Inflação dá trégua, e serviços têm crescimento real de 2,7% em 12 meses
Sílvio Guedes Crespo
O setor de serviços, principal componente do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, esboça sinais de uma lenta retomada, não tanto por uma expansão de suas atividades, mas pela trégua dada pela inflação nos últimos meses.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que esse ramo da economia teve um crescimento nominal de 9,6% entre setembro do ano passado e o mesmo mês de 2013. No acumulado do ano, a alta foi de 8,4%; em 12 meses, de 8,7%.
Esses números se referem somente à variação nominal, ou seja, sem descontar a inflação. Por esses dados, notamos que a receita do setor está em uma trajetória predominantemente de queda, desde o início do ano.
No entanto, quando calculamos a variação real (descontada a inflação), percebemos que o setor teve seu melhor resultado desde fevereiro, por causa da desaceleração do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Opinião
A lenta recuperação da receita real dos serviços nos últimos meses está aquém do desejável por uma economia que cresceu apenas 0,9% no ano passado e é chamada de ''emergente''.
Em 2012, o Brasil caiu 25 posições no ranking de mundial de crescimento econômico, uma vez que seu PIB avançou menos de 1%, depois de ter subido 2,7% em 2011 e 7,5% em 2010.
Mesmo não entrando em recessão, o país teve uma perda relativa de espaço na economia internacional.
Os dados do setor de serviços reforçam que a atividade econômica está sofrendo para repor essas perdas.
O comércio varejista, um dos segmentos que vinha crescendo fortemente até o ano passado, sofreu uma brusca desaceleração neste ano. Em 2012, o volume de vendas acumulava uma alta de 8%. Já nos 12 meses encerrados em setembro, o aumento foi de apenas 4,9%.
A indústria, é verdade, deu sinais de recuperação. Sua produção cresceu 1,1% nos 12 meses terminados em setembro. Mas isso não garante nem a reposição das perdas do ano passado, quando o setor encolheu 2,6%.
Sobrou a agropecuária como última esperança para impulsionar o PIB brasileiro em 2013. Segundo estimativa do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o segmento deve crescer 10,5% neste ano, bem mais que a indústria (1,1%) e os serviços (2,1%).
Com isso, a agropecuária vai permitir que o PIB avance 2,5% neste ano, estima o Ibre. Com indústria fraca, comércio menos vigoroso e serviços em expansão lenta, as commodities agrícolas devem ganhar espaço relativo na economia nacional.