São Paulo tem 9 vezes mais corretores do que residências vendidas por mês
Sílvio Guedes Crespo
O boom imobiliário gerou tamanha expectativa no mercado de trabalho que o número de corretores praticamente triplicou desde 2004 na cidade de São Paulo. No entanto, os lançamentos cresceram bem menos, de modo que hoje já existem nove corretores para cada residência vendida por mês.
Ao final de 2004, havia na cidade 13,6 mil corretores ativos, segundo o Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis); atualmente, eles são 38,4 mil. Já o número de lançamentos comercializados no ano passado foi apenas 33% superior ao registrado em 2004, passando de 20,2 mil para 27 mil, de acordo com o Secovi-SP, o sindicato que reúne empresas do setor.
Se olharmos ano a ano, veremos que, de 2004 a 2007, o número de lançamentos comercializados subiu bem, até chegar a 36,6 mil, mas depois perdeu força. Já o contingente de corretores continuou aumentando.
No ano passado, foram comercializados 27 mil lançamentos, segundo o Secovi-SP, e 22,6 mil unidades usadas, de acordo com uma projeção do Creci-SP. Na média, são 4,1 mil residências vendidas por mês.
O número de unidades usadas vendidas por estar subestimado por causa da informalidade e pelo fato de a pesquisa captar apenas o comércio intermediado por imobiliárias. Negócios fechados direto com o proprietário não entram. No entanto, não há um levantamento sistemático mais preciso que este atualmente.
Mercado disputado
É verdade que vender residência não é o único trabalho de um corretor. Eles também ganham com aluguel e com a comercialização de propriedades comerciais.
Mesmo assim, servem para dar uma ideia de como está acirrada a competição entre os corretores que vendem residências.
“Muitos corretores se credenciam para trabalhar em um lançamento, mas depois não seguem carreira”, afirma Germano Leardi, diretor de relações institucionais da rede de imobiliárias Paulo Roberto Leardi.
Ele acredita, ainda, que parte do aumento do número de corretores credenciados é explicada pela regularização de profissionais que já vinham atuando de modo informal.
Para ele, a concorrência força os corretores a se especializarem. A empresa chegou a abrir um curso, hoje com 350 alunos, sobre o mercado imobiliário, inclusive com disciplinas como fotografia e matemática financeira.
Segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP, há corretores que se inscrevem no Creci apenas para fazer negócios eventuais e não dão continuidade à profissão. Na opinião dele, “o mercado precisa de muito mais corretores”.