Achados Econômicos

Arquivo : maio 2014

PIB do Brasil cresce mais que o dos EUA e menos que o de Chile e Alemanha
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 11h54*

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

A economia do Brasil cresceu em um ritmo mais rápido que o de países como Estados Unidos, França e África do Sul no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o último quarto de 2013. Ao mesmo tempo, avançou menos do que Alemanha, Chile e México.

O PIB (produto interno bruto) do país teve uma expansão de 0,2% no período de janeiro a março, em linha com as estimativas de analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico.

PIB 1q2014 4q2013

Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, o PIB brasileiro cresceu 1,9%. Nesse tipo de comparação, a taxa de expansão no país é menor que nos EUA, mas maior que no México.

PIB 1q2014 1q2013

Rússia e Grécia divulgaram apenas a variação em relação ao primeiro trimestre do ano passado, não sendo possível incluir esses dois países no gráfico. Japão, Índia e outras grandes economias que não foram citadas ainda não informaram os dados do PIB de janeiro a março.

Comparação

Como toda comparação, esta também tem limitações. Cada país tem suas características e, portanto, diferentes potenciais. Não se espera, por exemplo, que a economia americana avance em ritmo chinês, nem que os países latino-americanos, da noite para o dia, passem a ter um desempenho asiático.

Mesmo assim, colocar lado a lado a taxa de variação do PIB dos países é importante como uma referência. Um leitor, por exemplo, disse que não se pode comparar a expansão econômica do Brasil com a dos EUA, pois o produto americano é muito maior. Na verdade, só de afirmar isso, acredito eu, ele já está fazendo uma comparação: nosso PIB é menor que o deles, logo, uma alta de 1% lá equivaleria, em dólares, a um aumento muitas vezes maior aqui.

Não considero inútil a informação de que uma economia madura como a alemã, da qual se espera um crescimento apenas moderado, ainda mais nessa época de crise europeia, tenha crescido 0,9% no trimestre, enquanto a brasileira, que é considerada emergente, tenha avançado somente 0,2%.

Isso posto, mantenho os dados aqui publicados, pois podem ter serventia para diversos leitores.

* Acrescentado o intertítulo ‘Comparação’ às 11h54


Após decisão do BC, saiba escolher as melhores aplicações de renda fixa
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

moedas_shutterstock

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

Depois que o Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, mantendo-a em 11% ao ano, alguns títulos do Tesouro Direto tendem a continuar com rendimento acima de diversas outras modalidades de aplicações de renda fixa.

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) também segue como um bom negócio, mas apenas para quem consegue uma taxa perto de 90% do CDI, ou superior.

Já a poupança e os fundos DI devem apresentar uma rentabilidade menor do que a do Tesouro e do CDB.

A conclusão é de um estudo do economista Pedro Raffy Vartanian, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, feito a pedido do blog Achados Econômicos.

rentabilidade

As projeções do gráfico acima consideram a rentabilidade líquida de impostos e taxas de administração, com resgate após 12 meses. Elas foram feitas a partir da média que cada uma dessas aplicações teve desde que o BC aumentou a taxa básica de juros para 11% ao ano, em 3 de abril.

Em relação à poupança, a rentabilidade é mais previsível porque é definida por lei. Enquanto a taxa básica de juros se mantiver no atual patamar, a caderneta tende a render 7,1% anuais.

No caso das LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que são títulos do Tesouro Direto, a chance de erro de uma projeção também é pequena, pois esses papéis são indexados à taxa Selic. Eles devem render 8,75% anuais enquanto o juro básico continuar em 11%.

Já para os demais títulos do Tesouro, não vale a pena fazer uma previsão porque eles variam muito ao longo do ano, conforme as expectativas dos investidores. Como foi dito neste blog, as NTN-B (Notas do Tesouro Nacional B), por exemplo, chegaram a subir 11% em apenas 30 dias, depois de caírem mais de 20% em meses anteriores.

A expectativa em relação aos fundos DI foi feita com base na média desta categoria encontrada nos cinco maiores bancos. No caso dos fundos da categoria Renda Fixa, Raffy considerou prudente não fazer uma previsão porque eles tiveram perdas acentuadas no ano passado e podem ter ganhos atípicos este ano, como parte da recuperação, o que os torna menos previsíveis. O mais provável é que eles tenham melhores resultados em 2014.

A boa notícia é que, diferentemente do ano passado, em 2014 as quatro modalidades de investimento aqui estudadas devem render acima do índice oficial de inflação. A projeção mediana de analistas é de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avance em torno de 6% nos próximos 12 meses.

Como escolher

A escolha da melhor aplicação depende não apenas da rentabilidade apresentada, mas também do prazo desejado pelo investidor.

Para quem tem certeza de que não vai precisar usar o dinheiro em menos de dois anos, uma boa aplicação é o Tesouro Direto, em que não há taxa de administração, como ocorre com os fundos de investimento.

Existe somente uma taxa de custódia, de apenas 0,3% ao ano, e a corretagem, que varia de zero a 2% ao ano, mas normalmente fica em torno de 0,5% (veja aqui quanto o seu banco cobra).

A vantagem do Tesouro Direto é a boa rentabilidade. A NTN-B com vencimento em maio de 2019, por exemplo, hoje está pagando inflação mais 5,89%. A desvantagem é o prazo: para obter esse rendimento, o investidor tem que aguardar cinco anos sem mexer no dinheiro. Se retirar antes, corre o risco de ter uma rentabilidade nula ou até negativa.

Quem vai precisar do dinheiro nos próximos meses pode investir em um título pós-fixado, como a Letra Financeira do Tesouro. O risco desse papel é de o Banco Central reduzir a taxa básica de juros. Se isso ocorrer, o investidor ganha menos. Porém, não há perspectiva de que isso ocorra nos próximos 12 meses. Ao contrário, analistas consultados pelo BC acreditam que o juro básico suba de 11% para 11,25% ainda em 2014 e atinja 12% no final do ano que vem.

Para quem quer mais segurança, a poupança se tornou uma opção razoável, pois deve pagar 7,1% nos próximos 12 meses, ou seja, ficará acima do índice oficial de inflação. A desvantagem é que o rendimento é mensal, não diário, como nos fundos de investimento. O poupador só ganha a cada mês completado.

Os fundos de investimento ainda não vêm apresentando uma boa performance. Perderam muito no ano passado e recuperaram apenas parte. No caso dos fundos DI, a projeção do economista Pedro Vartanian é de uma alta média de apenas 6,8% em 12 meses (já descontado o IR), a menor das quatro modalidades estudadas.


Títulos do Tesouro Direto chegam a render 11% em um mês; conheça os papéis
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

dinheiro Alex Almeida Folha Imagem

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

Quem comprou títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação há 30 dias teve uma das melhores rentabilidades que se pode obter com renda fixa hoje.

Alguns papéis chegaram a render mais de 5% em um único mês, sendo que um deles – a NTN-B Principal com vencimento em 2035 – teve uma alta de 11,12%.

O motivo foi a sinalização, pelo Banco Central, de que deve parar de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, explica o economista Pedro Raffy Vartanian, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie (leia entrevista abaixo).

Mas antes de sair comprando os papéis, é preciso ter em mente que essa taxa de rentabilidade não ocorre sempre. Ao contrário, varia muito. No ano passado, alguns títulos chegaram a cair mais de 20%. O mesmo papel que rendeu 11,12% nos últimos 30 dias ainda acumula uma queda de 21% em 12 meses.

De qualquer maneira, para quem faz um investimento de longo prazo, vale a pena manter os papéis em mãos mesmo quando eles caem, porque, na data de vencimento, o aplicador vai recuperar o dinheiro e ganhará os juros.

O gráfico abaixo compara as variações de preço dos dois títulos do Tesouro que tiveram o maior rendimento no mês com outras aplicações financeiras.

Se a pessoa comprou o papel há 30 dias e vendeu ontem (portanto, antes do vencimento), ela pagou 22,5% de Imposto de Renda e teve o rendimento apontado no gráfico. No entanto, para quem carregar os títulos do Tesouro até o prazo final, a alíquota passa a ser de 15% e incidirá sobre a rentabilidade total que o investidor teve desde o momento da compra e, dessa forma, não dá para calcular com antecedência.

aplicacoes financeiras2

Conheça os papéis

Os títulos do Tesouro Direto podem ser indexados a um índice de inflação, podem ser pré-fixados ou podem ser pós-fixados.

Os papéis indexados à inflação são a NTN-B (Nota do Tesouro Nacional tipo B), que oferece um rendimento acima do índice oficial de inflação (o IPCA), e a NTN-C, que paga uma taxa acima do IGP-M, o indicador de preços calculado pela Fundação Getulio Vargas.

Existem dois tipos de NTN-B: a chamada “Principal”, que paga os juros somente na data de vencimento, e a comum, que remunera o investidor de seis em seis meses. Ambos são bons para quem busca um rendimento acima da inflação e pode carregar o papel até a data de vencimento.

Os papéis pré-fixados são as LTN (Letras do Tesouro Nacional)  e as NTN-F. Eles pagam uma taxa superior à Selic no momento da compra. A mesma taxa é mantida até a data de vencimento, mesmo que, ao longo do tempo, o Banco Central altere a Selic.

Por fim, os títulos pós-fixados são as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que variam conforme a taxa Selic. Quem escolhe esses papéis ganha mais quando a taxa Selic sobe. Já se a Selic cai, os mais beneficiados são os que escolhem os papéis atrelados à inflação ou os pré-fixados.

Como ninguém sabe, ao certo, o que vai acontecer com a Selic até o vencimento dos títulos (há papéis que só vencem em 2050), o mais recomendado para pequenos investidores é diversificar.

Entrevista

O economista Pedro Vartanian, do Mackenzie, concedeu a entrevista abaixo ao blog Achados Econômicos.

Por que alguns títulos públicos subiram tanto nos últimos 30 dias?

Eles subiram em função de uma expectativa menor da taxa Selic nos próximos meses. Os títulos que subiram mais são os títulos que têm um prazo mais longo. Isso tudo por causa de uma sinalização do BC de interromper o ciclo de alta da Selic.

Qual a perspectiva o senhor tem para os títulos do Tesouro Direto?

Nos próximos meses, deve haver uma relativa estabilidade nos preços, com uma remunerção muito próxima à da taxa Selic ao mês.

Para quem pode carregar o título até a data do vencimento, quais papéis você recomenda?

É importante fazer uma diversificação com os títulos. Tudo depende dos objetivos do investimento. Se o investidor tem certeza de que não vai precisar do dinheiro no curto prazo, vale a pena misturar tudo, comprando um terço de títulos indexados à Selic, um terço dos indexados à inflação e um terço em pré-fixado.

Se precisar do dinheiro no curto prazo, é mais recomendável privilegiar os títulos indexados à taxa Selic, ou como alternativa, a NTN-B com vencimento em 2019.


Ações da Petrobras caem 37% em 5 anos, enquanto as de rivais sobem 70%
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 12h26*

plataforma-petrobras

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

As ações da Petrobras caíram 37% nos últimos cinco anos, enquanto as dos seus rivais internacionais subiram mais de 70%.

No dia 19 de maio de 2009, os papéis preferenciais da petrolífera brasileira estavam cotados a US$ 12,85. Em dia equivalente de 2014, as mesmas ações eram negociadas a US$ 8,11.

Os números, calculados pela consultoria Economatica, estão ajustados por proventos, ou seja, já embutem o que os acionistas ganharam com dividendos e juros sobre o capital próprio.

No mesmo período, o NYSE Arco Oil Index, um indicador que reúne os papéis de gigantes do petróleo internacional, como Chevron, ExxonMobil e Shell, registrou uma alta de mais de 70%. A Chevron subiu 87% e puxou a média para cima, enquanto a ExxonMobil avançou 43%, e a Shell, 58%.

petrobras nyse arca oil index

Essa queda de 37% das ações da Petrobras é medida em dólares, para poder ser comparada com os papéis dos concorrentes internacionais. Em reais, o recuo foi de 32%.

Se olharmos para a variação dos papéis nos últimos dez anos, no entanto, vemos que a Petrobras havia subido muito mais que as concorrentes em anos anteriores, por causa da alta do real (estamos comparando sempre os preços das ações em dólares) e também das descobertas do pré-sal.

O gráfico abaixo mostra um pico em 2008, quando foi confirmado que o país tinha potencial para se tornar um dos grandes exportadores de petróleo do mundo.

petrobras nyse arca oil index 2004 2009

Por este segundo gráfico, vemos que a queda das ações da Petrobras nos últimos cinco anos não foi forte o suficiente para anular a alta registrada nos cinco anos anteriores. Desde 19 de maio de 2004, os papéis preferenciais da estatal subiram 333% em dólares, enquanto o índice das empresas rivais aumentou 172%. Em reais, a alta acumulada da estatal em dez anos é de 208%, de acordo com a Economática, valor que já considera os ganhos dos acionistas com dividendos e juros sobre capital próprio.

O economista Flávio Conde, analista chefe da Gradual Investimentos, concedeu ao blog Achados Econômicos a entrevista abaixo, a respeito do assunto.

Sílvio Crespo: As ações da Petrobras caíram quase 40% em cinco anos, enquanto as dos concorrentes subiram 70%. Isso é um sinal de que os papéis da estatal podem estar baratos?

Flávio Conde: Não. Para saber se está barata ou cara, é preciso comparar o lucro esperado de cada uma. O que esses dados mostram é que os investidores gostaram do que aconteceu com os resultados das petrolíferas estrangeiras e não gostaram dos resultados da Petrobras ao longo desses anos analisados.

SC: Qual a perspectiva que vocês traçam para os papéis da Petrobras?

FC: A gente acha que a perspectiva agora é melhor do que há quatro ou cinco anos. Independentemente de quem vai ser o próximo presidente, a companhia tende a apresentar resultados melhores, porque a produção está crescendo. A empresa projeta aumento de 7,5% em 2014 e nós consideramos factível. 

Além disso, a capacidade de refino da Petrobras vem crescendo, depois de ficar parada um bom tempo. Isso também deve continuar em 2014 e 2015, não importa quem será o presidente.

SC: E o preço da gasolina?

FC: Essa é a parte preocupante. A gasolina e o diesel precisam subir cerca de 20% para ficar no mesmo nível do mercado externo.

Com a eleição, então, a gente tem três cenários. Se a Dilma ganha, a política deve continuar a mesma, ou seja, a gasolina e o diesel continuam com preço baixo. Se o Aécio ganha, o preço dos combustíveis deve subir, e isso é bom para os acionistas da empresa. Se o Eduardo Campos ganha, existe uma esperança de que o preço suba um pouco mais do que se o atual governo continuar.

SC: O que vocês recomendam aos investidores?

FC: Considerando tudo isso – a perspectiva de aumento da produção e também os três cenários possíveis na eleição – nossa recomendação é manter as ações da Petrobras, com viés de alta, ou seja, achamos que a chance de subir é maior do que de cair.

A gasolina e o diesel não vão subir antes da eleição, mas isso já está embutido no preço das ações.

Para quem não tem ações e está pensando em comprar, então tem que decidir com base no que acha que vai acontecer nas eleições. Quem acha que a Dilma vai perder, pode comprar Petrobras. Se a pessoa não sabe, sugiro que compre só metade do que gostaria de comprar. Mas se ela tem certeza de que a Dilma vai ser reeleita, não deve comprar.

* Acrescentado o segundo gráfico às 12h26


Brasil sobe 20 posições em ranking mundial de crescimento do PIB e é 119º
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 12h31*

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

O Brasil subiu 20 posições no ranking de crescimento econômico que inclui os 188 países sobre os quais o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem dados disponíveis.

A taxa de expansão do PIB (produto interno bruto) brasileiro foi de 2,3% no ano passado, o que o coloca em 119º lugar no ranking, à frente de países como Estados Unidos, México e Alemanha, mas atrás de Austrália, Coreia do Sul e China.

ranking pib paises fmi achados economicos

O primeiro e o último do ranking foram incluídos no gráfico apenas por curiosidade. Países muito instáveis política e economicamente costumam ter grandes variações do PIB. Não à toa, o Sudão do Sul, hoje em guerra civil, teve a maior retração do mundo em 2012 (-47,6%) e no ano seguinte liderou a lista.

Aqui, estamos falando do ranking de variação do PIB, não da lista das maiores economias do mundo. Nesta última, o país está na sétima posição.

A melhora da economia brasileira no ranking mundial ocorreu um ano depois de o país ter caído 20 posições. O Brasil havia ficado em 119º lugar em 2011, desceu para 139º no ano seguinte e voltou a subir para 119º em 2013.

O ranking mundial de crescimento do PIB é apenas um ponto de partida para entendermos como está a economia brasileira em relação ao resto do planeta.

Como toda comparação entre países, esta também tem limitações, pois cada nação tem suas particularidades. Não se espera, por exemplo, que a economia americana avance em ritmo chinês, nem que os países latino-americanos tenham um desempenho asiático.

Por isso, é necessário olhar também para outros dados. Se compararmos o Brasil com a América Latina, os países emergentes e a média mundial, começaremos a enxergar melhor o cenário atual.

pib brasil al mundo emergentes fmi blog achados economicos

O gráfico acima mostra que houve uma melhora da posição do Brasil em relação ao resto do mundo, quando comparados os anos de 2012 e 2013.

Em 2012, o PIB do país aumentou apenas 1% – número inferior ao registrado na América Latina e Caribe, nos países em desenvolvimento, no G-7 (grupo que inclui EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá).

No ano passado, o crescimento de 2,3% do PIB brasileiro foi maior do que o verificado nos países do G-7. Aproximou um pouco mais da média do mundo, da América Latina e dos emergentes, sem alcançar nenhum desses três blocos.

Olhando do ponto de vista histórico, vemos que o mais comum tem sido crescer menos do que o resto do mundo. Nos últimos 20 anos, apenas sete vezes o país obteve uma taxa de expansão superior à da média do planeta: em 1994, 1995, 2004, 2007, 2008, 2009, 2010.

brasil mundo crescimento pib

Todas essas comparações consideram o PIB a preços constantes, ou seja, a variação percentual já desconta a inflação.

* Acrescentado às 11h31 o gráfico com histórico do crescimento econômico do Brasil e do mundo


Rendimento da nova poupança em 12 meses volta a acompanhar a inflação
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

O rendimento da nova poupança voltou a acompanhar o índice oficial de inflação no primeiro quadrimestre de 2014, depois que o governo aumentou a taxa básica de juros de 7,25% ao ano, em abril do ano passado, para os atuais 11%.

A caderneta rendeu 6,4% no período de 12 meses de maio do ano passado a abril de 2014, para depósitos que foram feitos depois que o governo mudou as regras da poupança, em 4 de maio de 2012.

Para quem já tinha dinheiro aplicado antes das novas regras, o rendimento de maio de 2013 a abril deste ano foi de 6,6%. No mesmo intervalo, o IPCA, indicador oficial de preços, registrou uma alta de 6,28%.

O gráfico abaixo mostra que o rendimento anual da nova poupança vinha perdendo para a inflação desde maio do ano passado, e continuou com essa defasagem até dezembro. Isso ocorreu porque a taxa básica de juros, a chamada Selic, estava mais baixa, enquanto a inflação estava acelerando.

Os depósitos feitos antes da mudança de regras, diferentemente, já estavam rendendo acima da inflação desde agosto do ano passado.

poupanca e inflacao

Em janeiro deste ano, a caderneta passou a ficar ligeiramente acima do índice oficial de preços, apesar de a inflação permanecer perto do teto da meta do governo, que é de 6,5% ao ano.

O rendimento da poupança atualmente depende da taxa básica de juros. Até 3 de maio de 2012, a caderneta rendia 0,5% ao mês mais TR (Taxa Referencial, calculada pelo Banco Central a partir da remuneração que os bancos cobram uns dos outros).

A partir de 4 de maio daquele ano, o governo determinou que, quando a Selic for de 8,5% ao ano ou menos, a poupança deve render 70% da taxa básica de juros mais TR. Com a Selic superior a 8,5%, a poupança rende os 0,5% mensais mais TR.

Vale lembrar que a regra nova só vale para os depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012. Para quem já tinha dinheiro na poupança antes disso e não sacou, continuam valendo as normas antigas.

Esses dados mostram o desempenho passado da poupança e a inflação. Evidentemente, não há garantias de que tal tendência continuará, considerando que parte dos analistas projeta um aumento da inflação. Se isso de fato ocorrer, a poupança pode voltar a perder poder de compra, e o investidor deverá se arriscar mais se quiser um retorno maior.


Metade dos produtos listados pelo IBGE sobe além do teto da inflação
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 13h38*

Metade dos produtos que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) monitora para calcular o índice oficial de preços teve um reajuste acima do teto da meta de inflação do país, que é de 6,5% ao ano.

De 373 bens e serviços que fazem parte do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), 189 subiram mais que 6,5% nos últimos 12 meses.

Entre os campeões de reajustes destacam-se os alimentos. A tangerina lidera a lista, com alta de 93,5% nos últimos 12 meses. Em seguida, aparecem o chá (53,64%), a laranja-baía (44,46%) e o peixe-dourado (39,73%).

maiores altas de preco ipca ibge abril 2014

Apesar de 51% dos produtos terem extrapolado o teto da meta, o IPCA, indicador oficial de inflação, ficou em 6,28% nos últimos 12 meses. Isso ocorreu porque os bens e serviços que subiram menos ou que tiveram queda de preços têm peso maior no orçamento médio estimado das famílias.

A inflação está abaixo do centro da meta porque os preços que o governo consegue controlar diretamente estão sofrendo reajustes menores– caso, por exemplo, de gás encanado (3,51%), energia elétrica residencial (4,29%), ônibus urbano (1,1%), ônibus intermunicipal (2,88%), multa (0%), pedágio (0,27%), gasolina (4,18%), produtos farmacêuticos (3,9%) e correio (1,7%). O telefone fixo, cujo preço também é controlado pelo setor público, teve queda de 4,59%.

Em média, os preços administrados pelo governo subiram 3,77% nos últimos 12 meses, enquanto os chamados preços livres avançaram 7%, de acordo com cálculos da Tendência Consultoria Integrada.

Entre os produtos que tiveram as maiores quedas nos últimos 12 meses estão o feijão-carioca (-33,95%), a cebola (-33,53%) e o tomate (-14,23%) – este último que no primeiro semestre do ano passado foi apontado como um dos “vilões” da inflação.

maiores quedas

 

Opinião

Os números ajudam a entender por que muitas pessoas têm a impressão de que a inflação é maior do que a divulgada pelo IBGE. Os preços que mais têm subido são aqueles que vemos diariamente nos supermercados, restaurantes, lojas e bares. Já os que estão controlados são preços nos quais as pessoas não costumam reparar todo dia – por exemplo, pedágio, correio, gás, telefone fixo, aparelho telefônico, televisor e automóvel usado.

Além disso, há um outro aspecto que os índices de preço não conseguem captar, para o qual o economista Adolfo Sachsida chamou atenção em um recente artigo no UOL. Quando compramos um produto, por exemplo, por R$ 100, pagamos impostos. Se os tributos forem de 20%, então nós pagamos R$ 80 pela mercadoria e R$ 20 por serviços públicos. No caso de o governo cortar impostos e os produtos continuarem com o mesmo preço, isso significa que passamos a pagar R$ 100 pela mesma mercadoria e zero pelos serviços públicos. Nesta situação hipotética, ocorreu uma elevação de 25%, mas o IPCA ou qualquer outro índice marca variação nula de preço.

Nenhum índice é capaz de detectar esse tipo de inflação, pois eles monitoram apenas o preço dos bens, sem especificar quanto daquilo é de impostos. Isso vale tanto para os indicadores do IBGE como para as pesquisas não oficiais, como as da Fundação Getulio Vargas.

Não se trata, portanto, de uma manipulação pelo IBGE, como muitos leitores costumam apontar incorretamente (se fosse esse o caso, os dados da FGV e da Fipe não seriam tão parecidos com os números oficiais). Trata-se de uma espécie de inflação oculta que, ao menos por enquanto, nenhuma pesquisa consegue identificar por meio da metodologia convencional.

Vale lembrar, também, que os índices de preços se baseiam na estimativa de um orçamento médio das famílias brasileiras. Quem tem duas crianças matriculadas em escolas particular vai sentir muito mais o aumento das mensalidades do que quem tem uma só. No limite, deveríamos ter um índice de inflação para cada habitante do país, o que é impossível.

Para uma pessoa saber se a sua inflação corresponde ou não ao número oficial, só existe uma forma: anotar o preço de todos os bens e serviços consumidos durante um mês e depois fazer o mesmo no mês seguinte.

* Acrescentado o item ‘Opinião’ às 13h38


Entenda por que as pessoas estão sacando mais dinheiro da poupança
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Receba atualizações do blog Achados Econômicos pelo Facebook

Os saques das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 1,27 bilhão em abril, de acordo com dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira, 7. Foi a maior captação negativa desde maio de 2011 (R$ 1,3 bilhão) e a primeira vez que o resultado fica no vermelho desde fevereiro de 2012.

As retiradas somaram R$ 124,105 bilhões em abril, enquanto as aplicações alcançaram R$ 122,832 bilhões.

Não que as pessoas não estejam mais aplicando na poupança. Ao contrário, os depósitos aumentaram em R$ 4 bilhões de março para abril. Mas os saques cresceram bem mais (R$ 7 bilhões), por isso o resultado ficou negativo.

poupanca

O professor de economia Pedro Raffy Vartanian, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica o fato na entrevista abaixo.

Pergunta: Por que a captação da poupança ficou negativa em abril, quebrando um sequência de 25 meses no território positivo?

Resposta: Um dos fatores é a atratividade de outras aplicações. A rentabilidade dos fundos de investimento de renda fixa aumentou neste ano. Os títulos públicos também passaram a render mais.

P: Isso é uma mudança de tendência?

R: Não dá para afirmar isso, porque esse indicador da poupança costuma oscilar. Fica positivo em alguns meses e negativo em outros. Na verdade, a sequência de captações sempre positivas é que foi atípica.

P: Há outros fatores que explicam esse movimento de abril?

R: Sim. A captação da poupança aumentou muito no ano passado porque os títulos públicos estavam perdendo rentabilidade. Os títulos pré-fixados perdem rentabilidade no momento em que a Selic sobe. Depois que já subiu, eles ficam mais atrativos. Então agora os títulos voltaram a ficar mais atrativos, e parte dos investidores que migrou para a poupança no ano passado pode estar voltando para fundos e para a compra de títulos diretamente.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>