Pessimismo dos empresários atinge o maior nível desde 2009
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 9h49*
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Uma onda de pessimismo se espalhou entre empresários brasileiros em 2013 a ponto de a expectativa sobre a economia cair, na média anual, para o menor nível desde 2009.
O clima de pessimismo é captado por diversas pesquisas da Fundação Getulio Vargas (FGV), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A FGV realiza sondagens mensais junto aos empresários da indústria, dos serviços, do comércio e da construção.
No caso da indústria e dos serviços, o índice de expectativa, na média de 2013, foi o mais baixo desde 2009. Já em relação ao comércio e à construção, cujas pesquisas começaram a ser feitas em 2010, o nível atingido em 2013 é o menor da série.
Pela pesquisa da CNI, a expectativa do empresário industrial é hoje a mais baixa desde 2007 (dado mais antigo disponível). Na sondagem da CNC, iniciada em 2011, o nível é o menor da série.
Histórico
A sondagem industrial da FGV é o indicador mais antigo sobre a confiança dos empresários. Ela mostra que a indústria estava mais pessimista na segunda metade da década de 1990. Depois disso, houve quatro picos de otimismo: em 2000, 2004, 2007 e 2010. De 2011 para cá, no entanto, as expectativas da indústria vêm caindo ano a ano.
Opinião
Conhecer as expectativas dos empresários é importante porque elas indicam a propensão ou não ao investimento. Quanto maior o receio por parte deles, menores as chances de fazerem grandes planos de longo prazo. Mesmo quando o pessimismo é infundado, ele pode gerar, ao menos no curto ou médio prazo, uma retração dos investimentos e, consequentemente, da economia.
Isso não quer dizer, no entanto, que as expectativas dos agentes sempre se concretizem. Há dois anos, as projeções para 2013 eram excessivamente otimistas.
Em janeiro de 2012, analistas estimavam que, em 2013, o PIB (produto interno bruto) cresceria 4,2%, que a balança comercial ficasse positiva em US$ 15 bilhões e que a inflação oficial caísse para 5%. Hoje, não há sinais de que o PIB tenha subido muito mais que 2%; a balança comercial teve um superavit de apenas US$ 2,6 bilhões e a inflação atingiu 5,91%.
No atual momento, ao contrário, temos indícios de que o pessimismo pode estar exagerado. O Itaú compara as estimativas dos analistas com os indicadores de mercado e assim chega a um número, o Índice Itaú de Surpresa. Quando o indicador dá um resultado acima de zero, significa que as surpresas foram positivas, ou seja, que o pessimismo dos analistas não se confirmou – ao menos não na intensidade estimada.
Na mediação mais recente, divulgada em dezembro, o Índice Itaú de Surpresa ficou positivo em 0,17 ponto, número mais alto entre os cinco países latino-americanos pesquisados.
Em recente entrevista ao jornal ''O Estado de S. Paulo'', o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que a crítica do mercado ao Brasil ''tem uma certa dose de exagero''. É o que indicam os dados do concorrente Itaú. O mais provável, no entanto, é que esse exagero seja pontual – um ajuste após um período de otimismo igualmente excessivo.
* Acrescentado o item 'Opinião' às 9h49