Indústria de máquinas cresce 10% em 12 meses, maior alta desde 2011
Sílvio Guedes Crespo
A economia brasileira parece viver um momento de contradições. A mais conhecida talvez seja a combinação entre desemprego baixo e PIB (produto interno bruto) a passos de tartaruga.
Há, no entanto, outro dado intrigante. Enquanto a indústria brasileira sofre para crescer mísero 1% ao longo de um ano – e isso depois de já ter encolhido mais de 2% em 2012 – o setor de bens de capital (ou seja, de máquinas usadas na produção, assim como caminhões) está em forte aceleração. Nos últimos 12 meses, avançou 9,9%, melhor resultado desde maio de 2011.
O gráfico abaixo deixa isso claro.
A produção de bens de capital acumulava uma queda de mais de 10% no final do ano passado. Em janeiro, começou a reduzir essa perda. Agora em outubro, está em alta de quase 10%.
Ao mesmo tempo, a indústria em geral permanece praticamente estagnada, diferentemente do que ocorreu em períodos anteriores. No final de 2009, por exemplo, a produção de bens de capital acumulava queda de mais de 20%. Essa perda foi diminuindo e, ao contrário do que está acontecendo hoje, a indústria em geral foi se recuperando.
Se a indústria não está acompanhando a recuperação do setor de bens de capital, é possível que os empresários estejam aguardando o momento certo de retomar a produção dos bens de consumo. A hesitação dos investidores, aliás, é um dos aspectos que marcaram a economia brasileira em 2013, como reação a um cenário interno e externo incerto.