Achados Econômicos

Arquivo : julho 2014

Bancos aumentam juros mesmo após BC parar de elevar a taxa
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Sílvio Guedes Crespo

reais-shutterstock

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Os bancos continuaram elevando as taxas de juros às pessoas físicas em diversas modalidades, apesar de a taxa básica, a Selic, estar parada no patamar de 11% ao ano desde o dia 3 de abril.

Naquele mês, o cheque especial custava, em média, 161,8% ao ano. Em maio, esse tipo de empréstimo subiu para 168,5% ao ano. Em junho, atingiu 171,5%.

juros cheque especial

O crédito pessoal não consignado passou por um movimento um pouco diferente. Depois que a taxa básica (Selic) atingiu 11%, o juro nessa modalidade caiu (de 99,2% ao ano, em abril, para 97,5%, em maio) e depois subiu em junho, para 100,3% ao ano.

No caso do crédito consignado, aquele em que o tomador paga por meio de um desconto automático em seu salário, houve um pequeno aumento, passando de 25,3% para 25,6%.

Para comprar de veículos, as taxas de juros tiveram uma pequena alta, de 22,6% em abril para 23% em maio e junho. Já para aquisição de outros bens houve um aumento de abril para maio (77,3% para 28,2%) e depois uma ligeira queda, para 77,8% em junho.

No caso do financiamento imobiliário, os bancos cobravam 9,2% em abril, passaram para 9,5% em maio e agora voltaram aos 9,2% em junho.

Todas essas taxas são médias, ou seja, cada tomador pode ter obtido um custo maior ou menor, dependendo da disposição da instituição financeira em emprestar e do relacionamento que cada cliente tem com o banco.

Entrevista

O economista Pedro Raffy Vartanian, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie, concedeu a entrevista abaixo ao blog.

É normal que os bancos continuem elevando as taxas de juros, mesmo depois de o Banco Central decidir interromper o ciclo de alta?

Não vou dizer que isso é comum, mas, dado o contexto econômico atual, é compreensível.  A taxa básica de juros [Selic] é o principal determinante desse tipo de operação [empréstimo bancário]. Mas tem outras variáveis que também influenciam, como o baixo crescimento econômico e a inflação alta, que podem gerar problemas de emprego e renda – e, consequentemente, maior inadimplência.

É um cenário que leva os ofertantes de crédito a serem mais restritivos. Eles acabam optando ou por emprestar menos ou emprestar com uma taxa maior.

Mas a taxa de inadimplência continua controlada.

Sim, a inadimplência por enquanto está controlada. O que faz com que os bancos emprestem menos é o receio de aumento da inadimplência. É uma postura preventiva.

O baixo nível de atividade industrial, o baixo crescimento econômico, a incerteza em relação ao mercado de trabalho, a desaceleração da geração de empregos, os números ruins da indústria automobilística e a própria política monetária atual, que é contracionista, tudo isso combinado, gera receio de que aumente a inadimplência.

Como a economia tem alguns preços represados, isso poderá contaminar a inflação de 2014 – portanto, existe ainda uma possibilidade de aumento da taxa Selic. Isso tudo pode afetar a inadimplência. Não estou dizendo que a inadimplência esteja descontrolada ou que ela vá aumentar. Mas o receio de que isso ocorra já é suficiente para restringir a concessão de crédito.

O BC anunciou na sexta-feira a liberação de R$ 45 bilhões para os bancos emprestarem. Esse é um dinheiro que os bancos captaram e ficava parado em uma conta no BC (o chamado depósito compulsório). Com esse volume entrando no mercado, os empréstimos tendem a aumentar, e as taxas de juros, a cair?

O objetivo é esse, mas não necessariamente vai acontecer. Os bancos estão num cenário de concessão criteriosa e rigorosa de crédito por aqueles motivos que eu citei. O banco só vai emprestar a uma taxa menor para quem ele realmente tem certeza de que não vai ser inadimplente. Dessa forma, o impacto dessa medida no custo do cheque especial e do cartão não vai ser notado pelo tomador.

Nós estamos num cenário não tão grave, mas parecido com aquele após a crise de 2008, em que o governo incentivou os bancos a emprestarem, mas os bacos, preventivamente , preferiram não emprestar. Preferiram aplicar em títulos públicos.


Com Copa, gastos de estrangeiros somam US$ 797 mi em junho e batem recorde
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 14h09*

Fifa Fan Fest em São Paulo

Fifa Fan Fest em São Paulo

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Os gastos de estrangeiros no Brasil somaram US$ 797 milhões em junho, mês em que se iniciou a Copa do Mundo no país.

Em dólares correntes (sem atualizar pela inflação da economia americana), esse é o maior valor, para um único mês, de toda a série histórica que o Banco Central coloca à disposição no site, iniciada em 1969. É o maior também se comparado com uma série anterior, de 1947 a 1968, que foi desativada.

Até então, o recorde era de janeiro de 2013 (US$ 696 milhões).

O valor do mês passado ficou bem acima do que costuma entrar no países nessa época do ano. Na média dos meses de junho de 2009 a 2013, os gastos de estrangeiros ficaram em  US$ 437 milhões. Em junho de 2013, foram US$ 453 milhões. O impacto da Copa no turismo no mês passado ficou, portanto, na faixa dos US$ 350 milhões.

Os números fazem parte do balanço de pagamentos, que é o registro de todo o dinheiro que entra e sai do país, divulgado pelo BC.

historico gastos estrangeiros brasil junho

Ao analisar a evolução dos gastos de turistas, é sempre bom comparar com a mesma época do ano, uma vez que esse mercado tem uma variação sazonal muito grande. Por isso, o gráfico acima informação apenas os dados de junho de cada ano.

Mas não deixa de ser curioso reparar que em um mês de junho, as despesas dos estrangeiros no Brasil superaram o recorde dos meses de janeiro, época de alta temporada, em que o país registra as maiores entradas de dólares via turismo.

Nas últimas semanas, foram divulgadas diversas pesquisas sobre as despesas de turistas no país durante a Copa. Tais dados se diferem destes apresentados pelo Banco Central. Algumas dessas pesquisas eram apenas estimativas e outras se limitavam à receita de determinadas empresas de cartão de crédito. Já os dados do BC são o registro efetivo das despesas de todos os que entram no país e gastam legalmente.

Outra diferença está no fato de que o número do BC se refere a junho, enquanto outras pesquisas abrangem todo o período da Copa (12 de junho a 13 de julho). Além disso, algumas das pesquisas recentes somam os gastos de estrangeiros com o de turistas brasileiros, ao passo que o dado do BC só se refere aos não residentes no país.

Brasileiros no exterior

Apesar do resultado excepcional, as despesas dos não residentes no país não fizeram nem cócegas no deficit da conta de viagens.

É que, no total, os estrangeiros gastam muito menos quando vêm para cá do que os brasileiros quando saem do país. Enquanto os primeiros trouxeram aqueles US$ 797 milhões para o Brasil em junho, os brasileiros deixaram US$ 2 bilhões em outros países. Isso resultou em um saldo negativo de US$ 1,2 bilhão na conta de viagens.

No primeiro semestre, o deficit dessa conta ficou em US$ 8,8 bilhões, maior do que os US$ 8,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, quando não houve Copa do Mundo.

gastos viagens brasileiros estrangeiros historico

* Acrescentados o segundo gráfico às 11h25 e mais informações às 14h10


Bolsa Família é exemplo de política em que todos ganham, diz estudo da ONU
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 16h04*

Sueli Dumont, de Jaboatão dos Guararapes (PE), beneficiária do Bolsa Família

Sueli Dumont, de Jaboatão dos Guararapes (PE), beneficiária do Bolsa Família

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O mais recente Relatório para o Desenvolvimento Humano, da Organização das Nações Unidas, defende um conjunto de medidas de proteção social e regulação estatal para combater a pobreza e a desigualdade no mundo.

O estudo afirma que os programas Bolsa Família, do Brasil, e Oportunidades, do México, são “exemplos de políticas ganha-ganha”.

Para a ONU, as iniciativas tiveram um duplo papel após 2008. No curto prazo, suavizaram os efeitos negativos da crise internacional sobre o poder de compra dos mais pobres, ajudando a manter o nível de consumo. Adicionalmente, trouxeram benefícios de longo prazo uma vez que as famílias, para receberem o benefício, precisam manter os filhos na escola.

Programas de transferência de renda, diz o estudo, foram importantes para diminuir o impacto que a população sofreu com o aumento dos preços de alimentos que se seguiu à crise de 2008.

Segundo o relatório, o Bolsa Família contribuiu com 20% a 25% da redução da desigualdade no país em 2008 e 2009, ao custo de 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto).

Mas os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, são apenas uma das iniciativas possíveis para combater a pobreza, reduzir a vulnerabilidade da população e construir resiliência na sociedade, afirma a entidade.

Os governos devem atuar, também, por meio de regulação financeira e de políticas macroeconômicas que possibilitem diminuição da pobreza, segundo o estudo. Ainda, o relatório defende que os países ofereçam à população acesso universal à saúde e à educação e também uma rede de proteção social.

“Todos os indivíduos têm igual valor e têm o mesmo direto de proteção e ajuda. Portanto, é preciso haver um amplo reconhecimento de que aqueles mais expostos a riscos e ameaças, as crianças ou pessoas com deficiência podem requerer apoio adicional para que suas chances na vida sejam iguais às dos demais”, afirmou o estudo.

Salário mínimo

Outro ponto defendido no relatório é o aumento do salário mínimo, apesar de vários economistas no Brasil afirmarem que tal política provocou redução da produtividade das empresas.

“O salário mínimo deve ser aumentado para estimular [a economia] a se mover na direção de atividades de produtividade mais alta”, afirma o texto. Essa frase remete a uma nota de rodapé que diz: “O aumento do salário mínimo foi uma resposta à crise no Brasil e contribuiu para aumentar os salários e a distribuição de renda”.

Em seguida, o texto acrescenta: “As reformas do modelo neoliberal no mercado de trabalho precisam ser cuidadosamente reavaliadas da perspectiva da redução da vulnerabilidade do emprego”.

Opinião

Já manifestei, neste blog, que sou favorável ao Bolsa Família, como política emergencial, para que as pessoas que não tiveram oportunidades possam ao menos se alimentar e tenham um incentivo para não tirar os filhos da escola.

Programas de transferência de renda são necessários e devem ser executados ao mesmo tempo em que se tomam medidas liberalizantes, até que estas produzam seus efeitos de longo prazo. O objetivo tem que ser o de precisarmos cada vez menos de iniciativas como o Bolsa Família.

É perfeitamente viável manter esse tipo de programa social ao mesmo tempo em que se controlam as contas públicas, afinal, o Bolsa Família não custa muito caro. Se conseguimos reservar cerca de R$ 100 bilhões por ano das receitas públicas para pagar juros, vale a pena fazer um esforço a mais para destinar mais R$ 25 bilhões para pessoas em situação de extrema pobreza. Principalmente porque os beneficiários são obrigados a manter seus filhos na escola.

Também já defendi, neste espaço, a importância de saúde e educação pagas pelo conjunto dos contribuintes, como forma de amenizar os impactos negativos da desigualdade de oportunidades.

Mesmo assim, fiquei surpreso com o Relatório para o Desenvolvimento Humano da ONU. Não apenas pela ênfase que seus autores dão às políticas sociais, mas, principalmente, por terem batido de frente com uma ideia que tem sido sustentada por parte dos economistas brasileiros, a de que é preciso impedir o aumento real do salário mínimo para evitar a perda de produtividade no país.

É verdade que os salários nos estratos sociais mais baixos têm subido mais do que a produtividade das empresas. O setor de serviços conseguiu, nos últimos anos, repassar para os preços parte da elevação de custos com pessoal – pressionando, portanto, a inflação. E a indústria, que não consegue fazer esse repasse porque concorre com produtos importados, sofre com isso e demite trabalhadores.

Apesar disso, acredito que a solução para o baixo crescimento econômico do país não deva se basear no congelamento do salário mínimo nem em decisões que levem ao aumento do desemprego.

O problema da baixa produtividade do país pode ser resolvido com outras medidas. Destaco a necessidade de o Estado abrir caminho para o setor privado deslanchar.

Se o governo tratar com respeito o tripé macroeconômico, acelerar o programa de concessões da infraestrutura e parar com intervenções diversas, como no caso da política de preços da Petrobras e da conta de luz, já tornará o cenário um pouco menos hostil ao investimento.

Ainda, temos um consumo do governo que correspondeu a 22% do PIB (produto interno bruto) no ano passado. Se conseguirmos reduzir gradativamente essa participação do Estado na economia, permitindo o desenvolvimento do setor privado, que é mais eficiente (desde que as empresas não vivam da proteção estatal), faremos, aos poucos, uma transição rumo a um ambiente econômico mais produtivo.

Reduzindo o peso da burocracia estatal, permitiremos que o setor privado se torne relativamente mais atraente, tanto para investidores como para trabalhadores, a ponto de voltar a crescer, gerar mais impostos e também serviços públicos melhores.

O problema é que essa transição provavelmente terá um custo social de curto ou médio prazo e, ainda por cima, contraria interesses de empresas que vivem de protecionismo estatal ou de ajuda pública. Até agora, nenhum dos candidatos explicou detalhadamente como vai fazer para reduzir o tamanho do Estado, ou seja, quais gastos eles pretendem cortar – se nos postos de saúde, nas salas de aula, nos cargos de confiança, nos concursos públicos (e em quais concursos) etc.

* Acrescentado o item ‘Opinião’ às 16h04


Mundo tem 1,5 bilhão de pessoas na pobreza, diz estudo da ONU
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Sílvio Guedes Crespo

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Existem hoje 1,5 bilhão de pessoas vivendo na pobreza, segundo o mais recente Relatório para o Desenvolvimento Humano da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado nesta quinta-feira.

Quase metade delas está na Índia, de acordo com o estudo. São 632 milhões de pessoas pobres no país asiático, o que equivale a 55% da população local.

Os números se referem ao que a ONU chama de pobreza multidimensional, um conceito que leva em conta não apenas a renda, mas o acesso dos indivíduos e famílias a serviços básicos como educação e saúde.

Se for considerada apenas a renda, o mundo tem hoje 1,2 bilhão de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia e 2,7 bilhões com menos de US$ 2,50.

Na maior parte dos países, diz a ONU, a pobreza é maior quando medida de forma multidimensional, uma vez que a pessoa pode viver com mais de US$ 1,25 por dia mas não ter acesso à escolarização e a serviços médicos básicos.

No caso do Brasil, no entanto, acontece o contrário. O país tem 6,1% de sua população (cerca de 12 milhões de pessoas) vivendo com menos de US$ 1,25 por dia. Mas, como uma parte dessas pessoas têm algum acesso à escola e a serviços de saúde, o número de brasileiros que se enquadram no conceito de pobreza multidimensional é menor, atingindo 3,1% dos habitantes do país, ou 6,1 milhões de pessoas.

De acordo com a ONU, apenas um terço dos países – onde vivem 28% da população mundial – a provê proteção social estatal para seus habitantes.

A ONU constatou, ainda, que 842 milhões de pessoas (12% da população mundial) passam fome cronicamente, 200 milhões estão desempregadas e mais de 1,5 bilhão têm emprego informal ou precário.


Em 15 anos, matérias-primas dobram presença nas exportações e viram maioria
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Sílvio Guedes Crespo

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As matérias-primas têm aumentado fortemente sua participação nas exportações do país e, no primeiro semestre de 2014, tornaram-se maioria entre os bens vendidos ao exterior.

No primeiro semestre de 2002, os produtos básicos corresponderam a 25% das exportações brasileiras, enquanto os industrializados ficaram com 75%. Já na primeira metade de 2014, mais da metade (50,8%) das vendas ao exterior foi de mercadorias básicas.

A classificação das mercadorias usada pelo Ministério do Desenvolvimento, que provê esses dados, divide os bens em dois grandes grupos: o de produtos básicos (matérias-primas) e o dos industrializados. Esta segunda categoria tem ainda duas subdivisões: semimanufaturados e manufaturados.

Os semimanufaturados são produtos que passaram por uma transformação industrial simples. Dentro desse grupo, os bens que o Brasil mais exporta são açúcar bruto (o refinado já é considerado manufaturado), celulose, couro e ligas de ferro.

Já no conjunto dos manufaturados, as mercadorias mais exportadas “made in Brazil” são combustíveis, automóveis e aviões. Porém, dentro desse grupo estão também bens menos sofisticados industrialmente, como açúcar refinado, suco de laranja, café solúvel e outros.

participacao produtos basicos semi manufaturados exportacoes

A trajetória de aumento da importância das matérias-primas nas exportações pode ser dividida em duas fases.

Na primeira, de 2003 a 2011, as vendas de produtos industrializados ao exterior cresceram fortemente (230%), mas as de bens básicos avançaram ainda mais (798%).

Já na segunda fase, de 2012 para cá, as exportações de matérias-primas ficaram estagnadas, enquanto as de bens industrializados caíram 12,5%.

exportacoes produtos basicos industrializados

O segundo gráfico mostra a evolução das exportações em dólares. Elas variaram pouco entre 1995 e 2002. Os produtos básicos oscilaram entre US$ 5 bilhões e US$ 7 bilhões, enquanto os industrializados ficaram US$ 16 bilhões e US$ 22 bilhões.

A partir de 2003, houve um aumento forte das exportações de ambos os grupos, como fica claro pela inclinação das linhas verde e vermelha do gráfico.

Em 2009, com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos, ocorreu uma queda acentuada das exportações, principalmente de produtos industrializados. Os dois anos seguintes foram de recuperação, mas, depois de 2011, as vendas de produtos básicos ficaram estagnadas e as dos demais bens têm caído.


Após disparar, salário mínimo em dólar cai e volta ao nível de 2010
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Sílvio Guedes Crespo

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O salário mínimo brasileiro, quando convertido para dólares, teve um aumento brutal de 2003 até 2011. Depois disso, no entanto, ele inverteu o sentido e passou a cair gradativamente, voltando agora ao nível de 2010.

Desde o início do ano, o mínimo está em R$ 724. Pela cotação média do dólar no primeiro semestre, de R$ 2,297, quem recebe esse salário ganhou, por mês, o equivalente a US$ 315 de janeiro a junho.

Em 2010, o salário mínimo tinha esse mesmo poder de compra quando convertido para dólares. Em reais, era R$ 510. Passando para dólar pela cotação média anual e atualizando pela inflação, o mínimo naquele ano tinha o mesmo poder de compra que US$ 315 têm hoje.

Isso quer dizer que uma pessoa que ganhava o salário mínimo em 2010, se fosse gastar tudo nos Estados Unidos, teria exatamente o mesmo poder aquisitivo que tem hoje. Esse dado serve para dar uma ideia da capacidade do trabalhador pobre de obter produtos importados.

O gráfico abaixo mostra a situação com mais clareza.

salario minimo reais dolares 1994-2014

A linha vermelha representa o salário mínimo em reais de hoje, ou seja, atualizado pelo índice oficial de inflação, o IPCA. A linha verde corresponde ao salário mínimo convertido para dólar, pela cotação média de cada ano, e atualizado pelo CPI, o índice oficial de preços dos Estados Unidos.

Em todo o período abrangido pelo gráfico, o salário mínimo em reais quase sempre foi reajustado acima da inflação.

Já quando olhamos para o mínimo em dólares, vemos que ele subiu de 1994 a 1997 e depois despencou, atingindo o fundo do poço em 2002. Em seguida, disparou 292% até chegar a US$ 343 em 2011. Depois disso, caiu 8%, para os atuais US$ 315.

Os números são um sinal de que, de 2003 a 2011, quem recebia o mínimo aumentou significativamente sua capacidade de obter produtos importados. Já de 2012 para cá, essas pessoas perderam poder de adquirir bens estrangeiros.


Em 20 anos de real, salário mínimo subiu 142% acima da inflação
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Sílvio Guedes Crespo

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O salário mínimo no Brasil acumulou um ganho de 142% acima da inflação desde julho de 1994, quando o real começou a circular, até junho de 2014.

Naquela época, o mínimo foi definido em R$ 64,79. Hoje, está em R$ 724, o que significa uma alta de R$ 1.017% no período. Enquanto isso, o indicador oficial de inflação (IPCA, Índice de preços ao Consumidor Amplo) subiu 362%. O resultado foi um aumento real de 142% no salário mínimo.

Caso tivesse sido apenas corrigido pelo IPCA ao longo desses anos, o mínimo hoje estaria em R$ 299.

O gráfico abaixo mostra a evolução do salário mínimo nominal e como ele estaria de fosse reajustado pelo índice oficial de preços a cada ano.

salario minimo e ipca 1994-2014

Para tornar as coisas um pouco menos abstratas, podemos recorrer à pesquisa da cesta básica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Segundo a instituição, a cesta básica custava R$ 67,40 na cidade de São Paulo em julho de 1994. Hoje, está R$ 354,63.

Isso quer dizer que quem ganhava o salário mínimo naquela época conseguia comprar, no máximo, uma cesta básica. Hoje, quem recebe o mínimo adquire duas cestas.

Índice de inflação

Sempre que cito algum índice de inflação neste blog, uma pequena e barulhenta parte dos leitores vem dizer que os dados não batem com o que eles veem no supermercado. Curiosamente, nenhum deles traz alguma informação precisa. Dizem sempre de forma genérica coisas do tipo: “A carne subiu muito mais do que isso”; “Não é isso que eu vejo no mercado” etc.

A essas pessoas que tentam impor ideias apenas na base do “caps lock”, ofereço três argumentos.

O primeiro é o de que os índices de inflação do setor privado trazem números muito próximos aos dos indicadores oficiais. O IPC-DI, por exemplo, é um índice de preços ao consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) que registrou uma alta de 6,5% nos últimos 12 meses, exatamente o mesmo número apresentado pelo IPCA, do governo. Já o IGP-M, também da FGV, marcou 6,2%. Ainda, o IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), entidade ligada à USP, registrou alta de 5,07% em São Paulo. No ICV, do Dieese, o aumento do custo de vida foi de 6,2%.

Situação bem diferente acontece na Argentina, onde os índices calculados pelo setor privado dão um resultado duas ou até três vezes maior do que os números oficiais. Se o IBGE está manipulando os dados de inflação, então ele combinou direitinho com a FGV, com a Fipe e com o Dieese.

O segundo argumento é o de que as pessoas que tomam decisões de negócios usam essas estatísticas. Relatórios de bancos citam abundantemente números do IBGE. Refiro-me a análises econômicas que grandes instituições financeiras oferecem aos seus clientes para ajudá-los a decidir onde investir. Ou seja, antes aplicar seus milhões, investidores olham para dados do governo, entre outros. Essas pessoas não são ingênuas e não tomariam uma decisão de investimento com base em estatísticas que não fossem confiáveis.

O terceiro e último argumento é o de que é possível checar os números. No caso do Dieese, que foi citado neste post, é mais fácil porque ele divulga o preço dos produtos encontrados.

Por exemplo, o instituto diz que a carne em São Paulo está R$ 19,61 o quilo. Para a pesquisa da cesta básica, o valor usado é a média entre o coxão mole e outros dois cortes de preço parecido. Pois bem, fazendo uma busca por “coxão mole” rapidamente no site do Pão de Açúcar, vejo que o quilo está R$ 18,99 – mais barato, portanto, do que o apontado pelo Dieese.

Já o leite longa vida integral está R$ 3,14 em São Paulo, segundo o Dieese. No site do Pão de Açúcar, a marca mais barata (Parmalat) sai por R$ 2,85, e a mais cara (Ninho Nestlé), por R$ 3,95. O número do Dieese, desse modo, está dentro da faixa.  Outro exemplo: o feijão carioca está R$ 4,01 o quilo, de acordo com a pesquisa. No Pão de Açúcar, está R$ 3,55 o mais barato (Qualitá) e R$ 4,79 o mais caro (Broto Legal).

Enfim, não é tão difícil checar se os índices de inflação estão corretos, mas dá trabalho. É preciso ir aos supermercados, por exemplo, no próximo 1º de agosto e anotar o preço de todos os itens que são pesquisados pelos institutos (no caso do IBGE, a lista está aqui). Depois, é só voltar aos mesmos estabelecimentos no dia 1º dos meses seguintes e ver qual foi a variação. Quanto mais mercados a pessoa visitar, e quanto mais espalhados eles estiverem, mais consistência os dados terão.

Os que têm certeza de que o IBGE, a FGV, a Fipe e o Dieese estão manipulando os índices podem dar uma grande contribuição ao país se fizerem esse exercício.


As maiores obras da Copa, quanto custaram e quem são os responsáveis
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Sílvio Guedes Crespo

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As obras da Copa do Mundo de 2014 no Brasil custaram, até agora, R$ 23,45 bilhões. Esse número corresponde aos recursos efetivamente contratados até o momento, não à previsão. O valor pode aumentar porque diversas obras ainda estão em andamento.

O dinheiro para essas ações veio em parte de orçamento direto de governos federal, estaduais e municipais, de empréstimos de bancos federais e de empresas concessionárias.

Veja abaixo quanto custaram as principais obras da Copa, qual foi o órgão responsável e de onde veio o dinheiro.

Como principais obras, escolhi todos os estádios e as maiores ações em outras áreas.

Estádios

Quem está pagando pela construção dos estádios são os governos estaduais, na maior parte dos casos, e também empresas concessionárias e os clubes, quando as arenas são privadas. Em Curitiba e São Paulo, a prefeitura também contribuiu – no primeiro caso, com recursos do orçamento, e no segundo, com incentivos fiscais, conforme mostra a tabela abaixo.

O governo federal contribuiu indiretamente para a construção dos estádios. Por meio de bancos públicos, financiou 11 das 12 arenas, cobrando taxas de juros menores que a do mercado. Uma forma de medir a contribuição federal, nesses casos, é calculando a diferença entre quanto os bancos públicos receberão de juros e quanto eles poderiam receber se cobrassem uma taxa de mercado.

Cidade-sedeCusto (R$ mi)EmpréstimoQuem paga
Belo Horizonte678400Concess./Gov. de MG
Brasília1.4380Gov do DF
Cuiabá596338Gov do MT
Curitiba234131Atlético-PR/Gov do PR/Pref. Curitiba,
Fortaleza519352Gov do CE
Manaus651400Gov do AM
Natal400397Concess./Gov do RN
Porto Alegre330275Clube Inter., Andrade Gutierrez
Recife385930Concess./ Gov do PE
Rio de Janeiro1.077400Gov do RJ
Salvador689574Concess./Gov da BA
São Paulo820400Corinthians/Pref. S. Paulo
TOTAL7.8174.596
Fonte: Controladoria-Geral da União

 

Ainda, o governo federal tem concedido benefícios fiscais em determinadas obras da Copa. Com esse tipo de medida, deixou de arrecadar R$ 1 bilhão segundo levantamento feito pelo jornal “Valor Econômico”.

Aeroportos

Das 12 cidades-sede, a única que não teve seu aeroporto reformado para a Copa foi Recife. Nas demais, as obras somaram R$ 8,2 bilhões e foram pagas, em sua maioria, pela estatal federal Infraero. Em São Paulo (Guarulhos e Viracopos) e Brasília, a concessionária ficou responsável pela maior parte.

A reforma do Aeroporto Internacional de Guarulhos foi a obra mais cara da Copa. Até a última atualização dos dados, os recursos contratados somaram R$ 2,3 bilhões e a ação estava 93% concluída. A responsável pela maior parte das ações foi a empresa concessionária, que contribuiu com R$ 2,1 bilhões. Os outros R$ 170 milhões saíram da Infraero.

Ainda no Estado de São Paulo, a concessionária do Aeroporto de Viracopos desembolsou R$ 2,1 bilhões para ampliação e manutenção. A obra está 90% concluída.

O Aeroporto Internacional de Brasília recebeu a terceira maior intervenção, de R$ 1,13 bilhão. A concessionária desembolsou R$ 1,1 bilhão para ampliação das instalações, enquanto a Infraero gastou R$ 18,7 milhões e concluiu 84% da obra (não foi informado ainda o percentual de execução física da parte que cabe à empresa privada).

Em outras nove cidades-sede, as reformas de aeroportos somaram R$ 2,7 bilhões e ficaram sob responsabilidade da Infraero.

Mobilidade

A cidade-sede que mais gastou com mobilidade urbana para a Copa foi o Rio de Janeiro. As obras do BRT (Bus Rapid Transit, espécie de ônibus expresso) que liga o Aeroporto do Galeão à Barra da Tijuca, passando pela Penha, custaram até agora R$ 1,7 bilhão, e estão 87% concluídas. Quem está pagando é a prefeitura do Rio, após receber empréstimo do BNDES.

Em segundo lugar aparece a cidade de Cuiabá. Para o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que vai de Cuiabá a Várzea Grande, os recursos contratados somaram R$ 1,5 bilhão. Os responsável é o Governo do Estado do Mato Grosso, que obteve empréstimo da Caixa Econômica Federal. Apenas metade dessa obra foi concluída até o momento.

Em Belo Horizonte existem sete obras de mobilidade urbana para a Copa, todas sendo pagas pela prefeitura, com financiamento da Caixa. Juntas, elas somam R$ 1,2 bilhão em recursos já contratados. Dessa quantia, mais da metade (R$ 693 milhões) vai para a construção de BRTs: no corredor Antonio Carlos/Pedro I, na área central e na avenida Cristiano Machado. O percentual médio de execução física dessas obras é de 93%.

Das 12 cidade-sede da Copa, somente Manaus não teve projeto de mobilidade urbana. Nas demais, as obras custaram R$ 7,3 bilhões. São Paulo, maior cidade do país, foi apenas a sexta em quantidade de recursos da Copa para mobilidade, com R$ 549 milhões na Zona Leste, região do Itaquerão. Pouco mais da metade (55%) da obra foi executada, segundo os dados mais recentes. O responsável é o Governo do Estado de São Paulo.

Portos

Em Fortaleza, Manaus, Natal, Recife, Salvador e Santos (SP), houve reformas ou construções de portos para a Copa. As obras mais caras ocorreram no litoral paulista (R$ 274 milhões) e na capital cearense (R$ 176 milhões). Juntas, as intervenções nos portos das seis cidades citadas foram de R$ 586 milhões. O percentual médio de execução física dessas obras é de 73%. A responsabilidade é do governo federal, por meio da Secretaria dos Portos.

Cidades-sede

Veja também quanto foi gasto em cada cidade-sede


Copa custa R$ 8 bi em estádios e R$ 16 bi em outras obras; falta acabar 18%
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 11h43 de 16/7*

Estádio do Maracanã

Estádio do Maracanã

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Os recursos contratados para as obras para a Copa do Mundo 2014 somaram até o momento R$ 23,45 bilhões, incluindo estádios e outras obras, e foram bancados pelos governos federal, estaduais e municipais e, em menor grau, por empresas concessionárias.

Desse valor, R$ 7,8 bilhões correspondem à construção ou reforma dos 12 estádios e R$ 15,6 bilhões se referem a outras ações, como mobilidade urbana, aeroportos e portos.

Os números se referem às informações mais atuais à disposição no Portal da Transparência. Diversas obras ainda não ficaram prontas, de modo que o custo pode aumentar. A previsão mais recente do governo é de que chegue a R$ 25,6 bilhões.

Ao todo, o grau de execução física das obras é de 82% de acordo com os dados mais recentes, ou seja, restam 18% a serem terminados.

ObrasRecursos contratados (R$ milhões)% de execução física
Estádios7.817100%
Aeroportos6.08972%
Mobilidade urbana7.25068%
Outras2.29690%
TOTAL23.45182%
Fonte: Controladoria-Geral da União

 

Existe uma diferença entre o percentual de execução física e o de obras concluídas.

O percentual de execução física se refere a quanto de uma obra foi realizado, mesmo que ela não tenha sido inaugurada. O percentual de obras concluídas corresponde a quantas ações foram 100% concluídas, em comparação com número total de ações.

Por exemplo, se tivéssemos apenas duas obras na Copa, com o mesmo custo, sendo que uma teria sido 100% concluída e a outra estivesse pela metade, então o percentual de execução física seria de 75% e o de obras concluídas seria de 50%.

Vale acrescentar que o percentual médio de execução física é ponderado pelo valor contratado para a obra. Quanto mais caro o empreendimento, maior o peso que ele terá na média. Por exemplo, se temos duas ações, sendo que uma foi 40% executada e outra foi 60%, a média de execução não será necessariamente de 50%. Vai depender de quanto cada uma custou. Se a primeira vale R$ 100 milhões, e a segunda, R$ 50 milhões, a média de execução física será de 47%.

Veja abaixo qual foi o volume de recursos contratados para cada tipo de obra e qual o percentual médio de execução física. Aqui, os dados estão agrupados por tema. No próximo post desta série sobre a Copa, o blog falará sobre as obras mais caras em cada modalidade, informando também qual é o órgão responsável pela realização.

As ações que foram abortadas sem que se tenha contratado nenhum recurso não estão incluídas no cálculo. Nos casos em que foram contratados recursos mas não há informação sobre o percentual de execução da obra, o dado foi incluído apenas na coluna “Recursos contratados” e não foi considerado na média geral de percentual de execução.

Estádios

Cidade-sedeRecursos contratados (R$ milhões)% de execução física
Belo Horizonte678100%
Brasília1.438100%
Cuiabá59697%
Curitiba23483%
Fortaleza519100%
Manaus65199%
Natal40091%
Porto Alegre33099%
Recife385100%
Rio de Janeiro1.077100%
Salvador689100%
São Paulo82093%
TOTAL7.81798%
Fonte: Controladoria-Geral da União. Elaboração própria

 

Aeroportos

Cidade-sedeRecursos contratados (R$ milhões)% de execução física
Belo Horizonte48050%
Brasília*1.133
Cuiabá11171%
Curitiba29841%
Fortaleza40516%
Manaus35289%
Natal**164100%
Porto Alegre27916%
Recife0
Rio de Janeiro42570%
Salvador13970%
São Paulo4.42493%
TOTAL8.21072%
* Em Brasília, não há dados suficientes que permitam calcular a média de execução física das obras.** Em Natal, há duas ações no aeroporto. Para uma delas, não há informação atualizada sobre o valor contratado nem o percentual de execução da obra. Foi considerada neste cálculo apenas a obra para a qual há dados

 

Mobilidade

Cidade-sedeRecursos contratados (R$ milhões)% de execução física
Belo Horizonte1.17593%
Brasília4340%
Cuiabá1.59351%
Curitiba34480%
Fortaleza61740%
Manaus0
Natal3245%
Porto Alegre*33
Recife84881%
Rio de Janeiro1.70282%
Salvador**2177%
São Paulo54955%
TOTAL7.25068%
* Não há informação atualizada do percentual de execução de uma das obras em Porto Alegre. Por isso, esta tabela exclui a cidade do cálculo da execução média
** Não foi informado o valor contratado das obras de mobilidade em Salvador e São Paulo, por isso os números citados se referem ao custo previsto

 

Outras obras

A maior parte das obras da Copa pode ser dividida em reforma ou construção de estádios, reforma de aeroportos e ações de mobilidade urbana. Há, no entanto, algumas que não se encaixam nesses três grupos.

Entre elas estão ações de segurança pública, para as quais foram contratados R$ 504 milhões, e ações nacionais no setor de telecomunicações, ao custo de R$ 260 milhões.

Também há obras nos portos de Santos (R$ 274 milhões), Fortaleza (R$ 175 milhões em recursos contratados), Manaus (R$ 4,6 milhões), Natal (R$ 92 milhões), Recife (R$ 28 milhões) e Salvador R$ 31,2 milhões).

* Este post informava incorretamente que o volume contratado para obras em aeroportos para a cidade de São Paulo era de R$ 2,3 bilhões. Porém, tal valor se refere apenas ao Aeroporto de Guarulhos, ignorando a de Viracopos. Considerando ambas, os recursos para aeroportos chegam a R$ 4,4 bilhões em São Paulo e R$ 8,2 bilhões no país. O erro foi corrigido às 11h43 de 16/7.


Inflação dos últimos 20 anos é menor que a dos seis meses antes do real
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Sílvio Guedes Crespo

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A inflação acumulada ao longo dos 20 anos em que o real está em circulação é menor do que a dos seis meses que antecederam a criação da moeda.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, o indicador oficial de inflação) registrou uma alta de 362% de julho de 1994, quando o real começou a circular, a junho de 2014.

De janeiro a junho de 1994, o aumento havia sido de 757%.

O gráfico abaixo nos ajuda a enxergar a diferença gritante entre a época da hiperinflação e a atual.

inflacao plano real

Vemos no gráfico três momentos em que a inflação teve uma queda expressiva. O primeiro foi em 1986, época do Plano Cruzado. Pouco depois, no entanto, a inflação disparou. A segunda redução ocorreu no início da década de 1990, com o Plano Collor, também seguida por novo surto de hiperinflação. O terceiro momento de queda foi em meados daquela mesma década, com o Plano Real.