Inflação pesa mais para dono de carro do que para passageiro de ônibus
Sílvio Guedes Crespo
A inflação nos últimos meses tem pesado mais no bolso de quem tem carro do que no de quem anda de transporte público, conforme indicam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Se por um lado ficou mais fácil comprar um automóvel (o preço do veículo zero caiu 4% em um ano, enquanto o do usado recuou 10%), por outro ficou mais difícil mantê-lo, e não apenas por causa do recente aumento da gasolina anunciado pela Petrobras.
O preço do estacionamento, por exemplo, subiu 10% nos últimos 12 meses, e o do seguro, 6%. Já as passagens de ônibus urbano e de metrô aumentaram 3% cada, conforme mostra a tabela abaixo.
Custos para quem não tem carro
Transporte urbano | Variação em 12 meses (%) |
Táxi | 3,98 |
Metrô | 3,39 |
Trem | 3,12 |
Ônibus urbano | 2,99 |
- Fonte: IBGE
Custos para quem tem carro
Itens | Variação em 12 meses (%) |
Estacionamento | 9,61 |
Multa | 7,18 |
Lubrificação e lavagem | 7,17 |
Seguro voluntário | 5,77 |
Pintura | 5,55 |
Conserto | 4,7 |
Pneu | 2,92 |
Acessórios e peças | 2,42 |
- Fonte: IBGE
Combustíveis
Tipos | Variação em 12 meses (%) |
Gás | 7,3 |
Diesel | 6,59 |
Gasolina | 0,21 |
Etanol | -1,55 |
- Fonte: IBGE
Esses números tendem a mudar nas próximas pesquisas, quando o IBGE registrar o aumento da gasolina recentemente anunciado pela Petrobras e o reajuste de tarifas de ônibus e metrô.
O governo vinha segurando o preço que a Petrobras cobra ao vender gasolina para os distribuidores. Houve um aumento de 7,83% no ano passado, mas que foi compensado pela queda de um tributo na mesma proporção – a Cide, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
Agora, com o petróleo mantendo-se acima de US$ 90 o barril, e a Petrobras registrando queda no lucro, o governo decidiu permitir que a companhia elevasse em 6,6% o preço da gasolina aos distribuidores e em 5,4% o do diesel.
Estacionamento caro
Se for considerado um período maior, de dois anos, a alta é ainda mais significativa para quem anda de carro próprio. O estacionamento subiu 25%, e o conserto, 15%. Já o passe de ônibus aumentou 10%, e o de metrô, 12%.
Esses dados se referem ao reajuste médio dos preços em 11 regiões metropolitanas. O táxi, por exemplo, não teve aumento em seis dos locais pesquisados nos últimos 12 meses, mas subiu 15% só em Belém.