Estrangeiros elevam compras na Bovespa em 81% em 4 anos e viram maioria
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 12h11*
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Os investidores estrangeiros aumentaram suas negociações na Bolsa de Valores de São Paulo em um ritmo mais rápido do que os demais nos últimos anos, de modo que, em 2014, se tornaram maioria, em termos de volume negociado.
A compra de ações por investidores estrangeiros somou R$ 343 bilhões nos cinco primeiros meses do ano, número 81% maior do que os R$ 190 bilhões registrados em igual intervalo de 2010.
A venda subiu a um ritmo menor do que as compras. Passou de R$ 192 bilhões no período de janeiro a maio de 2010 para R$ 333 bilhões em igual período de 2014 – alta de 73%.
Em 2010 e 2011 – sempre considerando o período de janeiro a maio – as vendas de ações por estrangeiros eram ligeiramente maiores do que as compras. A partir de 2012, a situação se inverteu, e as compras passaram a superar as vendas.
Apesar de o volume de negócios por estrangeiros ainda continuar em alta, o ritmo de crescimento diminuiu fortemente. As compras aumentaram 19% em 2011, 32% no ano seguinte, 12% em 2013 e apenas 3% neste ano.
Como a movimentação financeira dos investidores residentes no país não aumentou na mesma velocidade, a participação dos estrangeiros no mercado brasileiro de ações saltou de 28%, em junho de 2010, para os atuais 50,5%, registrados em 9 de junho último.
Enquanto isso, nos últimos quatro anos, o Ibovespa, índice que mede o preço médio das ações mais negociadas da Bolsa brasileira, acumula uma queda de 15%.
Entrevista
O professor de economia Otto Nogami, do Insper, concedeu a entrevista abaixo ao blog Achados Econômicos.
Por que a participação dos estrangeiros no mercado de ações do país aumentou tanto nos últimos anos?
Existem duas razões básicas. Primeiro, nosso mercado de ações está barato demais. Para quem acredita na evolução da Bolsa, é um bom momento para ingressar nela. O segundo aspecto, principalmente no caso do investidor europeu, vem do fato de que as bolsas na Europa estão andando de lado, por causa da crise. Então, o investidor busca um mercado onde existe uma perspectiva de ganho maior. O Brasil é uma alternativa interessante para eles.
Por que o volume de investimentos brasileiros não cresceu no mesmo ritmo?
O grande problema do investidor brasileiro é que, tirando os investidores institucionais, os aplicadores se chamuscaram principalmente em função da crise de 2008. O investidor brasileiro hoje tem medo da bolsa. Isso faz com que ele acabe buscando outras aplicações.
O volume negociado por estrangeiros, apesar de ainda estar aumentando, cresce a um ritmo cada vez menor. Qual o motivo dessa desaceleração?
Existe um estoque de investidores. Quanto maior esse estoque, menor é o incremento marginal.
Além disso, o Brasil apresenta um certo grau de risco na visão do investidor estrangeiro, na medida em que o governo não adota as medidas para ajustar o aspecto macroeconômico.
* Acrescentada a entrevista às 12h11