Achados Econômicos

Saiba quanto um bilionário pode torrar por mês sem precisar trabalhar

Sílvio Guedes Crespo

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Jorge Paulo Lemann, o mais rico do Brasil, segundo a Forbes

Jorge Paulo Lemann, a pessoa mais rica do Brasil, segundo a Forbes

O que você acharia de torrar o máximo de dinheiro que conseguir e, após um ano, descobrir que seu patrimônio só aumentou?

Essa é a realidade de qualquer um dos bilionários brasileiros que não concentram sua fortuna em ações de empresas que viram pó.

Se uma pessoa como Silvio Santos, dono do SBT, Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, ou Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, colocar o seu patrimônio em títulos públicos, ganhará mais de R$ 90 milhões por ano somente com o rendimento real dessa aplicação, o que dá mais de R$ 7 milhões mensais.

Não, não é que o patrimônio dessas pessoas renderia R$ 7 milhões por mês. Isso é o que elas teriam à disposição para gastar, já descontados a inflação e o Imposto de Renda.

Detalhe: aqui não estamos falando de quanto os bilionários podem gastar, mas, sim, torrar. Por “torrar”, entendo um gasto que não volta mais. Se a pessoa compra um carro de R$ 1 milhão, ela pode revender, um ano depois, por, digamos, R$ 700 mil. Nesse caso, o que ela torrou, mesmo, foram só R$ 300 mil.

Se quisermos radicalizar, podemos fazer uma simulação para o Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil. Ele tem uma fortuna de US$ 21,3 bilhões, segundo a revista Forbes, o que dá cerca de R$ 50 bilhões hoje. Se conseguisse vender todas as suas ações pelo preço atual, e aplicar tudo em títulos públicos, ele ganharia, somente com os juros, cerca de R$ 160 milhões por mês.

Vale dizer que, nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, nada disso seria possível. Nesses países, atualmente, os títulos públicos rendem menos que a inflação. Se Bill Gates colocasse todos os seus US$ 81,6 bilhões em papéis do Tesouro americano, ele iria não ganhar, mas perder cerca de US$ 100 milhões por mês. Esse é o valor que seria corroído pela inflação.

Claro que esse é um cenário hipotético. Nenhum bilionário coloca todo o seu patrimônio em títulos públicos. Até porque eles têm a possibilidade de arriscar mais e ganhar mais.

Caso aplicassem em títulos públicos, eles não concentrariam o risco em algumas empresas específicas, mas o diluiriam na sociedade como um todo. Quem paga os juros da dívida do governo, no fim das contas, são todos aqueles que pagam impostos. (É verdade que o governo rola parte da dívida, mas a rolagem seria impossível se não houvesse arrecadação; vide Grécia). Desse modo, se uma pessoa vive dos juros de títulos públicos, significa que a sociedade trabalha por ela.

Mas normalmente os bilionários, ao menos segundo a descrição da Forbes sobre o patrimônio deles, têm grande parte da sua fortuna em ações ou participações em empresas. Em última análise, portanto, a renda deles vem principalmente do trabalho dos funcionários. Se os empregados fizerem muita bobagem, o dono certamente perderá alguma coisa. Mas os investidores aceitam esse risco na esperança de ganhar mais do que se aplicassem em títulos públicos.

Veja abaixo quanto alguns bilionários brasileiros poderiam gastar por mês, sem perder patrimônio, se aplicassem toda a sua fortuna em renda fixa.

A estimativa de rendimento dos títulos públicos, do CDB e da poupança foi feita pelo economista Pedro Raffy Vartanian, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os dados sobre a fortuna dos bilionários são da revista Forbes. O título público considerado foi a NTN-B com vencimento em 2035. Para o CDB, considerou-se um retorno de 100% do CDI. Para a poupança, foi considerado o rendimento dos últimos 12 meses. Os números já descontam todas as taxas, a inflação e o Imposto de Renda.

Clique nos nomes para saber mais sobre cada bilionário.

 

Silvio Santos

Fortuna: R$ 2,4 bilhões (US$ 1 bilhão)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 781 mil

…em CDB: R$ 5,4 milhões

…em títulos públicos: R$ 7,8 milhões

 

Edir Macedo

Fortuna: R$ 2,9 bilhões (US$ 1,2 bilhão)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 941 mil

…em CDB: R$ 6,5 milhões

…em títulos públicos: R$ 9,4 milhões

 

Michael Klein

Fortuna: R$ 4,5 bilhões (US$ 1,9 bilhão)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 1,5 milhão

…em CDB: R$ 10,1 milhões

…em títulos públicos: R$ 14,6 milhões

 

Irmãos Moreira Salles (Pedro, Walter, João e Fernando)

Fortuna: R$ 7,1 bilhões cada (US$ 3,1 bilhões)

Quanto cada irmão poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 2,3 milhões

…em CDB: R$ 16 milhões

…em títulos públicos: R$ 23,2 milhões

 

Abílio Diniz

Fortuna: R$ 8,9 bilhões (US$ 3,8 bilhões)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 2,9 milhões

…em CDB: R$ 19,9 milhões

…em títulos públicos: R$ 28,8 milhões

 

André Esteves

Fortuna: R$ 9,8 bilhões (US$ 4,2 bilhões)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 3,2 milhões

…em CDB: R$ 22 milhões

…em títulos públicos: R$ 31,9 milhões

 

Eduardo Saverin

Fortuna: R$ 9,5 bilhões (US$ 4,1 bilhões)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 3,1 milhões

…em CDB: R$ 21,3 milhões

…em títulos públicos: R$ 30,9 milhões

 

Irmãos Marinho (Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto)

Fortuna: R$ 15,9 bilhões cada (US$ 6,8 bilhões)

Quanto cada irmão poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 5,2 milhões

…em CDB: R$ 35,6 milhões

…em títulos públicos: R$ 51,6 milhões

 

Joseph Safra

Fortuna: R$ 35,9 bilhões (US$ 15,4 bilhões)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 11,7 milhões

…em CDB: R$ 80,5 milhões

…em títulos públicos: R$ 116,7 milhões

 

Jorge Paulo Lemann

Fortuna: R$ 49,7 bilhões (US$ 21,3 bilhões)

Quanto ele poderia ganhar por mês se investisse…

…na poupança: R$ 16,2 milhões

…em CDB: R$ 111,5 milhões

…em títulos públicos: R$ 161,6 milhões