Em 15 anos, matérias-primas dobram presença nas exportações e viram maioria
Sílvio Guedes Crespo
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As matérias-primas têm aumentado fortemente sua participação nas exportações do país e, no primeiro semestre de 2014, tornaram-se maioria entre os bens vendidos ao exterior.
No primeiro semestre de 2002, os produtos básicos corresponderam a 25% das exportações brasileiras, enquanto os industrializados ficaram com 75%. Já na primeira metade de 2014, mais da metade (50,8%) das vendas ao exterior foi de mercadorias básicas.
A classificação das mercadorias usada pelo Ministério do Desenvolvimento, que provê esses dados, divide os bens em dois grandes grupos: o de produtos básicos (matérias-primas) e o dos industrializados. Esta segunda categoria tem ainda duas subdivisões: semimanufaturados e manufaturados.
Os semimanufaturados são produtos que passaram por uma transformação industrial simples. Dentro desse grupo, os bens que o Brasil mais exporta são açúcar bruto (o refinado já é considerado manufaturado), celulose, couro e ligas de ferro.
Já no conjunto dos manufaturados, as mercadorias mais exportadas ''made in Brazil'' são combustíveis, automóveis e aviões. Porém, dentro desse grupo estão também bens menos sofisticados industrialmente, como açúcar refinado, suco de laranja, café solúvel e outros.
A trajetória de aumento da importância das matérias-primas nas exportações pode ser dividida em duas fases.
Na primeira, de 2003 a 2011, as vendas de produtos industrializados ao exterior cresceram fortemente (230%), mas as de bens básicos avançaram ainda mais (798%).
Já na segunda fase, de 2012 para cá, as exportações de matérias-primas ficaram estagnadas, enquanto as de bens industrializados caíram 12,5%.
O segundo gráfico mostra a evolução das exportações em dólares. Elas variaram pouco entre 1995 e 2002. Os produtos básicos oscilaram entre US$ 5 bilhões e US$ 7 bilhões, enquanto os industrializados ficaram US$ 16 bilhões e US$ 22 bilhões.
A partir de 2003, houve um aumento forte das exportações de ambos os grupos, como fica claro pela inclinação das linhas verde e vermelha do gráfico.
Em 2009, com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos, ocorreu uma queda acentuada das exportações, principalmente de produtos industrializados. Os dois anos seguintes foram de recuperação, mas, depois de 2011, as vendas de produtos básicos ficaram estagnadas e as dos demais bens têm caído.