Inflação e aumento de salários freiam ganhos do empresário de serviços
Sílvio Guedes Crespo
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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quarta-feira os resultados mais recentes da sua Pesquisa Mensal de Serviços.
Os números mostram que a receita do setor avançou 8,5% no ano passado. São examinados serviços prestados ao consumidor, como alimentação, transporte e alojamento, e também às empresas, caso de tecnologia da informação, comunicação e serviços administrativos.
Esse aumento registrado, no entanto, não desconta a inflação. A pesquisa, talvez por ter sido lançada há pouco tempo (janeiro de 2011), não tem o mesmo detalhamento de outros levantamentos do IBGE, como o da indústria e o do comércio.
O avanço de 8,5%, por isso, não pode ser comparado diretamente com, por exemplo, a expansão de apenas 1,2% da produção industrial ou o crescimento de 3,6% do volume de vendas comércio.
Como não existe um levantamento dos preços pagos pelas empresas de serviços, uma possibilidade de calcular o crescimento real é descontar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial de inflação.
Enquanto as empresas de serviços aumentaram seu faturamento em 8,5%, os preços no país subiram 5,91%. A expansão real do setor, nesse caso, ficou em 2,4%. Se comparado com o IGP-M, índice de preços calculado pela Fundação Getulio Vargas que atingiu 5,51% em 2013, o crescimento real dos serviços foi de 2,8%.
Conforme indica o gráfico abaixo, a inflação no Brasil tem corroído mais da metade das receitas do setor de serviços.
Essa seria uma forma de se aproximar de encontrar a taxa de crescimento real do setor de serviços. Mas o segmento faz um uso intenso de mão de obra e, portanto, a variação dos salários tem um peso importante nos custos das empresas.
O rendimento médio da população no ano passado subiu 1,8% acima do IPCA, indicando que parte do avanço real da receita foi gasta com reajustes de funcionários.