No governo Dilma, renda cresce duas vezes mais rápido do que na era Lula
Sílvio Guedes Crespo
Texto atualizado às 15h06 (acrescentada explicação sobre preços no final)
Está aí um dado que ajuda a explicar por que a popularidade da presidente Dilma Rousseff continua alta. Em meio à piora de importantes indicadores econômicos (desaceleração do Produto Interno Bruto, recuo da indústria, diminuição dos investimentos), ao menos dois – talvez os que mais influenciem a decisão do eleitor – continuam com desempenho positivo, pelo menos por enquanto: a renda e o emprego.
Nos dois primeiros anos do governo Dilma, a renda média das pessoas ocupadas teve um aumento real de 2,9% ao ano, mais que o dobro do verificado na era Lula (1,3% ao ano), de acordo com dados do IBGE, compilados por Achados Econômicos. No total, a alta foi de 10,9% ao longo dos oito anos de Lula e de 5,8% nos dois primeiros de Dilma.
Somente em 2012, o ano do “pibinho”, em que o PIB cresceu 1% ou menos segundo estimativas, o rendimento médio do brasileiro subiu 3,2% acima da inflação. Não foi das maiores altas da última década, mas está acima da média.
Investimentos
É claro que a renda da população não é consequência unicamente de decisões de um presidente. E é claro, também, que muitos dos efeitos das medidas dos governos no mercado de trabalho não são imediatos. Mas é igualmente verdadeiro que muitos eleitores tendem a aprovar mais o governo de plantão (ou desaprovar menos) quando estão com mais dinheiro no bolso, e a criticar mais quando estão com menos.
Uma questão que permanece agora é se o atual quadro do mercado de trabalho, com baixo desemprego e renda em ascensão, é sustentável. A resposta deve vir nas próximas estatísticas sobre os investimentos das empresas. Os números indicarão se os empresários estão dispostos a colocar mais dinheiro na produção. No terceiro trimestre do ano passado, o que ocorreu foi o inverso, uma queda nos investimentos.
Preços
Alguns leitores deixaram comentários sugerindo incluir nesta análise a alta dos preços. Explico que os números citados até aqui, no texto e nos gráficos, já descontam a inflação. Por exemplo, no primeiro gráfico, a barra da direita mostra um aumento de 3,2%. Esse número se refere a quanto o rendimento subiu acima da inflação. O chamado aumento nominal (sem descontar a inflação) foi de 9,4%. A inflação pelo INPC (um dos índices oficiais) foi de 6,2%. O aumento real, portanto, é aquele mostrado no gráfico, de 3,2%.
O outro gráfico segue a mesma lógica. Os dados estão atualizados pelo INPC a preços de 2012. Na primeira barra, por exemplo, está escrito que a renda média de dezembro de 2011, quando corrigida pela inflação, equivale hoje a R$ 1.749. Em outras palavras, a renda média naquela época (nominalmente de R$ 1.650) tinha um poder de compra equivalente ao que hoje tem uma pessoa que ganha R$ 1.749. Lembrando que aqui estamos trabalhando sempre com dados do IBGE. Respondendo a questão de um leitor, a série histórica da pesquisa mensal de emprego do instituto começa em março de 2002, por isso não há dados de anos anteriores.