Após corte de impostos, preço de itens básicos cai 1,59%
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 15h13*
Variação de preço dos itens desonerados
Produto | Variação em abril (%) |
Açúcar refinado | -4,5 |
Açúcar cristal | -3,41 |
Óleo | -2,05 |
Carnes | -1,78 |
Café moído | -1,37 |
Aves e ovos | -1,09 |
Papel higiênico | -0,82 |
Café solúvel | -0,76 |
Pasta de dente | -0,34 |
Sabonete | -0,03 |
Carnes e peixes industrializados | 0,14 |
Pescados | 1,1 |
Manteiga | 1,33 |
Média ponderada | -1,3 |
Os produtos da cesta básica que ficaram isentos de impostos federais tiveram uma queda de preços de 1,3% em abril, depois de já terem caído 0,29% em março, conforme apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quarta-feira (8). Nesses dois meses, a queda acumulada foi de 1,59%.
No início de março, o governo desonerou os produtos da cesta básica sobre os quais ainda havia tributos federais. As alíquotas chegavam a 12,5%, conforme indica uma tabela elaborada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), reproduzida abaixo.
Sem a queda de preço desses itens, o índice oficial de inflação não teria voltado a ficar abaixo do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 6,5% ao ano. Nos últimos 12 meses, o indicador subiu 6,49%. Apesar de ainda alto, o número mostra uma leve desaceleração de preços, pois nos 12 meses encerrados em março a alta havia sido de 6,59%.
As carnes, grupo desonerado que tem o maior peso no índice, tiveram uma queda de 1,78%. Dentro desse conjunto, as maiores quedas foram da carne de carneiro (-5,26%), filé mignon (-2,8%) e contra filé (-2,8%).
Não é possível saber qual foi o impacto da desoneração da cesta básica, pois há diversos fatores que influenciam o preço dos produtos. A variação pode ter resultado não só do corte de impostos, mas também de eventos sazonais.
Preocupação
Apesar da desaceleração em abril, a inflação continua em patamar alto, beirando o teto da meta do governo, e é a principal preocupação dos executivos de grandes empresas, segundo uma enquete recente feita pelo jornal Valor Econômico.
Enquanto esses itens citados acima caíram, vários outros subiram, como a batata inglesa (16%), a cebola (11%), a cenoura (8%) e os produtos farmacêuticos (2,99%).
A inflação no Brasil terminou o ano passado em 5,84%, número superior à média mundial, que foi de 3,9%, e também a países como Bolívia (4,5%), México (4,1%), Paraguai (4%), Peru (2,7%), Colômbia (2,4%) e Chile (1,5%), entre outros. Como se poderia esperar, ficou abaixo de Venezuela (10%), Argentina (10,8%, segundo o dado oficial, que é questionado) e Uruguai (7,5%).
Apesar da queda em março e abril dos preços dos produtos recém desonerados, quando se observa o total da cesta básica nota-se que a inflação tem sido forte. Conforme apontou este mesmo blog há três semanas, as mercadorias da cesta básica avançaram 23% em São Paulo e 32% em Salvador, nos 12 meses encerrados em março.
Esses números mostram que a inflação da cesta básica já está corroendo o poder de compra dos mais pobres, pois, no mesmo período, o salário mínimo subiu apenas 9%. Até então, o mínimo vinha aumentando acima da variação desses preços. O alívio que os preços de produtos desonerados trouxe ao índice de inflação é importante, mas insuficiente.
* Correção: a queda nos preços dos produtos desonerados foi de 1,59% em abril e março, e não de 1,5%, como informado anteriormente. Em abril, foi de 1,3%, não de 1,2%. Os erros foram corrigidos às 15h14