Com Copa, gastos de estrangeiros somam US$ 797 mi em junho e batem recorde
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 14h09*
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Os gastos de estrangeiros no Brasil somaram US$ 797 milhões em junho, mês em que se iniciou a Copa do Mundo no país.
Em dólares correntes (sem atualizar pela inflação da economia americana), esse é o maior valor, para um único mês, de toda a série histórica que o Banco Central coloca à disposição no site, iniciada em 1969. É o maior também se comparado com uma série anterior, de 1947 a 1968, que foi desativada.
Até então, o recorde era de janeiro de 2013 (US$ 696 milhões).
O valor do mês passado ficou bem acima do que costuma entrar no países nessa época do ano. Na média dos meses de junho de 2009 a 2013, os gastos de estrangeiros ficaram em US$ 437 milhões. Em junho de 2013, foram US$ 453 milhões. O impacto da Copa no turismo no mês passado ficou, portanto, na faixa dos US$ 350 milhões.
Os números fazem parte do balanço de pagamentos, que é o registro de todo o dinheiro que entra e sai do país, divulgado pelo BC.
Ao analisar a evolução dos gastos de turistas, é sempre bom comparar com a mesma época do ano, uma vez que esse mercado tem uma variação sazonal muito grande. Por isso, o gráfico acima informação apenas os dados de junho de cada ano.
Mas não deixa de ser curioso reparar que em um mês de junho, as despesas dos estrangeiros no Brasil superaram o recorde dos meses de janeiro, época de alta temporada, em que o país registra as maiores entradas de dólares via turismo.
Nas últimas semanas, foram divulgadas diversas pesquisas sobre as despesas de turistas no país durante a Copa. Tais dados se diferem destes apresentados pelo Banco Central. Algumas dessas pesquisas eram apenas estimativas e outras se limitavam à receita de determinadas empresas de cartão de crédito. Já os dados do BC são o registro efetivo das despesas de todos os que entram no país e gastam legalmente.
Outra diferença está no fato de que o número do BC se refere a junho, enquanto outras pesquisas abrangem todo o período da Copa (12 de junho a 13 de julho). Além disso, algumas das pesquisas recentes somam os gastos de estrangeiros com o de turistas brasileiros, ao passo que o dado do BC só se refere aos não residentes no país.
Brasileiros no exterior
Apesar do resultado excepcional, as despesas dos não residentes no país não fizeram nem cócegas no deficit da conta de viagens.
É que, no total, os estrangeiros gastam muito menos quando vêm para cá do que os brasileiros quando saem do país. Enquanto os primeiros trouxeram aqueles US$ 797 milhões para o Brasil em junho, os brasileiros deixaram US$ 2 bilhões em outros países. Isso resultou em um saldo negativo de US$ 1,2 bilhão na conta de viagens.
No primeiro semestre, o deficit dessa conta ficou em US$ 8,8 bilhões, maior do que os US$ 8,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, quando não houve Copa do Mundo.
* Acrescentados o segundo gráfico às 11h25 e mais informações às 14h10