Desemprego volta à menor taxa porque caiu a população que busca trabalho
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 14h*
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A taxa de desemprego no Brasil atingiu o menor nível da série histórica para meses de novembro não apenas por causa do aumento do emprego, mas principalmente pela diminuição da população economicamente ativa, ou seja, do número de pessoas que estão trabalhando ou procurando trabalho.
Em novembro, havia 14 mil pessoas ocupadas a mais do que em outubro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Considerando que a economia do país não vai exatamente bem – o PIB (Produto Interno Bruto), que mede a produção de riquezas na nação, encolheu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre –, só o fato de a população ocupada não ter diminuído já é um alívio.
Mas esse pequeno aumento da ocupação não seria suficiente para uma redução tão forte da taxa de desemprego, de 5,2% da população ativa, em outubro, para 4,6%, em novembro – menor valor da série (iniciada em 2002), empatado com dezembro do ano passado.
Como existia 1,27 milhão de desempregados e 24,549 milhões de ativos em outubro, uma redução do contingente desocupado em apenas 14 mil levaria a taxa de desemprego para 5,1 em novembro, se tudo mais fosse mantido como estava.
A taxa só chegou ao recorde de baixa porque população ativa reduziu-se em 125 mil. Dito de outra forma, o número de pessoas que o IBGE considera desempregadas caiu em 139 mil porque a população ocupada aumentou em 14 mil e a ativa diminuiu em 125 mil.
Longo prazo
A queda da taxa de desocupação por conta da redução da população ativa é um fenômeno recente. Se olharmos para o longo prazo, veremos que, ao longo da última década, o índice de desemprego desceu por causa da geração de postos de trabalho.
O gráfico abaixo mostra o número de pessoas ocupadas e ativas nos últimos dez anos. A população ativa vinha subindo desde pelo menos 2004, mas o crescimento da ocupação foi mais rápido. Na maior parte da última década, portanto, o desemprego caiu por causa da geração de vagas no mercado.
O número de pessoas ocupadas subiu 26% entre janeiro de 2004 e dezembro do ano passado, enquanto a de ativas cresceu 17%. Nos últimos 12 meses, no entanto, a população ocupada caiu 0,7%, mas a ativa recuou mais (-1%).
* Acrescentado o trecho após o intertítulo ''Longo prazo'' às 14h