Achados Econômicos

Mensalidade de escola particular sobe mais de 50% desde 2009

Sílvio Guedes Crespo

Estudantes fazem prova da Fuvest. Foto: Rodrigo Paiva/UOL

A escola particular, que por décadas garantiu ao filho do patrão um futuro melhor do que o do filho da empregada, está menos acessível à classe média. Nos últimos anos, as mensalidades têm subido sistematicamente acima da inflação.

Contando com o aumento de 8,45% em fevereiro, o preço do ensino médio privado já acumula uma alta de 53% desde 2009, quase o dobro da inflação no período (27%), segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

É verdade que as mensalidades que já subiram não aumentarão mais em 2013, pois, por lei, só podem ter um reajuste por ano. Mesmo assim, tendem a novamente fechar o ano acima da inflação, que, segundo analistas, deve ser de 5,8% em 2013.

Também subiram fortemente desde 2009 as mensalidades no ensino fundamental (52%) e na educação infantil (51%). O ensino superior e a pós-graduação acumulam uma alta menor, de 33% cada.

O aumento de salário dos professores é um dos fatores que pressionam o reajuste da mensalidade, mas não o único, segundo Silvia Barbara, diretora da Federação dos Professores do Estado de São Paulo. “Tanto que historicamente o as mensalidades têm subido mais que os salários”, afirma.

Abaixo, o reajuste das mensalidades no ensino médio na região metropolitana de São Paulo, em comparação com o aumento dos salários de professores.

Outro fator abordado pelos representantes das escolas é a carga tributária. As entidades patronais estão em campanha pelo corte da contribuição previdenciária que incide sobre 20% dos salários pagos, segundo a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep).

O blog conversou com o presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo), Benjamin Ribeiro da Silva. Abaixo, resumo da entrevista.

Por que as mensalidades subiram bem mais que a inflação?

Em parte foi uma recuperação dos valores que as escolas perderam no final dos anos 1990 até o início da década de 2000. Em segundo lugar, houve o aumento real do salário dos professores. Além disso, o custo do empregado do segundo escalão, como faxineiros, praticamente dobrou nos últimos cinco ou seis anos. E tem outras coisas, como o aluguel, que multiplicou por cinco na cidade de São Paulo.

Qual a tendência daqui em diante?

É estabilizar [acompanhar a inflação]. Temos uma demanda muito menor do que a oferta de vagas. Nessas condições, as escolas não fazem aumentos abusivos, porque perderiam alunos para as concorrentes.