Achados Econômicos

Brasil é o segundo país mais favorável a privatizações na América Latina

Sílvio Guedes Crespo

O Brasil é o segundo país da América Latina cuja população mais apoia a privatização de empresas estatais, segundo a mais recente edição do Latinobarômetro, uma pesquisa anual sobre democracia e economia.

No total, 44% dos brasileiros entrevistados disseram que estão “de acordo” ou “muito de acordo”, com a ideia de que as privatizações de empresas estatais beneficiaram o país. Somente os equatorianos se mostraram mais favoráveis, com 57% da população endossando a desestatização.

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Quando perguntados quanto à satisfação com os serviços públicos privatizados, os brasileiros continuam em segundo: 37% disseram ter ficado “mais satisfeitos” ou “muito mais satisfeitos” com os serviços privatizados. No Equador, 59% afirmaram isso.

A pesquisa dá uma ideia de como está a opinião pública num momento em que o governo toca um programa de privatização da infraestrutura e em que a questão do grau de intervenção do Estado na economia se torna central.

Importante notar que, embora o Brasil apareça em segundo lugar no ranking, somente no primeiro, o Equador, mais de 50% da população apoia privatizações.

No final dos anos 1990, quando diversas nações latino-americanas implementavam seus programas de desestatização, esse tipo de medida era bem mais popular.

Em 1998, a privatização era apoiada por pelo menos 50% da população em países como Brasil, México, Chile e Venezuela.

A Guatemala foi a nação em que a venda de estatais mais perdeu adesão: 61% da população apoiava essa medida em 1998, contra 28% hoje.

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Desde 1998, o percentual de brasileiros favoráveis à privatização é superior à média simples da América Latina. No Brasil e no restante da região, o apoio caiu a partir daquele ano, de modo que em 2003, quando Lula assumiu a Presidência do país, apenas 33% da população endossava esse tipo de medida.

O apoio à desestatização voltou aos poucos e atingiu novo pico em 2009, com 50% de respostas favoráveis – curiosamente, um ano antes da eleição que levou Dilma Rousseff ao Planalto.

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