Achados Econômicos

Em ano de ‘pibinho’ e inflação, aumento salarial via sindicato bate recorde

Sílvio Guedes Crespo

O ano de 2012 foi o melhor dos últimos tempos para os empregados que fazem parte de negociações coletivas de salário, apesar do “pibinho” e da inflação acima do centro da meta.

O aumento médio que os trabalhadores tiveram por meio de acordos ou convenções sindicais superou a inflação em 1,96%, algo que não ocorria desde pelo menos 1996, quando o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) iniciou essa série pesquisas.

E não é que algum segmento, em particular, tenha conseguido um reajuste tão alto a ponto de distorcer a média. Ao contrário, a possibilidade de aumento real se espalhou por quase todas as unidades de negociação.

No ano passado, por exemplo, 94,6% delas tiveram alta salarial acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC); em 1996, apenas 51,9% conseguiram tal façanha, conforme indica o gráfico abaixo.

A indústria, justamente o setor que puxou o PIB brasileiro para baixo no ano passado, foi ao mesmo tempo o que deu maior reajuste aos empregados. Enquanto a produção caiu 2,7%, os acordos coletivos culminaram em alta de 2,04% nos salários, já descontada a inflação. No comércio, o reajuste médio real foi de 2%; nos serviços, de 1,81%.

A história começa a fazer mais sentido quando olhamos para o período em que cada grupo de trabalhadores negociou os salários. Aqueles que chegaram a um acordo no primeiro semestre conseguiram aumentos maiores. Em janeiro, o reajuste real foi de 2,52%.

A partir de julho, quando foi ficando mais claro que a atividade econômica não iria se recuperar tão rapidamente, os aumentos se tornaram cada vez mais modestos. Até que, em dezembro, ficaram em apenas 1,12% acima da inflação, o pior mês do ano.

Se essa trajetória continuar em 2013, é possível que diversos grupos de empregados não consigam repor as perdas com a inflação. Para mudar isso, as empresas precisam se sentir à vontade para aumentar os investimentos.

Por enquanto, os dados não permitem ter certeza do que ocorrerá. Enquanto a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que os investimentos da indústria esboçam recuperação, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou que os empresários do setor devem investir 9,5% a menos este ano.