Copa custa R$ 8 bi em estádios e R$ 16 bi em outras obras; falta acabar 18%
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 11h43 de 16/7*
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Os recursos contratados para as obras para a Copa do Mundo 2014 somaram até o momento R$ 23,45 bilhões, incluindo estádios e outras obras, e foram bancados pelos governos federal, estaduais e municipais e, em menor grau, por empresas concessionárias.
Desse valor, R$ 7,8 bilhões correspondem à construção ou reforma dos 12 estádios e R$ 15,6 bilhões se referem a outras ações, como mobilidade urbana, aeroportos e portos.
Os números se referem às informações mais atuais à disposição no Portal da Transparência. Diversas obras ainda não ficaram prontas, de modo que o custo pode aumentar. A previsão mais recente do governo é de que chegue a R$ 25,6 bilhões.
Ao todo, o grau de execução física das obras é de 82% de acordo com os dados mais recentes, ou seja, restam 18% a serem terminados.
Obras | Recursos contratados (R$ milhões) | % de execução física |
Estádios | 7.817 | 100% |
Aeroportos | 6.089 | 72% |
Mobilidade urbana | 7.250 | 68% |
Outras | 2.296 | 90% |
TOTAL | 23.451 | 82% |
Fonte: Controladoria-Geral da União |
Existe uma diferença entre o percentual de execução física e o de obras concluídas.
O percentual de execução física se refere a quanto de uma obra foi realizado, mesmo que ela não tenha sido inaugurada. O percentual de obras concluídas corresponde a quantas ações foram 100% concluídas, em comparação com número total de ações.
Por exemplo, se tivéssemos apenas duas obras na Copa, com o mesmo custo, sendo que uma teria sido 100% concluída e a outra estivesse pela metade, então o percentual de execução física seria de 75% e o de obras concluídas seria de 50%.
Vale acrescentar que o percentual médio de execução física é ponderado pelo valor contratado para a obra. Quanto mais caro o empreendimento, maior o peso que ele terá na média. Por exemplo, se temos duas ações, sendo que uma foi 40% executada e outra foi 60%, a média de execução não será necessariamente de 50%. Vai depender de quanto cada uma custou. Se a primeira vale R$ 100 milhões, e a segunda, R$ 50 milhões, a média de execução física será de 47%.
Veja abaixo qual foi o volume de recursos contratados para cada tipo de obra e qual o percentual médio de execução física. Aqui, os dados estão agrupados por tema. No próximo post desta série sobre a Copa, o blog falará sobre as obras mais caras em cada modalidade, informando também qual é o órgão responsável pela realização.
As ações que foram abortadas sem que se tenha contratado nenhum recurso não estão incluídas no cálculo. Nos casos em que foram contratados recursos mas não há informação sobre o percentual de execução da obra, o dado foi incluído apenas na coluna “Recursos contratados” e não foi considerado na média geral de percentual de execução.
Estádios
Cidade-sede | Recursos contratados (R$ milhões) | % de execução física |
Belo Horizonte | 678 | 100% |
Brasília | 1.438 | 100% |
Cuiabá | 596 | 97% |
Curitiba | 234 | 83% |
Fortaleza | 519 | 100% |
Manaus | 651 | 99% |
Natal | 400 | 91% |
Porto Alegre | 330 | 99% |
Recife | 385 | 100% |
Rio de Janeiro | 1.077 | 100% |
Salvador | 689 | 100% |
São Paulo | 820 | 93% |
TOTAL | 7.817 | 98% |
Fonte: Controladoria-Geral da União. Elaboração própria |
Aeroportos
Cidade-sede | Recursos contratados (R$ milhões) | % de execução física |
Belo Horizonte | 480 | 50% |
Brasília* | 1.133 | – |
Cuiabá | 111 | 71% |
Curitiba | 298 | 41% |
Fortaleza | 405 | 16% |
Manaus | 352 | 89% |
Natal** | 164 | 100% |
Porto Alegre | 279 | 16% |
Recife | 0 | – |
Rio de Janeiro | 425 | 70% |
Salvador | 139 | 70% |
São Paulo | 4.424 | 93% |
TOTAL | 8.210 | 72% |
* Em Brasília, não há dados suficientes que permitam calcular a média de execução física das obras.** Em Natal, há duas ações no aeroporto. Para uma delas, não há informação atualizada sobre o valor contratado nem o percentual de execução da obra. Foi considerada neste cálculo apenas a obra para a qual há dados |
Mobilidade
Cidade-sede | Recursos contratados (R$ milhões) | % de execução física |
Belo Horizonte | 1.175 | 93% |
Brasília | 43 | 40% |
Cuiabá | 1.593 | 51% |
Curitiba | 344 | 80% |
Fortaleza | 617 | 40% |
Manaus | 0 | |
Natal | 324 | 5% |
Porto Alegre* | 33 | – |
Recife | 848 | 81% |
Rio de Janeiro | 1.702 | 82% |
Salvador** | 21 | 77% |
São Paulo | 549 | 55% |
TOTAL | 7.250 | 68% |
* Não há informação atualizada do percentual de execução de uma das obras em Porto Alegre. Por isso, esta tabela exclui a cidade do cálculo da execução média | ||
** Não foi informado o valor contratado das obras de mobilidade em Salvador e São Paulo, por isso os números citados se referem ao custo previsto |
Outras obras
A maior parte das obras da Copa pode ser dividida em reforma ou construção de estádios, reforma de aeroportos e ações de mobilidade urbana. Há, no entanto, algumas que não se encaixam nesses três grupos.
Entre elas estão ações de segurança pública, para as quais foram contratados R$ 504 milhões, e ações nacionais no setor de telecomunicações, ao custo de R$ 260 milhões.
Também há obras nos portos de Santos (R$ 274 milhões), Fortaleza (R$ 175 milhões em recursos contratados), Manaus (R$ 4,6 milhões), Natal (R$ 92 milhões), Recife (R$ 28 milhões) e Salvador R$ 31,2 milhões).
* Este post informava incorretamente que o volume contratado para obras em aeroportos para a cidade de São Paulo era de R$ 2,3 bilhões. Porém, tal valor se refere apenas ao Aeroporto de Guarulhos, ignorando a de Viracopos. Considerando ambas, os recursos para aeroportos chegam a R$ 4,4 bilhões em São Paulo e R$ 8,2 bilhões no país. O erro foi corrigido às 11h43 de 16/7.