
Argentina10,8
Haiti7,5
Uruguai7,5
Nicarágua6,6
Brasil6,15
Honduras5,4
Bolívia4,9
Costa Rica4,6
Panamá4,6
Equador4,1
Paraguai4,1
República Dominicana3,9
México3,6
Guatemala3,5
Peru2,6
Colômbia2,4
Chile1,5
El Salvador0,8
  • Fonte: Escritórios oficiais de estatística

Não custa lembrar que os dados acima se referem a quanto os preços subiram na moeda local de cada país. Não servem, por exemplo, para saber se ficou mais caro ou mais barato viajar para esses países (para isso, seria necessário considerar também a variação do câmbio).

Brasil

A meta de inflação do Brasil é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Alguns economistas têm acusado o governo de abandonar a tentativa de atingir o centro da meta, concentrando-se em simplesmente não superar o teto (de 6,5%). O governo nega.

O gráfico abaixo mostra o índice oficial de preços desde janeiro de 2011. Desde junho do ano passado (o ponto mais baixo da linha, com inflação de 4,92% em 12 meses), os preços vêm acelerando, ainda sem atingir o pico de 2011, que foi de 7,31% em setembro daquele ano.

Entre os produtos que mais impulsionaram a inflação no país estão os alimentos, que subiram 9,86% no ano passado e mais 1,63% em janeiro de 2013.

inflacao2

 

Histórico

Desde o Plano Real, a inflação já teve tempos melhores, mas também piores. Abaixo, a variação do IPCA, ano a ano, desde 1995.

inflacao 1995-2012_B

 


Brasileiro poupa menos que haitiano e senegalês; veja ranking
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado em 7/2/2013 (acrescentada informação de que gráfico inclui países pobres)

As pessoas físicas e jurídicas do Brasil poupam menos do que as de alguns países muito mais pobres, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional. Enquanto aqui a poupança doméstica equivale a 18% do PIB (produto interno bruto), no Senegal e no Haiti a proporção é de 23%.

Aqui não estamos falando de um tipo específico de aplicação chamado poupança, e sim do conceito de poupança doméstica. Esse indicador reúne tudo o que as pessoas, empresas, instituições e o governo de um país não gastam no momento em que ganham. A poupança de uma nação é importante porque a partir dela se define quanto as empresas vão conseguir investir – e, eventualmente, gerar emprego, renda e impostos.

Quando as pessoas aplicam o dinheiro, os bancos passam a ter uma quantia para emprestar. Parte desse montante vai para empresas interessadas em investir; outra parte é tomada pelos consumidores e, finalmente, um tanto é usado pelos próprios bancos para comprar títulos públicos (ou seja, emprestar para o governo).

 

O professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, explica.

Qual a importância da poupança de um país?

Quanto maior a taxa de poupança doméstica maior a disponibilidade de recursos para investimentos, sem necessidade a recorrer à poupança externa. A poupança doméstica também permite ao país enfrentar momentos de crise, quando as fontes de financiamento secam.

Por que a taxa de poupança no Brasil é historicamente baixa?

Por vários motivos. Primeiro, grande parte da população tem confiança no sistema de previdência, de saúde e de educação públicos e não sente a necessidade de poupar para aposentadoria futura, emergências médicas e estudo dos filhos.

Outro ponto é a carga tributária elevada, que absorve parte da renda familiar. Visto de outra forma, as famílias aceitam repassar para o setor público parte da poupança que fariam para arcar com suas necessidades futuras.

Um terceiro aspecto está no fato de que as famílias ainda não têm todos os bens que julgam necessários para melhorar sua qualidade de vida e por isso gastam boa parte do que ganham.

Existem ainda vários outros motivos, como o passado de inflação alta (as pessoas pensavam: “Preciso consumir agora antes que os preços subam”), a falta de confiança nos sistemas de poupança privada e o histórico de ausência de guerras e de grandes catástrofes naturais (muitos não sentem necessidade de ter uma reserva para o caso de acontecer o pior).

No Brasil, a tendência é que a poupança aumente ou diminua?

Acredito que aumente. A maior confiança nos mecanismos de poupança privada, maior número de produtos financeiros, maior facilidade de acesso à casa própria, crescimento da renda real das famílias e redução das necessidades básicas domésticas tendem a estimular a poupança privada.

Importante também salientar que um país, sendo seguro e promissor, tende a atrair poupança externa. Isso pode suprir, em parte, a carência de poupança interna.


Serviços de manutenção da casa, como pintura de parede, chegam a dobrar preço em 5 anos
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Mão de obra de pintor e pedreiro subiu mais que a inflação

Está cada vez mais caro manter a casa em ordem. Ou, de outro ponto de vista, saber mexer com fiação, encanamento e reformas está ficando cada vez mais vantajoso.

Alguns serviços de manutenção doméstica vêm subindo de preço muito mais rápido que a inflação nos últimos anos, como apontam dados da pesquisa Datacasa, elaborada pelo Datafolha.

A mão de obra para colocar revestimento em uma parede já preparada, por exemplo, custava R$ 15 por metro quadrado em fevereiro de 2008. Já em janeiro de 2013, o preço atingiu R$ 27, uma alta de 80%. Aplicar tinta látex acrílica semibrilho passou de R$ 6 para R$ 13 o metro quadrado, alta de 117% em cinco anos.

Veja abaixo a variação dos preços de diversos serviços. Em todos eles, foi considerado apenas o preço da mão de obra. A pesquisa foi feita na Grande São Paulo. A inflação no período, medida pelo índice IPC-Fipe, foi de 30,8%.

Serviços de manutenção da casa

SERVIÇOJan/13, preço em R$Fev/08, preço em R$Variação (%)
Instalação de chuveiro elétrico634734
Instalação de torneira elétrica674840
Troca de válvula de descarga comum de parede686111
Colocação de piso de cerâmica, com contrapiso já instalado – m²271759
Colocação de porcelanato, com contrapiso já preparado – m²452955
Colocação de revestimento em parede já preparada – m²271580
Pintura de parede em tinta látex acrílica semibrilho – m²136117
Pintura com tinta texturizada em parede interna – m²199111

 

No caso dos serviços de descupinização, dedetização e desratização, os dados mais recentes são de outubro de 2012 e foram comparados com os de novembro de 2007 (tabela abaixo). No período, a inflação foi de 29,4%.

SERVIÇOOut/12, preço em R$Nov/07, preço em R$Variação (%)
Dedetização com pulverização para baratas, traças, pulgas em residência de três dormitórios25720227
Descupinização de armário de três portas31622640
Descupinização de porta e batente (valor da unidade)1458571
Desratização com iscas para residência de três dormitórios24519128
Limpeza de caixa d´água de 500 litros14411229