Dados industriais de novembro apontam pessimismo exagerado de analistas
Sílvio Guedes Crespo
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A produção industrial em novembro foi 0,2% inferior à de outubro, o que pôs fim a uma série de três meses seguidos de crescimento, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em comparação com novembro de 2012, a atividade cresceu 0,4% no penúltimo mês de 2013.
Os dados não são animadores, ainda mais por ter sido justamente o setor de bens de capital (máquinas usadas na produção – portanto, um indicativo de como andam os investimentos no país) o responsável pela retração da produção industrial de outubro para novembro.
Mesmo assim, os números representam um alívio diante das expectativas de analistas, pois mostram que houve um pessimismo exagerado nas projeções.
Antes da divulgação dos dados, o jornal ''Valor Econômico'' havia perguntado a 20 consultorias e instituições financeiras quais as estimativas delas para a produção industrial em novembro. Todas esperavam um quadro pior do que o registrado depois pelo IBGE.
Nenhuma das 20 casas consultadas – entre elas as mais importantes do país – estimava que a indústria havia crescido em relação a novembro de 2012, conforme indica o gráfico acima.
Analistas raramente acertam suas projeções com exatidão. Nem se espera que o façam. É normal que às vezes errem um pouco mais para cima, outras, mais para baixo. Mas um desvio como o atual, de todos apostarem em queda e depois o dado oficial indicar alta, não é tão comum.
'Guerra psicológica'
Até o começo do ano passado, a situação era inversa. Os analistas estavam otimistas além da conta. Em janeiro de 2012, eles previam alta de 4% na produção industrial de 2013. Um ano depois, a projeção caiu para 3%. Hoje, sabe-se que o setor dificilmente avançou 2%, pois de janeiro a novembro a alta foi de apenas 1,4%.
O pessimismo excessivo de que fala este post se refere apenas às estimativas para a produção industrial de novembro. Para constatar se, de fato, existe um descolamento contínuo e generalizado entre as análises econômicas e a realidade, seria necessário examinar as projeções ao longo de um período maior e incluir também outros indicadores.
Em relação ao que a presidente Dilma Rousseff chamou de ''guerra psicológica'' (que, nesse contexto, significa uma tentativa da oposição de difundir mais as notícias ruins do que as boas), o mais provável é que isso exista mesmo e que o governo também esteja envolvido na briga. É natural, esperado e até óbvio que quem está no poder queira valorizar os dados positivos e que quem está na oposição faça o inverso. Caberá à população colocar os dois lados na balança e fazer sua própria avaliação.