Após disparar, salário mínimo em dólar cai e volta ao nível de 2010
Sílvio Guedes Crespo
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O salário mínimo brasileiro, quando convertido para dólares, teve um aumento brutal de 2003 até 2011. Depois disso, no entanto, ele inverteu o sentido e passou a cair gradativamente, voltando agora ao nível de 2010.
Desde o início do ano, o mínimo está em R$ 724. Pela cotação média do dólar no primeiro semestre, de R$ 2,297, quem recebe esse salário ganhou, por mês, o equivalente a US$ 315 de janeiro a junho.
Em 2010, o salário mínimo tinha esse mesmo poder de compra quando convertido para dólares. Em reais, era R$ 510. Passando para dólar pela cotação média anual e atualizando pela inflação, o mínimo naquele ano tinha o mesmo poder de compra que US$ 315 têm hoje.
Isso quer dizer que uma pessoa que ganhava o salário mínimo em 2010, se fosse gastar tudo nos Estados Unidos, teria exatamente o mesmo poder aquisitivo que tem hoje. Esse dado serve para dar uma ideia da capacidade do trabalhador pobre de obter produtos importados.
O gráfico abaixo mostra a situação com mais clareza.
A linha vermelha representa o salário mínimo em reais de hoje, ou seja, atualizado pelo índice oficial de inflação, o IPCA. A linha verde corresponde ao salário mínimo convertido para dólar, pela cotação média de cada ano, e atualizado pelo CPI, o índice oficial de preços dos Estados Unidos.
Em todo o período abrangido pelo gráfico, o salário mínimo em reais quase sempre foi reajustado acima da inflação.
Já quando olhamos para o mínimo em dólares, vemos que ele subiu de 1994 a 1997 e depois despencou, atingindo o fundo do poço em 2002. Em seguida, disparou 292% até chegar a US$ 343 em 2011. Depois disso, caiu 8%, para os atuais US$ 315.
Os números são um sinal de que, de 2003 a 2011, quem recebia o mínimo aumentou significativamente sua capacidade de obter produtos importados. Já de 2012 para cá, essas pessoas perderam poder de adquirir bens estrangeiros.