Achados Econômicos

Arquivo : abril 2013

São Paulo tem 9 vezes mais corretores do que residências vendidas por mês
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Sílvio Guedes Crespo

O boom imobiliário gerou tamanha expectativa no mercado de trabalho que o número de corretores praticamente triplicou desde 2004 na cidade de São Paulo. No entanto, os lançamentos cresceram bem menos, de modo que hoje já existem nove corretores para cada residência vendida por mês.

Ao final de 2004, havia na cidade 13,6 mil corretores ativos, segundo o Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis); atualmente, eles são 38,4 mil. Já o número de lançamentos comercializados no ano passado foi apenas 33% superior ao registrado em 2004, passando de 20,2 mil para 27 mil, de acordo com o Secovi-SP, o sindicato que reúne empresas do setor.

Se olharmos ano a ano, veremos que, de 2004 a 2007, o número de lançamentos comercializados subiu bem, até chegar a 36,6 mil, mas depois perdeu força. Já o contingente de corretores continuou aumentando.

No ano passado, foram comercializados 27 mil lançamentos, segundo o Secovi-SP, e 22,6 mil unidades usadas, de acordo com uma projeção do Creci-SP. Na média, são 4,1 mil residências vendidas por mês.

O número de unidades usadas vendidas por estar subestimado por causa da informalidade e pelo fato de a pesquisa captar apenas o comércio intermediado por imobiliárias. Negócios fechados direto com o proprietário não entram. No entanto, não há um levantamento sistemático mais preciso que este atualmente.

Mercado disputado

É verdade que vender residência não é o único trabalho de um corretor. Eles também ganham com aluguel e com a comercialização de propriedades comerciais.

Mesmo assim, servem para dar uma ideia de como está acirrada a competição entre os corretores que vendem residências.

“Muitos corretores se credenciam para trabalhar em um lançamento, mas depois não seguem carreira”, afirma Germano Leardi, diretor de relações institucionais da rede de imobiliárias Paulo Roberto Leardi.

Ele acredita, ainda, que parte do aumento do número de corretores credenciados é explicada pela regularização de profissionais que já vinham atuando de modo informal.

Para ele, a concorrência força os corretores a se especializarem. A empresa chegou a abrir um curso, hoje com 350 alunos, sobre o mercado imobiliário, inclusive com disciplinas como fotografia e matemática financeira.

Segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP, há corretores que se inscrevem no Creci apenas para fazer negócios eventuais e não dão continuidade à profissão. Na opinião dele, “o mercado precisa de muito mais corretores”.


Com Dilma, renda de empregado privado sobe mais que a de servidor público
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Sílvio Guedes Crespo

Católico ergue carteira de trabalho durante missa do padre Marcelo Rossi, em São Paulo

Diferentemente do que ocorreu na maior parte do governo Lula, em que a renda dos servidores públicos subiu mais do que a dos empregados formais do setor privado, nos dois primeiros anos da gestão Dilma os dois grupos praticamente se igualaram em termos de evolução do rendimento, com uma ligeira vantagem para o setor privado, mostram dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2011 e 2012, a renda dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada teve uma alta real (acima da inflação) acumulada de 8,2%; a dos funcionários públicos, de 7,9%.

Já entre 2003 e 2010, os ganhos médios dos funcionários públicos subiram 32,6% em termos reais, enquanto os dos empregados privados formais aumentaram 9,3%. Considerando apenas o ano passado, a alta na área privada foi de 5,3%, enquanto no setor público atingiu 2%.

Tendência

Ainda não é possível saber se essa é uma nova tendência que veio para ficar. Parte do aumento do setor privado verificado no governo Dilma é consequência direta do crescimento econômico registrado no último ano de Lula. Em 2010, o PIB (produto interno bruto) subiu 7,5%. Por causa disso, o salário mínimo foi reajustado em 14,13% em 2012. (O aumento do mínimo tem como referência a inflação do ano anterior e o PIB de dois anos antes.)

O reajuste do mínimo atinge mais a média salarial do setor privado. Na área pública, a proporção de pessoas que ganham o piso é menor. Como no ano passado o PIB cresceu menos (apenas 0,9%), em 2014 o reajuste do mínimo será menor e puxará menos a alta salarial do setor privado.

Mas também não se pode deixar de notar que a atual presidente tem sido firme diante da pressão de parte do funcionalismo por aumento. No ano passado, uma greve de servidores durou cerca de dois meses e terminou com uma reposição salarial de 15,8% escalonada em três anos, sendo que algumas categorias pediam reajuste de até 151%.

Vale deixar claro que os percentuais de aumento da renda nos dois grupos aqui analisados – funcionários formais do setor privado e do público –  variam não apenas quando os empregados têm reajuste, mas também quando aumenta ou diminui o número de pessoas de cada grupo. Por exemplo, cada vez que uma pessoa sai da informalidade e passa a ganhar o salário mínimo com carteira assinada, a renda média dos empregados privados diminui – ainda que nenhum deles tenha sofrido, individualmente, redução nos vencimentos.

Em outras palavras, ao notar o baixo aumento da renda média no setor privado entre 2003 e 2010, não se pode ignorar também o alto ritmo de formalização do trabalho no período.

Diferenças

Atualmente, a renda média do empregado privado formal é de R$ 1.696, enquanto a do servidor público é de R$ 2.969. Esta postagem não discutirá se essa diferença é justa ou não, pois isso exigiria uma análise detalhada da qualificação dos trabalhadores em cada setor. Por exemplo, é normal que os muitos profissionais do direito que não passam no exame da Ordem dos Advogados do Brasil sejam absorvidos pela iniciativa privada com um salário menor do que o daqueles que foram aprovados em concurso para procurador ou magistrado.

Atividades com maior variação salarial desde 2012

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