Achados Econômicos

Arquivo : outubro 2013

Bolsa é o melhor investimento de outubro; título do Tesouro fica em último
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Sílvio Guedes Crespo

As ações que integram o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, foram o melhor investimento para pessoas físicas no mês de outubro, ao registrar alta de 3,66%. Descontado o Imposto de Renda, o ganho líquido de quem comprou esses papéis ficou em 3,11%.

Foi o quarto mês seguido de alta da Bolsa. No ano, entretanto, o Ibovespa acumula queda de 10,99%. Com isso, os fundos de ações dividendos renderam, em média, 1,82%, já descontado o IR.

melhores e piores investimentos outubro

Após os recentes aumentos da taxa básica de juros, os fundos de renda fixa voltaram a render acima da poupança.

Na categoria “renda fixa”, a alta dos fundos foi de 0,68%. Entre os referenciados DI, a média foi de 0,63%. Os de curto prazo subiram 0,62% – sempre líquidos de impostos.

A poupança teve um rendimento de 0,59%. No acumulado do ano, o ganho foi de 5,56% pela regra nova (quem aplicou a partir de 4 de maio do ano passado) e de 6,3% pela antiga (válida para quem aplicou antes daquela data).

Os piores colocados do mês foram as NTN-B Principais, título do Tesouro Direto que varia de acordo com o índice oficial de inflação (IPCA) e acrescenta a isso uma taxa. Em outubro, esses papéis tivera, uma queda de 0,26%.

Deve-se notar, no entanto, que para quem compra os títulos públicos com o objetivo de ficar com eles em mãos até a data do vencimento, essa queda não faz diferença. O investidor vai resgatar, no prazo final, o valor que foi previsto no momento da emissão.

Já os papéis pós-fixados do Tesouro – as LFTs, subiram 0,58% no mês e 6,38% no ano.

melhores e piores investimentos de 2013 ate outubro


Em três anos, OGX perdeu R$ 74 bi em valor de mercado
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Sílvio Guedes Crespo

A OGX, petroleira de Eike Batista que pediu recuperação judicial nesta quarta-feira, já foi avaliada pelo mercado como a 10ª maior empresa de capital aberto da América Latina e 8ª do Brasil, segundo dados da consultoria Economática, levantados a pedido de Achados Econômicos.

O valor de mercado da companhia chegou a R$ 75,2 bilhões, seu pico histórico, no dia 15 de outubro de 2010. No fechamento de ontem, estava em R$ 744 milhões, o que representa uma perda de R$ 74 bilhões em três anos e quatro meses, ou uma queda de 99%.

MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA EM OUTUBRO DE 2010*

EmpresaPaísValor de mercado (US$ bi)
PetrobrasBrasil217,1
ValeBrasil162,1
América MovilMéxico113,7
ItaúBrasil103,1
EcopetrolColômbia93
AmbevBrasil78,7
BradescoBrasil72
Banco do BrasilBrasil60
Santander BrasilBrasil55,8
OGXBrasil45
  • *15/10/2010, pico do valor de mercado da OGX
  • Fonte: Economática

A OGX estreou na Bolsa em junho de 2008 fazendo um enorme barulho. Foi a maior oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da história do país.

Na ocasião, a empresa captou R$ 6,6 bilhões com a abertura de capital. Seus papéis subiram 18% no primeiro dia de negócios. A companhia encerrou aquele pregão histórico com um valor de mercado de R$ 36,5 bilhões.

Tudo isso baseado apenas em expectativas do mercado, ou seja, promessas. Até ali, a companhia nunca tinha produzido um barril de petróleo.

Ao contrário, desde a sua criação, em 2007, até o primeiro semestre deste ano, a empresa praticamente só deu prejuízo, acumulando uma perda de R$ 6,9 bilhões em seis anos e meio.

OGX eike batista lucros e prejuizos economatica 01

Observando o gráfico, nota-se que a empresa teve um lucro de mais de R$ 300 milhões em 2008. Algum desavisado poderia achar que um dia ela já foi produtiva.

Ledo engano. A OGX, depois de captar mais de R$ 6 bilhões na Bolsa naquele ano, investiu grande parte do dinheiro em um fundo com rendimento de 112% do CDI.

Somente com essa aplicação em renda fixa, a empresa ganhou R$ 663 milhões em um ano. Além disso, embolsou mais R$ 41 milhões no mercado futuro de dólar. Nada que compensasse os prejuízos que viriam em anos seguintes.


Menos calote e mais ganhos com tarifas dão ao Itaú maior lucro da história
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 14h44*

foto itau divulgacao

O Itaú atingiu no terceiro trimestre de 2013 o maior lucro da história dos bancos brasileiros, R$ 4 bilhões, número 18% superior ao obtido em período equivalente do ano passado.

O resultado foi alcançado apesar de o banco ter piorado um de seus índices de eficiência e de ter ganhado menos com empréstimos, em comparação com o terceiro trimestre de 2013.

A principal razão para o aumento do lucro do Itaú foi a queda na inadimplência. Há um ano, os atrasos de pagamentos superiores a 90 dias correspondiam a 5,1% do volume que o banco deveria receber. Hoje, a proporção é de 3,9%.

Com isso, o banco pôde tirar R$ 1,8 bilhão das reservas usadas para cobrir calotes (as chamadas “provisões para créditos de liquidação duvidosa”) e acrescentar esse montante ao lucro.

Mesmo assim, o Itaú ainda mantém certa tranquilidade em relação aos atrasos no pagamento. O volume de provisões é hoje 70% superior à inadimplência; há um ano, era apenas 49% maior.

Tarifas

Outro ponto que chama atenção nas demonstrações financeiras do conglomerado é o aumento da sua receita com tarifas bancárias. O volume passou de R$ 4,3 bilhões no terceiro trimestre de 2012 para os atuais R$ 5,6 bilhões.

A elevação de R$ 1,3 bilhão não quer dizer necessariamente que o banco tenha aumentado suas tarifas. É possível que tenha havido aumento da base de clientes ou então os correntistas estão utilizando mais os serviços bancários.

Somente com aumento das tarifas e redução da provisão, o Itaú conseguiu incrementar seus resultados em R$ 3,1 bilhões em apenas um ano.

Esse ganho fabuloso mais do que compensou a redução do resultado com intermediação financeira, que é o negócio central de um banco, e a queda da eficiência.

Empréstimos e eficiência

No segundo trimestre deste ano, a diferença entre receitas e despesas do Itaú com empréstimos foi de R$ 11,7 bilhões no terceiro trimestre, R$ 950 milhões a menos do que um ano atrás.

Por fim, as despesas do banco (exceto os gastos com juros e provisões) corresponderam a 48,2% dos ganhos com os produtos bancários no terceiro trimestre; há um ano, a proporção era de 45%. Quanto menor esse número, mais eficiente é o banco.

A eficiência do banco só aumentou – e nesse caso aumentou bem – quando se consideram as provisões como sendo despesas.

Nesse caso, os gastos corresponderam a 68,4% dos ganhos com o produto bancário, número bem menor do que os 75,3% registrados no terceiro trimestre de 2012.

Este último indicador é descrito como sendo a eficiência ajustada ao risco. É esse item que explica o maior lucro da história do Itaú. Possivelmente porque o banco se tornou mais seletivo ao conceder empréstimos, priorizando os créditos menos arriscados, como o consignado e o imobiliário.

Crédito

Embora o Itaú tenha reduzido o resultado com intermediação financeira neste trimestre, o total de dinheiro que os clientes devem ao banco vem aumentando.

Os empréstimos para pessoas físicas cresceu em R$ 8 bilhões, ou 5,4% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O Itaú abriu a torneira do crédito consignado e do imobiliário, que subiram 64% e 35%, respectivamente. Por outro lado, o banco diminuiu o financiamento de veículos em 21%.

O Itaú também reduziu o crédito para micro, pequena e média empresa, em 4%, ou 3,7 bilhões. Para as grandes companhias, no entanto, aumentou sua carteira em 17%, ou R$ 26 bilhões.

A taxa de juros média caiu de 12,6% para 10,9%, possivelmente porque o banco substituiu parte de sua carteira de veículos, em que o juro é mais alto, pelas de imóveis e de consignado, que têm taxas mais baixas.

* Acrescentados os quatro últimos parágrafos


Viver de renda hoje exige ser três vezes mais rico do que em 2003
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Sílvio Guedes Crespo

Viver de renda é um sonho cada vez mais distante dos brasileiros. Para ficar sem trabalhar o resto da vida, somente deixando o dinheiro render acima da inflação em uma aplicação segura, é necessário ser 3,5 vezes mais rico do que era preciso dez anos atrás.

Quem quer uma renda vitalícia de R$ 3.000 por mês precisa ter uma aplicação de aproximadamente R$ 1,8 milhão em CDBs (Certificados de Depósito Bancário).

Se o desejo for gastar R$ 5.000 mensais sem afetar o patrimônio, é necessário ter R$ 2,9 milhões investidos. Para quem busca viver com R$ 10 mil por mês, o dinheiro aplicado precisa totalizar R$ 5,8 milhões.

Dito de outra forma, para cada milhão que uma pessoa tem no banco hoje, é possível retirar R$ 1.713 mensais sem alterar o montante aplicado. Em 2003, era possível gastar R$ 5.940 por mês com o mesmo milhão aplicado – ou seja, 3,5 vezes mais.

RENDA DESEJADA E SALDO NECESSÁRIO (EM R$)*

Para ter uma renda de……é preciso ter um saldo em CDB de:Há dez anos, para ter uma renda equivalente a…**…era preciso ter um saldo equivalente a:**
3.0001,8 milhão3.000505 mil
5.0002,9 milhões5.000841 mil
10.0005,8 milhões10.0001,7 milhão
  • Fonte: BCB, IBGE. Elaboração: Achados Econômicos/Instituto Assaf
  • * Ver metodologia ao final deste texto
  • ** Valores atualizados pelo IPCA


Os números fazem parte de um estudo elaborado pelo blog Achados Econômicos em parceria com o Instituto Assaf e dão uma ideia do que significou, para os rentistas, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que esteve em 26,5% ao ano em 2003 a hoje está em 9,5%.

Quando dizemos que é preciso ser 3,5 vezes mais rico, nessa proporção já está descontada a inflação.

Na tabela acima, os dados de 2003 estão atualizados pelo IPCA. Em 2003, para se ter uma renda que hoje equivaleria a R$ 3.000, era preciso ter um patrimônio que atualmente corresponderia a R$ 505 mil.

Podemos fazer a mesma conta a preços da época. Há dez anos, com R$ 1.800 era possível comprar basicamente os mesmos itens que hoje valem R$ 3.000. Para ter uma renda de R$ 1.800, era preciso possuir um saldo de cerca de R$ 300 mil, como indica a tabela abaixo.

RENDA DESEJADA EM 2003, EM VALORES DA ÉPOCA E CORRIGIDOS (R$)

Em 2003, para ter uma renda mensal de……que hoje equivaleria a……era preciso ter um saldo em CDB de……que atualmente correspondem a:
1.7683.000297.725505.061
2.9475.000496.209841.769
5.89510.000992.4181.683.537
  • Fonte: BCB e IBGE. Elaboração: Achados Econômicos e Instituto Assaf


Melhora econômica

O fato de ter ficado mais difícil viver de renda pode ser uma notícia ruim para quem juntou algum patrimônio e esperava se aposentar sem precisar contar com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Mas é uma boa notícia para o país como um todo. Se fosse possível deixar qualquer mil reais no banco e viver de juros, quem iria querer trabalhar?

Repare que, enquanto a taxa de juros desabou nos últimos dez anos, o desemprego caiu de 13,1% em agosto de 2003, para 5,3%, no mesmo mês de 2013.

Claro que os juros não caíram por uma canetada do governo, e nem são o único responsável pelo aumento do emprego. Houve todo um contexto de melhora da economia nacional e mundial.

Mais recentemente, no entanto, o quadro piorou, interna e externamente, e por isso a taxa básica de juros voltou a subir. Estava em 7,25% ao ano até abril e agora atingiu 9,5%.

Essa pequena alta pode ser boa para os rentistas. É positiva também para economia em geral no sentido de que inibe a inflação. Mas o ideal seria combater a alta dos preços com outro remédio, o corte de gastos públicos. Só que essa é uma decisão política difícil de ser tomada, especialmente a menos de um ano das eleições.

Metodologia

O cálculo de quanto é necessário para viver de renda levou em consideração que, aplicando em CDB uma quantia acima de R$ 1 milhão, é possível conseguir um rendimento de 110% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O CDI é um indicador normalmente muito próximo da taxa Selic.

O estudo considerou a média da taxa Selic (8,8% ao ano) e da inflação (6,05%) em 24 meses – os 12 que já foram e a projeção para os próximos, no caso dos dados de 2013.

Utilizou a alíquota de Imposto de Renda de 15% sobre o rendimento, válida para quem mantém o dinheiro aplicado por dois anos ou mais. Com isso, chegou ao rendimento líquido real mensal de 0,17%.

Foram levantados dados correspondentes de dez anos antes, tendo o mês de outubro de 2003 como centro. A inflação foi de 10,8% ao ano de outubro de 2002 a setembro de 2004; a Selic, de 20,32%.

Para aquele período, o rendimento líquido real mensal ficou em 0,59%.

Em todos os exemplos citados, consideramos como o rendimento que pode ser retirado mensalmente apenas aquele que supera a inflação. Se você sacar tudo o que o seu dinheiro rende, sem se preocupar com a inflação, você perde patrimônio. No longo prazo, verá que a alta dos preços o corroeu totalmente.


Itaú é o banco que mais ganha com fundos que rendem abaixo da inflação
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Sílvio Guedes Crespo

O Itaú é o conglomerado financeiro que mais faturou com fundos de investimento que não conseguiram manter o poder de compra dos seus clientes, de acordo com levantamento feito pelo blog Achados Econômicos, junto aos seis maiores bancos do país.

Nos últimos 12 meses, de 39 fundos de Renda Fixa e DI que o banco mantém à disposição de pessoas físicas, apenas três atingiram uma rentabilidade líquida acima da inflação no período, que foi de 5,86% ao ano pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo).

Os 36 fundos que levaram os cotistas a perder poder aquisitivo têm um patrimônio líquido total de R$ 43 bilhões. Somando a receita que cada um deles tem com taxa de administração, o banco faturou R$ 492 milhões com esses investidores. Portanto, os produtos do Itaú que perderam para a inflação foram responsáveis por 96% da receita dessa instituição financeira com fundos.

Procurado pelo blog, o banco informou que seus clientes podem optar por fundos com taxas menores mesmo se fizerem uma aplicação inicial abaixo do mínimo necessário. Por exemplo, uma pessoa pode aplicar apenas R$ 2 mil em um fundo que exija investimento inicial de R$ 10 mil, desde que ela tenha mais R$ 8 mil em outros produtos do banco (veja detalhes mais abaixo).

O segundo banco que mais conseguiu ganhar dinheiro em cima de clientes que perderam poder aquisitivo foi o Santander, onde 93% da receita com fundos de Renda Fixa e DI veio de produtos que perderam para a inflação.

Em seguida, aparecem o Banco do Brasil (92%), o Bradesco (82%) e a Caixa Econômica Federal (65%).

O HSBC foi o único, entre os seis maiores, em que os fundos com rendimento abaixo da inflação representaram menos da metade (49%) da receita.

Em termos absolutos, o BB faturou R$ 576 milhões com fundos de rendimento real negativo, maior valor entre os seis conglomerados analisados. Mas o banco é o maior do país, então a melhor comparação é a proporcional, apresentada no gráfico acima.

Pelo critério do ganho absoluto, o Itaú ficou em segundo (R$ 492 milhões), seguido por Bradesco (R$ 378 milhões), Santander R$ 341 milhões), Caixa (R$ 195 milhões) e HSBC (R$ 101 milhões).

Os dados mostram que, se para o investidor pessoa física ficou complicado manter o poder de compra, para as instituições administradoras de fundos não foi tanto assim. Caso elas reduzissem o custo, ganhariam menos no curto prazo, mas seus clientes perderiam menos.

Cenário difícil

Anteontem, este blog mostrou que, no total, os seis maiores conglomerados financeiros do país tiveram, juntos, uma receita de mais de R$ 2 bilhões nos últimos 12 meses com fundos que não foram capazes de manter o poder de compra dos clientes.

Vou aqui reafirmar que, nos últimos meses, não foi fácil para banco nenhum oferecer boa rentabilidade aos seus clientes. Primeiro, porque a inflação estava em aceleração, atingindo um pico de 6,7% nos 12 meses encerrados em junho.

Em segundo lugar, a taxa básica de juros (a Selic), referência para a rentabilidade de inúmeros papéis, estava em patamar relativamente baixo até março (7,25% ao ano).

Terceiro, como a Selic subiu muito rápido, o preço de vários títulos público prefixados caiu, levando prejuízo aos investidores que precisaram vendê-los (em outra ocasião expliquei como o aumento do juro básico pode fazer o investidor de renda fixa perder dinheiro).

Bons resultados

Nesse cenário de inflação alta e juros baixos, a taxa de administração acabou fazendo uma grande diferença para os investidores. Só os fundos com as menores taxas conseguiram oferecer rentabilidade acima do IPCA.

O HSBC e a Caixa se sobressaíram por causa disso. No primeiro, a taxa de administração média, ponderada pelo tamanho dos fundos, é atualmente de 0,76% ao ano. No segundo, de 0,77%.

TAXA MÉDIA DE ADMINISTRAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

BancoTaxa de administração (% ao ano)Taxa dos fundos que perderam para a inflação (% ao ano)Taxa dos que bateram a inflação (% ao ano)
HSBC0,761,520,52
Caixa0,771,110,49
BB1,091,210,50
Itaú1,101,140,65
Santander1,301,550,43
Bradesco1,552,240,64
MÉDIA1,360,51,08


A baixa taxa de administração média do HSBC se deve, provavelmente, ao fato de ele trabalhar com clientes de renda mais alta. Quanto maior é o aporte de cada investidor, mais barata é a administração do fundo. Dá muito mais trabalho gerir um fundo com 50 mil cotistas do que um com 500. Na média, a taxa de administração do HSBC foi de 0,73% nos últimos 12 meses.

Dos 18 fundos do HSBC que entraram nesta análise, sete são do segmento “Premier”, exclusivo para quem tem renda acima de R$ 10 mil ou investimentos superiores a R$ 100 mil. Um deles tem uma taxa de administração de 0,2% ao ano – a mais baixa encontrada neste estudo. Só que a aplicação inicial mínima é de R$ 5 milhões.

A Caixa, que cobrou a segunda menor taxa de administração, não é um banco focado em clientes endinheirados – ao contrário. A instituição, que é 100% estatal, pode ter decidido reduzir sua margem de lucro, subordinando critérios de mercado a decisões de políticas públicas. Ou então espera ganhar menos com cada cliente, mas aumentar o número deles e garantir uma boa receita total.

Más escolhas

Antes que se atirem pedras nos bancos que estão cobrando caro, não custa lembrar que o cliente tem ao menos parte da culpa. Por que alguém manteria seus recursos em um fundo com taxa de administração de 5% ao ano hoje em dia?

Talvez por distração ou falta de conhecimento? Pode ser. Mas o fato é que existem atualmente R$ 3,6 bilhões aplicados no fundo Santander Classic DI, que cobra 5% anuais dos cotistas. Por causa disso, gerou um rendimento de apenas 2,1% aos investidores nos últimos 12 meses, bem abaixo da inflação. Enquanto os clientes perderam poder aquisitivo, o Santander embolsou R$ 177 milhões somente com esse produto.

Esse fundo foi criado em janeiro de 1999. Naquela época, uma taxa de administração de 5% ao ano o juro não incomodava tanto porque o juro básico estava em 29%. Ou seja, o investidor da renda fixa ganhava muito.

Hoje, outros produtos fazem mais sentido. Quem aplicou, por exemplo, no FIC Premium Referenciado DI, da Caixa, pagou uma taxa de administração de 0,3% e obteve uma rentabilidade líquida de 6,19%.

Outro lado

Procurado pelo blog, o Itaú fez o seguinte comentário: “O Itaú Unibanco busca sempre oferecer as melhores rentabilidades para os clientes, por meio de uma qualificada equipe de gestores. O banco ainda avalia as taxas de seus fundos rotineiramente e seus clientes podem ainda optar por fundos com taxas menores mesmo que a quantia inicial a aplicar seja menor que o valor mínimo exigido no produto, pois o banco considera para esse valor mínimo o volume global de investimentos que a pessoa tem com a instituição”.

O presidente da BB DTVM, gestora de recursos do Banco do Brasil, Carlos Takahashi, disse que a redução de custos para o cliente é uma “busca constante” da empresa e acrescentou que a instituição administradora e gestora de fundos tem diversos gastos. Disse, ainda, que no atual patamar da taxa básica de juros, “os fundos de renda fixa passam a ser uma alternativa novamente para o investidor”.

Os demais bancos não se pronunciaram.

Metodologia

O levantamento considerou todos os fundos de investimento das categorias Renda Fixa e DI abertos para novos aportes (ainda que fechados para novos clientes) e disponíveis para pessoas físicas, com exceção do segmento “Private”, voltado para o público de altíssima renda.

Foram desconsiderados os fundos de curto prazo, pois o objetivo era examinar a rentabilidade em 12 meses. Também não entraram os aqueles lançados há menos de um ano.

Para o cálculo do rendimento líquido, foi usada a alíquota de 17,5% de Imposto de Renda. A taxa de administração média dos bancos foi ponderada pelo patrimônio líquido dos fundos por eles administrados.


Bancos faturam mais de R$ 2 bi com fundos que perdem para a inflação
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Sílvio Guedes Crespo

A maior parte das pessoas físicas tem perdido poder aquisitivo ao investir em fundos de renda fixa, mas nem por isso os bancos deixaram de faturar com esses clientes.

Os seis maiores conglomerados financeiros do país tiveram uma receita de pelo menos R$ 2 bilhões nos últimos 12 meses administrando fundos que registraram uma rentabilidade abaixo da inflação. São eles o Banco do Brasil, o Itaú, o Bradesco, a Caixa Econômica Federal, o Santander e o HSBC.

O número foi levantado pelo blog Achados Econômicos e inclui todos os fundos de Renda Fixa e DI abertos para pessoas físicas, com exceção daqueles da categoria “Private”, voltados para público de altíssima renda.

FUNDOS DE RENDA FIXA E DI DOS SEIS MAIORES BANCOS

Fundos que nos últimos 12 meses…Taxa média de administração (% ao ano)Receita média do banco administrador (R$ bilhões)Quantidade de fundos
… renderam abaixo da inflação1,362,034124
… renderam acima da inflação0,530,38631
Total de fundos1,082,420155

Foram desconsiderados os fundos classificados como Curto Prazo, uma vez que o objetivo do estudo era analisar a rentabilidade em 12 meses.

No total, o blog examinou 155 fundos dos seis maiores bancos. Desses, apenas 31 tiveram rentabilidade líquida acima da inflação. O indicador de preços utilizado foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que teve uma alta de 5,86% nos últimos 12 meses.

Num período de inflação alta e juros relativamente baixos, uma taxa de administração pequena acabou se tornando determinante para que o fundo mantenha o poder de compra do investidor.

Em média, os fundos analisados têm uma taxa de administração de 1,09% ao ano. Se considerarmos apenas aqueles que bateram a inflação, a taxa média foi de 0,53%. Já entre os que perderam para o IPCA, o custo foi de 1,36%.

Na sexta-feira (18), o blog vai mostrar quais foram os bancos que conseguiram entregar os melhores rendimentos para os clientes. Vai ficar claro que somente os administradores que cobraram taxas baixas conseguiram bater a inflação.

Período difícil

Nos últimos meses, foi difícil, mesmo, conseguir um lugar seguro para o pequeno investidor manter o poder aquisitivo de suas reservas.

Primeiro, porque a inflação estava em aceleração até pouco tempo atrás, chegando a atingir 6,7% nos 12 meses encerrados em junho.

Em segundo lugar, porque a taxa básica de juros (a Selic) estava muito baixa e subiu de repente. Passou de 7,25% no final do ano passado para os atuais 9,5%.

Essa variação prejudica quem tem papéis prefixados – caso de vários fundos de investimento. Alguns títulos do Tesouro chegaram a cair mais de 20% por causa da elevação da Selic (navegue pelas imagens abaixo para entender).


Perspectiva melhor

Apesar do mau resultado dos fundos neste ano, é possível que nos próximos meses eles recuperem parte da rentabilidade perdida.

De um lado, a inflação sofreu uma desaceleração a partir de junho, quando comparada com um ano antes. Analistas acreditam que ela deva fechar este ano em 5,81%.

De outro, a taxa básica de juros deve continuar subindo até atingir 9,75% no fim do ano, segundo os mesmos analistas. Com isso, a taxa real de juros da economia brasileira tende a aumentar – consequentemente, os investidores da renda fixa podem ganhar mais.

Um levantamento recente feito pela consultoria ComDinheiro informou que, desde que a Selic chegou a 9,5%, na semana passada, os fundos DI pós-fixados com taxa de administração inferior a 1,9% passam a render 6,39% ao ano, superando a poupança e a inflação projetada.

 


Conheça os poucos investimentos de renda fixa que batem a inflação
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 18h56*

Os investimentos seguros que superam a inflação são hoje uma raridade. Para encontrar uma forma de aplicar o dinheiro com baixo risco e um retorno que não seja corroído pela inflação é preciso garimpar.

Foi isso que fez o blog Achados Econômicos e constatou que, entre dez tipos de investimento em renda fixa acessíveis às pessoas físicas, apenas três apresentaram ganhos reais acima da inflação nos últimos 12 meses, conforme mostra o gráfico abaixo.

As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos públicos que acompanham a taxa básica de juros (a Selic), apresentaram em média um rendimento médio de 6,27% nos 12 meses encerrados em setembro, maior ganho entre os dez grupos analisados. No mesmo período, a inflação foi de 5,86%.

Deve-se ressaltar que esses papéis, assim como todos os títulos do Tesouro Direto, são mais bem aproveitados pela pessoa física quando aplicados no longo prazo. Conforme este blog mostrou anteriormente, algumas notas do Tesouro chegaram a perder mais de 20% neste ano, para quem comprou no início de 2013 e agora precisa sacar o dinheiro.

Poupança

A poupança foi outra aplicação que mostrou bom resultado, em comparação com as demais modalidades. Para quem investiu na caderneta antes do dia 4 de maio do ano passado, os últimos 12 meses foram de tranquilidade. Essas pessoas estão enquadradas na regra antiga da poupança e tiveram uma rentabilidade de 6,2% nos últimos 12 meses.

Já para os que aplicaram na poupança depois daquela data, os ganhos foram de 5,39%, ligeiramente abaixo da inflação. Mas esses poupadores recentemente foram beneficiados com a alta da taxa Selic de modo que, desde setembro, eles passam a ter o mesmo rendimento dos que aplicaram ainda na época da regra antiga.

CDB

Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) conseguiram acompanhar a inflação somente para quem conseguiu um rendimento de 96% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Neste levantamento, classifiquei as modalidades de renda fixa reunindo investimentos com características comuns.

Decidi não colocar todos os títulos do Tesouro Direto no mesmo saco porque cada um tem características muito particulares. Basta ver que enquanto a NTN-F foi o pior investimento, a LFT foi o melhor.

Fundos

Para os fundos – tanto os referenciados em DI quanto os da categoria renda fixa – utilizei a média simples dos seis maiores bancos. Porém, mesmo dentro de cada um desses grupos existe uma variação muito grande dos produtos.

Vale dar uma olhada, separadamente, nos fundos que tiveram a melhor rentabilidade nos últimos 12 meses. Para esse ranking, considerei todos os produtos dos seis maiores bancos que são acessíveis para qualquer investidor (excluí aqueles voltados para clientes “prime”, “estilo” etc).

Abaixo, os 15 fundos das categorias renda fixa e DI com maior rentabilidade nos últimos 12 meses, entre os administrados pelos seis maiores bancos. No total, foram analisados 91 fundos.

Perspectivas

Não se pode esquecer que esses números se referem aos 12 meses que já se foram. Parafraseando o comunicado obrigatório dos bancos aos clientes, o prejuízo passado não é garantia de prejuízo futuro.

Alguns papéis que caíram podem vir a subir. Os fundos DI pós-fixados, que variam indiretamente em função da taxa Selic, tendem a se beneficiar com os recentes aumentos da taxa básica de juros.

Um levantamento da consultoria ComDinheiro apontou que, com a Selic a 9,5% ao ano, 400 fundos DI, com taxas de administração de até 1,9% ao ano, passam a render 6,39%, superando a poupança, que ficará em 6,17% enquanto a taxa de juros estiver acima de 9%.

Uma ressalva a ser feita, no entanto, é de que esse retorno dos fundos DI só continuará enquanto a Selic estiver em 9,5% ou acima disso. A projeção de analistas é de que a taxa suba para 9,75% até o fim do ano e assim permaneça até dezembro de 2014.

* Correção: o segundo gráfico deixava de citar dois fundos do Banco do Brasil que tiveram rentabilidade entre as 15 maiores. O erro foi corrigido às 18h57


Alta do juro faz títulos de renda fixa perderem até 25% no ano
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Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 20h15*

Para quem acha que investimento em renda fixa significa risco zero, aí vai uma informação importante: alguns títulos do Tesouro Direto acumulam uma perda de mais de 20% desde o início do ano.

Consequentemente, os fundos de renda fixa que têm esses papéis na carteira também tiveram queda expressiva em 2013 – mais de 10% em alguns casos.

Enquanto isso, o Ibovespa, indicador de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 13% desde o início do ano até a última sexta-feira (4).

O principal motivo dessa perda, por contraditório que possa parecer, está nos recentes aumentos da taxa básica de juros, a Selic, que começou o ano em 7,25% e hoje atingiu 9,5%.

O primeiro gráfico mostra os títulos do Tesouro Direto com pior rentabilidade neste ano, que foram as Notas do Tesouro Nacional tipo B – papéis que rendem a inflação (medida pelo IPCA, o índice oficial) mais uma taxa prefixada.

O que teve o pior resultado, por exemplo, paga IPCA mais 5,75% ao ano. Os papéis que têm “Principal” no nome são aqueles que pagam os juros somente na data do vencimento; os demais oferecem remunerações a cada semestre.

O segundo gráfico, abaixo, apresenta os fundos de renda fixa que mais perderam em 2013, entre aqueles administrados pelos seis maiores bancos do país.

“A renda fixa pode ser tão variável quanto o mercado acionário. Tem gente que diz que você nunca perde, mas dependendo do momento em que você sair, pode perder mais do que na Bolsa”, afirma o economista Pedro Raffy Vartanian, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

No caso dessas perdas citadas nos gráficos, elas só valem para quem quiser vender os títulos agora. Se o investidor carregá-los até o vencimento, terá um rendimento positivo.

Também é preciso informar que nem todos os papéis do Tesouro Direto acumulam perdas em 2013. Os pós-fixados (cujo retorno só é conhecido na data de vencimento) tiveram alta, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) para 2014, que renderam quase 6% (aqui, a rentabilidade de todos os títulos).

As LFTs acompanham a taxa Selic e por isso, as recentes elevações do juro básico beneficiaram esses papéis.

Entenda

Cada vez que o Banco Central aumenta a taxa básica de juros, o preço dos títulos prefixados cai. Isso acontece porque a Selic é uma das referências para o rendimento dos títulos públicos.

Quem comprou um título prefixado em janeiro, quando a Selic estava em 7,25% ao ano, não conseguirá vendê-lo hoje pelo mesmo preço que pagou, pois atualmente a taxa está em 9,5%. Se quiser se desfazer do papel, esse investidor terá que cobrar um preço baixo o suficiente para compensar essa diferença na taxa de juros.

Navegue pelas imagens abaixo para entender como funciona a marcação a mercado, nome dado a esse processo de ajuste diário dos preços dos títulos públicos, que pode fazer você ganhar ou perder dinheiro.

Risco

Ainda se poderia argumentar que, para quem pensa em resgatar o título somente na data de vencimento, o Tesouro Direto não oferece um risco considerável.

Afinal, com ou sem essas oscilações no preço do papel, o investidor de longo prazo terá, na data de vencimento, o dinheiro que foi investido mais os juros prometidos. A chance de o governo dar um calote é mínima.

É verdade, mas ainda assim existe um risco. Por exemplo, e se você compra um papel prefixado de 20 anos e, quando for resgatar, a Selic estiver em 20%? Você terá deixado de ganhar muito dinheiro, ao comparar com as outras aplicações dos anos 2030.

Bom, então é melhor comprar títulos pós-fixados? Não necessariamente. E se a Selic cair para 1% em 20 anos? Quem previa, em 2003, que hoje essa taxa estaria em menos de 10%?

“O melhor a fazer [para quem reduzir os riscos] é diversificar misturando títulos prefixados com pós-fixados”, recomenda Vartanian. Dessa forma o investidor se protege de grandes variações na taxa de juros e obtém um rendimento intermediário.

* Atualizada a taxa básica de juros, anunciada pelo BC por volta das 20h. Título alterado (anterior: ‘Investimento em renda fixa perde até 25% no ano’. 


EUA emitem US$ 2,3 trilhões desde 2008, mas bancos retêm 85%
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Sílvio Guedes Crespo

Os Estados Unidos já emitiram US$ 2,3 trilhões no sistema financeiro desde 2008, o que equivale a tudo o que a população brasileira produz ao longo de um ano de trabalho. Mas 85% desse valor, ou US$ 1,9 trilhão, ficou retido com os bancos na forma de reservas  – ou seja, não está em circulação na economia.

Nos últimos cinco anos, o Federal Reserve (banco central americano) tem procurado estimular a atividade econômica mantendo uma taxa de juros baixa e também criando moeda a partir do nada.

Com dinheiro recém emitido, o Fed compra títulos no mercado para que os bancos se sintam seguros e percebam que, sempre que precisarem de liquidez (no caso, moeda), podem recorrer ao banco central.

Só que as instituições financeiras pegam esses dólares e deixam reservados em uma conta que eles mantêm no próprio Fed (leia entrevista ao final desde texto).

O gráfico abaixo dá uma ideia do que está acontecendo. A linha vermelha representa a base monetária dos EUA, que no conceito do Fed inclui todo o dinheiro em circulação no país mais as reservas dos bancos. A verde se refere apenas às reservas.

a base monetária disparou a partir de setembro de 2008, mês em que o banco Lehman Brothers quebrou e desencadeou a crise bancária americana. A linha verde praticamente acompanhou os movimentos da vermelha, o que significa que boa parte do dinheiro que foi injetado no sistema financeiro ficou guardada.

A linha azul representa a diferença entre a base monetária e as reservas dos bancos, ou seja, é uma forma de medir quanto dinheiro efetivamente entrou em circulação.

Esse indicador aumentou em US$ 341 bilhões desde 2007, mas repare que a linha azul já vinha subindo antes disso. A partir da crise, ela acentuou apenas ligeiramente a trajetória de alta. Não disparou, como ocorreu com as outras duas curvas.

A injeção trilionária de dólares na economia possibilitou, ou ao menos não impediu, que a quantidade de dinheiro em circulação continuasse avançando praticamente no mesmo ritmo em que crescia antes da crise.

Conta corrente

Também se pode notar que a quantidade de dinheiro em depósitos à vista aumentou durante a crise. Não chegou a acompanhar a base monetária, mas subiu bem (195% desde 2007).

É possível que os americanos em geral estejam fazendo o mesmo que os bancos: sentando em cima do dinheiro, em vez de investir.

Não é atraente a ideia de comprar títulos do governo, porque o rendimento está praticamente zerado. Investir no setor privado daria retorno melhor, mas pode ser considerado arriscado demais enquanto não sabemos se a atual retomada econômica é para valer.

Crédito

Os bancos não aceleraram em nada o ritmo de concessão de crédito. É verdade que de 2007 a 2013 a quantidade de dinheiro que os americanos – pessoas e empresas – devem aos bancos subiu 25%, passando de US$ 33 trilhões para US$ 41 trilhões.

Mas antes da crise, ou seja, antes de o Fed iniciar seu programa de injeção de dinheiro, o crédito crescia a um ritmo muito maior. De 2001 a 2007, para pegar um intervalo de tempo equivalente em tamanho, a alta foi de 69%.

Ainda assim, sempre é possível argumentar – e possivelmente isso está certo – que se não fossem os estímulos do Fed o crédito teria crescido menos ou até se reduzido.

Se o crédito não está crescendo no mesmo ritmo que a emissão de moeda, a boa notícia é que os financiamentos às empresas estão subindo, enquanto aqueles direcionados para as famílias, têm caído.

Sinal de que a pequena parte que os bancos resolveram emprestar está indo para o setor produtivo, não para o consumo de uma população já endividada até o pescoço.

Entrevista

O economista Otto Nogami, professor do Insper, comenta o assunto na entrevista abaixo.

Sílvio Crespo: Por que o volume de reservas dos bancos aumentou tanto?

Otto Nogami: Grande parte do dinheiro injetado serve para reforçar a reserva bancária e reduzir o risco de liquidez [risco de não conseguir vender ativos na rapidez necessária, por exemplo por falta de moeda em circulação].

No Brasil, cada banco empresta um valor equivalente a oito ou nove vezes o seu patrimônio líquido. Nos EUA, essa proporção chegava até a 35 vezes em algumas instituições. Para minimizar o risco de o tomador de empréstimo não pagar, os bancos estão aumentando o volume de reservas.

SC: É um sinal de que os bancos ainda não estão confiantes na recuperação dos EUA?

ON: Sim. E não só os bancos, mas os americanos, em geral, ficaram mais comedidos depois da crise. Mesmo se o banco quiser emprestar, não encontra tomador. A preocupação maior do americano hoje é o emprego, não o consumo.

SC: Se a maior parte do dinheiro que o Fed injetou no sistema financeiro ficou guardada, de onde vem o “tsunami monetário”?

ON: À media que o governo americano mantém a taxa de juros baixa, dada a alta taxa de juros nossa, muitas vezes vale a pena, para o especulador estrangeiro, investir no mercado brasileiro ou de outros países emergentes. Isso criou um problema, porque valorizou as moedas locais.


Pesquisando, cliente pode poupar R$ 6 mil ao financiar carro popular
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Sílvio Guedes Crespo

O consumidor que financiar um carro popular pode economizar R$ 6 mil – ou até mais – somente pesquisando as diferenças de custo entre os bancos, sem precisar aumentar o valor da entrada, nem encurtar o prazo de pagamento ou muito menos abrir mão de algum recurso do veículo.

É evidente que o preço à vista é sempre o mais baixo; porém, uma vez que se tenha optado pelo financiamento, é possível evitar desperdícios ao se informar sobre o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo, que inclui a taxa de juros, a tarifa de cadastro, o registro de gravame e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), entre outros gastos.

Uma pesquisa da Fundação Proteste analisou o CET do financiamento nos seis maiores bancos do país. A entidade escolheu quatro modelos de veículos 1.0. Em todos os casos, foi considerada uma entrada de 40%, mais o financiamento em 24 ou 48 meses.

Um Uno Vivace 1.0, que sai por R$ 30,7 mil à vista, se for financiado pela Caixa em 48 meses terá um CET de 15,11% ao ano, de modo que cada parcela fica em R$ 504. No Bradesco, o custo é de 30,64% ao ano, com parcelas de R$ 631 mensais. Com isso, o consumidor pagará, pela Caixa, um valor total de R$ 36,5 mil ao final de quatro anos. Já pelo Bradesco, o carro custará R$ 42, 6 mil, uma diferença de R$ 6,1 mil.

FINANCIAMENTO EM 48 VEZES (40% DE ENTRADA)

CarroPreço à vista (R$)Maior valor final* (R$)Menor valor final** (R$)
Uno Vivace30.70042.573 (Bradesco)36.483 (Caixa)
Gol Geração 631.50043.551 (Bradesco)37.329 (Caixa)
Classic 1.028.90039.861 (Bradesco)34.171 (Caixa)
Fiesta Rocam Hatch29.90041.430 (Bradesco)35.505 (Caixa)
  • * Maior custo efetivo total (CET) encontrado: 30,6% ao ano, no Bradesco
  • ** Menor CET: 15,1% ao ano, na Caixa
  • Fonte: Proteste. Bancos pesquisados: BB, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú e Santander

FINANCIAMENTO EM 24 VEZES (40% DE ENTRADA)

CarroPreço à vista (R$)Maior valor final* (R$)Menor valor final** (R$)
Uno Vivace30.70036.250 (HSBC)33.651 (Caixa)
Gol Geração 631.50037.074 (HSBC)34.435 (Caixa)
Classic 1.028.90034.002 (HSBC)31.525 (Caixa)
Fiesta Rocam Hatch29.90035.299 (HSBC)32.750 (Caixa)
  • * Maior custo efetivo total (CET) encontrado: 30% ao ano, no HSBC
  • ** Menor CET: 15,1% ao ano, na Caixa
  • Fonte: Proteste. Bancos pesquisados: BB, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú e Santander

Concessionárias

A pesquisa também comparou o custo do financiamento por meio de concessionárias. Algumas delas têm um preço à vista mais baixo que o de concorrentes, mas cobram mais caro no veículo financiado.

Em uma concessionária Chevrolet em Botafogo, no Rio de Janeiro, o Classic 1.0 está R$ 28.990 à vista – mais baixo, portanto, do que na concorrente da Barra da Tijuca (R$ 29.740). No entanto, o custo do financiamento em 48 meses é de 27,46% ao ano na primeira concessionária e de 17,39% na segunda. Por causa disso, valor final do carro financiado atinge R$ 39,1 mil no primeiro caso e R$ 36,1 mil no segundo, uma diferença de R$ 3 mil.

Outro lado

Procurados por Achados Econômicos, os bancos citados confirmaram os números levantados pela Proteste e informaram que eles se referem às taxas máximas cobradas. Dependendo do relacionamento com o cliente, as instituições financeiras disseram que dão descontos.

Os correntistas que apresentam menor risco (por exemplo, por ter uma renda estável ou um histórico de bom pagador) eventualmente conseguem juros menores. Na pesquisa, foi usado o mesmo perfil de cliente em todos os cenários.


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