Bancos privados chegam a cobrar mais que o dobro dos públicos pelo mesmo serviço
Sílvio Guedes Crespo
Diversos bancos privados ainda cobram das pessoas físicas tarifas muito mais altas que os públicos, segundo dados do Banco Central.
De 45 tipos de tarifas listadas no site do Banco Central, 35 são maiores nos bancos privados e 10 nos públicos.
O pacote padronizado, por exemplo, custa em média R$ 11,72 nos bancos públicos e R$ 24,67 nos privados. Esse conjunto de serviços inclui o cadastro inicial do cliente, quatro extratos por mês referentes ao período corrente, dois extratos por mês referentes a períodos anteriores, oito saques mensais em terminais de autoatendimento e quatro transferências, também por mês, entre contas da mesma instituição financeira.
Vale notar que, entre os grandes bancos, a diferença não é tanta. Pelo pacote básico, a Caixa Econômica Federal cobra até R$ 9,50; o Itaú, R$ 9,85; o Banco do Brasil, R$ 9,90; o Santander, R$ 10; e o Bradesco, R$ 12. Entre esses, o preço mais alto é, portanto, 26% maior que o mais baixo.
A comparação fica desequilibrada quando se incluem os bancos médios. Há 26 deles que cobram acima de R$ 20 pelo mesmo pacote, e um que embolsa até R$ 245, como pode ser observado no ranking do BC.
Não se pode esquecer que há exceções, tanto de um lado quanto de outro. Há o Bancoob, que é privado, e cobra até R$ 9 pelo pacote padronizado, e o Banrisul, estatal, onde o serviço sai por R$ 14 (42% mais do que no Itaú).
Em outubro, o governo decidiu reduzir as tarifas dos bancos públicos, de modo a forçar os privados a fazer o mesmo. Várias instituições não estatais acabaram reduzindo, mas, na média, como mostram esses dados do BC, elas ainda são mais caras.
Serviços
A maior diferença, entre as tarifas comparáveis, é a de compra de moeda estrangeira por meio de cheque de viagem. Nos bancos estatais, o serviço custa em média R$ 28; nos privados, R$ 127 (353% mais).
Vale notar que o Santander, que é privado, nesse item é o mais barato entre os grandes, cobrando R$ 20. O Itaú leva R$ 30, enquanto o Bradesco e o BB embolsam R$ 40. A Caixa não tem esse serviço. Por isso, antes de contratar um serviço específico, como cartão de crédito ou cartão de viagem, vale a pena olhar o ranking do BC.
Abaixo, os serviços pelos quais os bancos privados cobram mais caro das pessoas físicas, em comparação com os públicos.
Serviço | Tarifa média em bancos privados | Tarifa média em bancos públicos | Quanto se economiza nos bancos públicos (%) |
Compra de moeda estrangeira em cheque de viagem | 126,75 | 28 | 77,9 |
Forncimento de folhas de cheque | 4,73 | 1,26 | 73,4 |
Venda de moeda estrangeira em cheque de viagem | 58,88 | 17,50 | 70,3 |
Cheque visado (endossado) | 15,3 | 5 | 67,3 |
Transferência entre contas do mesmo banco | 2,92 | 1,08 | 63 |
Venda de moeda estrangeira em cartão pré-pago | 64,24 | 26,67 | 58,5 |
- Fonte: Banco Central
Confira também as tarifas mais caras dos bancos públicos, em comparação com os privados, sempre referentes às pessoas físicas.
Serviço | Tarifa média em bancos privados | Tarifa média em bancos públicos | Quanto se economiza nos bancos privados (%) |
Pagamento de contas utilizando cartão na função crédito em espécie | 5,08 | 8,40 | 39,52 |
Cheque administrativo | 19,12 | 30,21 | 36,71 |
Extrato mensal em terminal de auto-atendimento (exceto se já esteja incluso em um pacote previamente vendido ao cliente) | 1,45 | 2,23 | 34,98 |
2ª via de cartão com função de movimentar conta poupança | 5,13 | 7,61 | 32,59 |
Ordem de pagamento (transferência para uma pessoa retirar o dinheiro em espécie) | 17,98 | 25,93 | 30,66 |
Exclusão do cadastro de emitentes de cheque sem fundo | 26,81 | 36,89 | 27,32 |
- Fonte: Banco Central
Na semana que vem, o blog Achados Econômicos publicará um ranking das maiores e menores tarifas, entre as grandes instituições financeiras do país.