Achados Econômicos

Comércio tem crescimento mais baixo dos últimos 10 anos

Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 10h14*

O comércio, setor que continuava apresentando bons resultados apesar da fraqueza da economia em geral, perdeu fôlego e cresceu apenas 3% no período de janeiro a junho, menor variação dos últimos anos, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A última vez em que o setor teve um desempenho pior em um primeiro semestre foi em 2003, quando houve uma retração de 5,6%, como indica o gráfico.

Depois disso, o varejo disparou e passou a crescer a uma média de 8% nesse período do ano, atingindo um pico de 11,5% em 2010, último ano do governo Lula.

O varejo continuou forte nos dois primeiros anos da gestão Dilma, tendo crescido 9% no primeiro semestre de 2012. Foi nos últimos meses que o setor começou a fraquejar.

Contrapeso

O desempenho do comércio, no ano passado, serviu como um contrapeso ao fraco resultado da atividade econômica como um todo.

O consumo das famílias, ao crescer 3,1%, ajudou a compensar a queda de 4% dos investimentos.

Mas os números do primeiro semestre de 2013 indicam que o consumo está perdendo fôlego. Nos 12 meses encerrados em janeiro, as vendas em supermercados, por exemplo, haviam subido 8,4% sobre igual período do ano anterior. Já nos 12 meses até junho de 2013, a alta foi de 4,4%.

Nesse mesmo tipo de comparação, o comércio de móveis, eletrodomésticos e artigos farmacêuticos também desacelerou, conforme o gráfico abaixo.

 

Houve um pequeno aumento do crescimento no setor de roupas, no mercado editorial e de papelaria, bem como no segmento que o IBGE classifica como “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, mas não o suficiente para reverter a desaceleração geral do comércio.

Emprego

O comércio foi crucial para manter o nível de emprego nos últimos anos, em que a expansão do PIB passou de 7,5%, em 2010, para 2,7%, em 2011, e 0,9%, no ano passado.

Em 2011 e 2012, o comércio varejista gerou 715 mil empregos com carteira assinada, enquanto a indústria de transformação criou 316 mil, e a agricultura, apenas 92 mil.

No entanto, em 2013 está ocorrendo uma inversão. Em vez de abrir vagas, o comércio fechou 39 mil de janeiro a junho.

A boa notícia é que, no mesmo período, a indústria compensou essa perda. No primeiro semestre, gerou 187 mil empregos formais, mais que o dobro de todo o ano passado (91 mil).

Se a retomada da indústria se sustentar no longo prazo, isso pode ter impacto positivo no comércio, que poderia, mais à frente, se recuperar da atual desaceleração.

Título alterado de 'Ritmo de crescimento do comércio cai à metade em três anos' para 'Comércio tem crescimento mais baixo dos últimos 10 anos'. Início do texto adaptado ao novo recorte