Achados Econômicos

Arquivo : setembro 2013

Bancos invertem posição e ficam ‘vendidos’ em US$ 4,2 bi
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Sílvio Guedes Crespo

* Atualizado em 6/9/2013

Depois de três meses seguidos na posição ‘comprada’ em dólares, os bancos inverteram o sinal e em agosto passaram a ficar vendidos, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira.

Somadas, as instituições financeiras que atuam no país terminaram o mês de agosto “vendidas” em US$ 4,2 bilhões.

A mudança de posição ocorreu no mesmo mês em que saíram do país US$ 5,9 bilhões, a maior debandada de dólares dos últimos 15 anos registrada em meses de agosto.

Para Luiz Antonio Pardal, sócio da TCX Asset Manager, a mudança de posição dos bancos pode ter ocorrido depois que o BC anunciou, dia 22, que faria leilões diários até dezembro para tentar conter a alta do dólar (veja entrevista abaixo).

Até o dia 21 de agosto, o dólar acumulava uma alta de 7,4% naquele mês. No dia seguinte, o sentido se inverteu, e a moeda desde então caiu 3,7%.

* O post não informava que a posição ‘vendida’ em questão se referia ao mercado à vista. A informação foi acrescentada em 6/9.


Análise: indústria deixa fundo do poço, mas retomada é incerta
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Sílvio Guedes Crespo

A produção industrial tem se comportado na forma de uma montanha russa nos últimos meses, alternando momentos de alta e de baixa.

O setor teve queda de 2% em julho, depois de ter registrado desempenho negativo em fevereiro e maio, e positivo em março, abril  e junho.

O segmento que mais contribuiu para a queda em julho, o de veículos, é um dos mais instáveis. Despencou 9,5% em fevereiro, cresceu nos dois meses seguintes (8,2% e 8%, respectivamente), voltou a cair em maio, subiu em junho e recuou novamente em julho.

O farmacêutico, o segundo ramo com maior impacto negativo no índice geral da indústria em julho, também tem variado para cima e para baixo. Subiu 10% em junho e caiu 10,7% em julho, após alternar entre resultados positivos e negativos em meses anteriores.

Para evitar um olhar míope sobre a indústria brasileira neste momento de instabilidade, é recomendável observar também o desempenho em prazos maiores. Abaixo, veremos os resultados acumulados em 12 meses, sempre em relação a igual período do ano anterior.

Nesse tipo de comparação, nota-se que a indústria brasileira acabou de sair de um ciclo de baixa e entrou em uma fase de leve alta, como indica o gráfico. A consistência dessa retomada, no entanto, é incerta.

O gráfico mostra que o ciclo de baixa mais recente da indústria começou na passagem de 2011 para 2012 e viu o fundo do poço em setembro do ano passado (-2,9%). Em junho de 2013, registrou uma leve alta (0,3%), mantida no mês seguinte (0,6%).

A boa notícia é que o setor que puxou para baixo o resultado de julho apresentou melhora quando se observam os resultados acumulados em 12 meses.

A produção de veículos, que foi muito mal no ano passado (queda de 13,6%), reduziu sua queda aos poucos ao longo de 2013, de modo que passou a apresentar alta de junho (1,7%) e julho (3,3%).

Outro ponto positivo está no segmento de máquinas e equipamentos, que registrava forte queda no início do ano (-4,1% nos 12 meses encerrados em janeiro) e depois reduziu as perdas, passando a ter leve alta também a partir de junho.

O ramo de alimentos também diminuiu a queda, porém, sem ainda começar a crescer.

Mas essa análise de prazo um pouco mais longo também traz más notícias. Considerando sempre o acumulado de 12 meses, dois segmentos que mostram grande dificuldade, e põe em dúvida a retomada da indústria brasileira, são o extrativo e o têxtil.

Este último não parou de encolher desde fevereiro de 2011. Um consolo é que as taxas de queda já foram piores. Estavam em  torno de -15% na passagem de 2011 para 2012 e agora, em 2013, passaram a variar ao redor de -3%.

Dado esse grande período de retração, não se pode esperar que empresários invistam firmemente no ramo nos próximos meses, mesmo com a desvalorização do real, que encarece os tecidos importados.

Outro setor em dificuldade, o extrativo, mostrou que vai de mal a pior. Registrou uma ligeira alta de 1,8% em março, mas desde então passou a cair, e cada vez com maior intensidade, chegando a -3,7% em julho.

Com importantes ramos da indústria caminhando em direções opostas (o de veículos com sinais de recuperação, e o extrativo e outros com indicações de piora), e ainda com as incertezas na economia internacional, o futuro da indústria permanece incerto. Se o fundo do poço ficou para trás no segundo semestre do ano passado, como mostra o gráfico acima, não há sinais de que a retomada seja duradoura.

Tanto que diversos analisas econômicos, depois de terem sido pessimistas demais nas estimativas para o PIB (produto interno bruto) do segundo trimestre, erraram também as projeções para a indústria – só que, desta vez, por serem otimistas demais.

A estimativa mediana para a variação da produção industrial de junho para julho, segundo 21 especialistas consultados pela agência Reuters, era de uma queda de 1,2%. O resultado oficial foi uma retração ainda maior, de 2%.