Achados Econômicos

Análise: economia brasileira interrompe ritmo de retomada

Sílvio Guedes Crespo

industria folhapress rafael andrade

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Os dados que o Banco Central divulgou hoje (14) sobre a economia brasileira são capazes de agradar ao mesmo tempo gregos e troianos – e desagradar a ambos, também, como se pode notar nos comentários da notícia.

Os números do IBC-Br, um indicador que tenta antecipar o cálculo do PIB (produto interno bruto), indicam que a economia brasileira caiu 0,12% no terceiro trimestre em relação ao segundo.

Ao mesmo tempo, apontam que a economia cresceu 2,32% no terceiro trimestre em comparação com um ano antes.

O primeiro número cai como uma luva para os colecionadores de más notícias. É o argumento perfeito para quem torce por uma catástrofe. No limite, pode parecer um sinal de que estamos próximos de entrar em uma recessão.

O segundo atende aos propósitos de quem crê indiscriminadamente na propaganda governista e no otimismo exagerado do ministro Guido Mantega (Fazenda).

Crescimento medíocre

Para quem está interessado em entender o que acontece no país e não tem paciência para tentar fazer uso partidário desses dados, minha sugestão é olhar para ambos os números e também para alguns outros.

Resumindo, o cenário que temos hoje é o seguinte:

  • no ano passado, a economia foi mal (cresceu apenas 0,9%);
  • durante o primeiro semestre deste ano, melhorou. No período de abril a junho, especialmente, surpreendeu muitos analistas ao crescer 1,5%, mais do que países como Coreia do Sul e México. Continuasse nesse ritmo, o PIB acumularia alta de 6,1% em um ano;
  • no terceiro trimestre, nossa economia perdeu vigor (caiu 0,12% em relação ao segundo trimestre), mas não tanto a ponto de voltarmos ao mau desempenho do ano passado (em comparação com o terceiro trimestre de 2012, produzimos 2,32% mais neste ano).

Enfim, o que esses e outros dados mostram é que este ano estamos com um desempenho econômico medíocre. Há os que se contentam com a mediocridade e os que querem fazê-la parecer sinônimo de desastre.

Em minha visão, o melhor é entender que não estamos bem e que temos um grande potencial de melhora. Falta, por exemplo, o governo trocar a ideia de se confrontar com investidores pela de combater o desperdício de gastos públicos.