Formalização do trabalho bate recorde em meio a ‘pibinho’ e custos trabalhistas
Sílvio Guedes Crespo
Texto atualizado às 18h02*
Enquanto a indústria encolhe e a economia em geral caminha a passos lentos, muitos ainda não veem sinais de crise. Eles continuam empregados e, de quebra, a proporção de postos com carteira assinada subiu, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em janeiro, os empregados vinculados à CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) eram nada menos que 54,5% do total de pessoas ocupadas, nível mais alto desde que o IBGE começou a fazer essa pesquisa, em março de 2002. Naquela época, a taxa era de 46%.
Já o emprego informal, inversamente, está no menor patamar da série histórica. O número de trabalhadores do setor privado sem carteira corresponde a 15,2% do total de ocupados, proporção que teve uma leve queda em 2012, o ano do “pibinho”, em que o produto interno bruto do país cresceu cerca de 1%, segundo estimativas de analistas. A proporção de trabalhadores do setor privado sem carteira assinada passou de 15,8% em janeiro de 2012 para os atuais 15,2%.
Pode parecer que o IBGE e o Ministério do Trabalho estão se contradizendo um ao outro, pois o segundo apontou que o mês de janeiro de 2013 foi o pior dos últimos quatro anos. O caso é que foi o pior no sentido de que houve um aumento menor (e não redução) do número de empregos formais. Como a população ocupada cresceu menos, a taxa de formalização aumentou.
Essa formalização, vale notar, acontece em meio a um cenário perturbador para o empresariado. Além de a atividade econômica estar fraca, os custos para contratar um empregado no Brasil são os maiores em um ranking de 30 países, conforme um estudo recente.
Um cenário em que os empregadores vão mal e os empregados vão bem pode parecer não ter lógica. Mas tem, ainda que reflita um momento passageiro. A escassez de mão de obra para determinadas funções deu aos assalariados um poder de barganha nada desprezível. Por enquanto, parte considerável dos empresários tem bancado, como indicam os números do IBGE. Mas eles podem estar no limite, como apontou, por exemplo, o dado do Ministério do Trabalho, citado acima.
* Correção: retirado do termo 'assalariado' como sinônimo de 'empregado'