Achados Econômicos

Arquivo : novembro 2013

Cinco maiores bancos da América Latina são brasileiros, diz estudo
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

O Banco do Brasil superou o Itaú e se tornou o maior banco da América Latina, segundo uma pesquisa do site britânico The Banker, que pertence ao grupo que publica o jornal “Financial Times”.

As cinco primeiras instituições financeiras do ranking são brasileiras: BB, Itaú, Bradesco, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal.

O levantamento usa como referência para medir o tamanho dos bancos um indicador chamado “tier 1”, que reúne apenas os ativos de melhor qualidade de cada instituição financeira.

MAIORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA

BancoCapital tier 1 (US$ bi)Ativos totais (US$ bi)Lucro antes dos
impostos (US$ bi,
em 2012)
Banco do Brasil36,35557,5
Itaú35,24969,8
Bradesco32,33917,6
Santander Brasil31,92062,7
Caixa Econômica Federal13,83472,3
  • Fonte: The Banker

Os dados do site The Banker nem sempre batem com os rankings comuns, que medem o total de ativos. Por exemplo, a Caixa Econômica Federal tem um total de ativos maior que o do Santander Brasil. No entanto, aparece em posição inferior no ranking de capital “tier 1”.

Outro dado a ser observado é que o lucro dos bancos nem sempre significa aumento do capital de qualidade. O Banco do Brasil lucrou menos que o Itaú, mas o capital “tier 1” do primeiro avançou 12,3% em um ano, enquanto o do segundo subiu 7,9%.

Lucro

O Banco do Brasil lucrou R$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre de 2013, o que representa uma ligeira queda de 0,9% em relação ao verificado um ano antes.

Já o Itaú teve o maior lucro de sua história. No terceiro trimestre, ganhou R$ 4 bilhões. Deve-se considerar que os dados do site The Banker se referem ao ano de 2012, por isso não captam a boa performance do Itaú em 2013. No trimestre passado, o banco não só aumentou seu lucro como reduziu o nível de inadimplência dos seus clientes e com isso gastou menor com provisões.

Ganhos com juros

Os maiores bancos brasileiros estão entre os que mais ganham com juros no mundo. Um levantamento anterior feito pelo mesmo site mostrou que o Itaú é o 13º do planeta nesse quesito, apesar de ser só o 39º em tamanho (pela medida de de “tier 1”). O BB aparece em 14º no ranking de juros (36º no de capital “tier 1”), enquanto o Bradesco está em 16º (42º em tamanho).

O fato de que os três bancos ocupam uma posição bem mais alta no ranking de juros do que no de capital sugere que os ganhos dessas instituições com empréstimos são desproporcionais ao tamanho delas, se compararmos com concorrentes do exterior.


Brasil é o segundo país mais favorável a privatizações na América Latina
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

O Brasil é o segundo país da América Latina cuja população mais apoia a privatização de empresas estatais, segundo a mais recente edição do Latinobarômetro, uma pesquisa anual sobre democracia e economia.

No total, 44% dos brasileiros entrevistados disseram que estão “de acordo” ou “muito de acordo”, com a ideia de que as privatizações de empresas estatais beneficiaram o país. Somente os equatorianos se mostraram mais favoráveis, com 57% da população endossando a desestatização.

privatizacao america latina latinobarometro opiniao achados economicos 1

Quando perguntados quanto à satisfação com os serviços públicos privatizados, os brasileiros continuam em segundo: 37% disseram ter ficado “mais satisfeitos” ou “muito mais satisfeitos” com os serviços privatizados. No Equador, 59% afirmaram isso.

A pesquisa dá uma ideia de como está a opinião pública num momento em que o governo toca um programa de privatização da infraestrutura e em que a questão do grau de intervenção do Estado na economia se torna central.

Importante notar que, embora o Brasil apareça em segundo lugar no ranking, somente no primeiro, o Equador, mais de 50% da população apoia privatizações.

No final dos anos 1990, quando diversas nações latino-americanas implementavam seus programas de desestatização, esse tipo de medida era bem mais popular.

Em 1998, a privatização era apoiada por pelo menos 50% da população em países como Brasil, México, Chile e Venezuela.

A Guatemala foi a nação em que a venda de estatais mais perdeu adesão: 61% da população apoiava essa medida em 1998, contra 28% hoje.

privatizacao america latina latinobarometro opiniao achados economicos 1998

Desde 1998, o percentual de brasileiros favoráveis à privatização é superior à média simples da América Latina. No Brasil e no restante da região, o apoio caiu a partir daquele ano, de modo que em 2003, quando Lula assumiu a Presidência do país, apenas 33% da população endossava esse tipo de medida.

O apoio à desestatização voltou aos poucos e atingiu novo pico em 2009, com 50% de respostas favoráveis – curiosamente, um ano antes da eleição que levou Dilma Rousseff ao Planalto.

privatizacao america latina latinobarometro achados economicos serie temporal


Preço de produtos básicos que ficaram isentos de impostos volta a subir
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 14h47*

Os preços dos produtos da cesta básica que estão livres de impostos federais desde março caíram logo depois da desoneração e voltaram a subir em setembro e outubro, segundo cálculos do blog Achados Econômicos.

No início de março, a presidente Dilma Rousseff determinou que as mercadorias da cesta básica sobre as quais ainda incidiam impostos federais ficassem isentas.

Daquele mês em diante, os preços desses produtos foram caindo até agosto. Em setembro e outubro, no entanto, voltaram a subir.

inflacao produtos desonerados mar out ibge achados economicos uol 1

Como a queda de março a agosto foi bem mais forte do que a alta de setembro e outubro, as mercadorias desoneradas acumulam uma queda de 1,8% desde março, mês da desoneração.

Não é possível estabelecer uma relação direta de causa e consequência entre a desoneração e o barateamento dos produtos, pois os impostos são apenas um dos fatores que influenciam os preços.

Os dados são aproximados, uma vez que não há uma correspondência exata entre os itens desonerados e a classificação que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) faz dos produtos. Por exemplo, o governo determinou a isenção de impostos para pasta de dente, mas a pesquisa de inflação não informa exatamente a variação de preço desse produto, e sim a de um grupo chamado “produtos de higiene bucal”.

Os números citados se referem à variação média dos preços de cada produto, ponderado pelo peso que cada um deles tem no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação. Algumas das mercadorias analisadas caíram e outras subiram. A que acumula maior queda de preço desde março é o açúcar refinado (-14%). A que subiu mais foi a manteiga (5%).

inflacao produtos desonerados mar out ibge achados economicos uol 2

Opinião

A decisão da presidente Dilma Rousseff de zerar os impostos federais sobre a cesta básica foi correta. Não se espera que qualquer desoneração faça o preço cair para nunca mais subir.

O benefício desse tipo de medida é permitir que circule no setor privado um dinheiro que, de outro modo, entraria nos cofres públicos.

Do produtor ao varejista, fica sempre a critério do empresário repassar ou não ao consumidor os benefícios de não precisar mais recolher os impostos, de acordo com as possibilidades dele diante do mercado.

Se não houver alteração nos demais fatores que influenciam o preço (aumento ou queda de outros custos, mudanças na variação entre oferta e demanda etc), a empresa pode fazer o repasse se estiver em um segmento com muita competição. Nesse caso, ela aproveita a queda de imposto para baratear suas mercadorias antes que o concorrente o faça.

Muitas vezes, ele pode não repassar para o consumidor o corte do imposto – por exemplo, se tiver o monopólio de um produto para o qual há grande demanda e achar que a redução de preço não vai atrair número significativo de clientes.

Outra possibilidade é de que a companhia barateie o produto, mas em proporção menor do que o corte do imposto, de modo que ela aumente um pouco sua margem de lucro.

Seja qual for o motivo da queda de preço dos itens desonerados, a decisão foi importante para o atual momento da economia. Uma redução de impostos, acompanhada de contenção do aumento de gastos públicos, permitiria que mais dinheiro circulasse no setor privado, o que ajudaria a gerar crescimento duradouro do PIB (produto interno bruto). Se a desoneração for sobre produtos essenciais, melhor.

A queda de preços dos itens desonerados permitiu ao governo respirar um pouco diante da inflação alta. Com isso, parece ter adiado uma medida mais dura de contenção de preços, a elevação da taxa básica de juros, que só ocorreu em abril.

Falta o governo cumprir com a outra parte do esquema, reduzindo o avanço dos gastos públicos, para recuperar a confiança dos empresários e abrir caminho para o aumento dos investimentos. Quanto mais tempo demorar para mostrar aos investidores que este é um país estável, de economia previsível e ideal para quem faz um planejamento de longo prazo, mais forte terá que ser o aperto.

* Acrescentada a parte de opinião às 14h14 e dados do IPCA no primeiro gráfico às 14h47


Bolsa brasileira tem a 3ª maior queda do mundo em 2013
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

* Atualizado às 9h54

bmfbovespa01

As Bolsas de Valores mostraram-se um excelente investimento neste ano na maior parte do mundo, com exceção de alguns países emergentes – entre eles, o Brasil.

O Ibovespa, indicador de referência das ações brasileiras, acumulou uma queda de 10,99% nos dez primeiros meses do ano. Apenas em outros dois países o mercado acionário recuou mais: no Chipre (-16,73%) e no Peru (-20,88%). A maior alta encontrada foi na Venezuela, de 454%.

O blog Achados Econômicos analisou 76 países, totalizando 77 índices de ações, uma vez que considerou dois para os Estados Unidos (Nasdaq e Dow Jones).

Dos indicadores examinados, 62 estão positivos no ano, enquanto os demais 15 acumulam baixa.

Ricos

Países ricos, fortemente afetados pela crise internacional, estão vivendo um momento de recuperação do preço das ações.

Tirando uma média simples, os principais índices de ações do G-7, grupo que reúne sete países desenvolvidos e altamente influentes, subiram 20% neste ano. Em todos os 24 mercados maduros pesquisadas, o aumento médio foi de 18%. Em nenhum delas houve queda.

bolsas g7 1

A chamada periferia da Europa, que gerou turbulência nas Bolsas mundiais no ano passado por causa de problemas de endividamento, teve forte aumento de preço das ações. Na Grécia, a alta acumulada em 2013 é de 31%; na Irlanda, de 30%; na Espanha, 21%; em Portugal, 11%.

Emergentes

Entre os principais emergentes, o desempenho não foi tão bom. A média dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ficou em apenas 0,97%, devido ao desempenho negativo de Brasil, China e Rússia.

bolsas brics

Excluindo a Venezuela, que teve uma alta excepcional e distorceria a média, as Bolsas da América Latina avançaram 5% neste ano, considerando as seis maiores economias da região. A queda em Brasil, México, Colômbia e Peru puxou a média para baixo.

Recuperação no Brasil

A forte queda da Bolsa brasileira ocorreu no primeiro semestre. Em julho, iniciou-se uma trajetória de alta e, desde então, o Ibovespa subiu 14,33% até o fim de outubro.

Nestes últimos quatro meses, as ações nacionais passaram a acompanhar a alta verificada no mercado mundial. Para o economista Ricardo Mollo, professor de Finanças do Insper, o avanço recente do Ibovespa reflete notícias pontuais e tende a não se sustentar. Leia entrevista abaixo.

***

Achados Econômicos: A Bolsa brasileira subiu nos últimos quatro meses. Essa tendência deve continuar?

Ricardo Mollo: Parece que as informações recentes fizeram a Bolsa reagir. Mas não dá para dizer que isso é uma coisa contínua, porque os indicadores dos fundamentos da economia não dizem isso.

Nós teremos um crescimento do PIB (produto interno bruto) em torno de 2% neste ano, muito abaixo do que se esperava no final de 2012.

As pessoas esperavam que a balança comercial ficasse positiva, e estamos vendo uma balança baixa ou mesmo negativa. A taxa de câmbio está bastante volátil; A taxa de juros está subindo. O que aconteceu na Bolsa recentemente é reflexo de notícias pontuais, então pode não continuar.

Quais notícias?

A continuação dos estímulos econômicos nos EUA e o leilão de Libra, por exemplo. Houve algumas aberturas de capital importantes, sendo duas no setor de educação, que é um segmento que todo mundo tem acompanhado e gostado. Isso traz dinheiro de fora.

Outro ponto é que o impacto negativo da OGX na Bolsa aconteceu principalmente no primeiro semestre. Agora ela sai do Índice Bovespa.

As eleições de 2014 já têm algum impacto na Bolsa?

Ainda não vejo evidências disso. O que tem impacto é a interferência do governo nas empresas. Esta gestão interfere muito, usa as estatais de encontrar formas ou de desenvolver o Brasil ou de encontrar soluções para problemas que o governo não conseguiu resolver. O mercado de capitais está relacionado a expectativas. É necessário que o governo mantenha as regras do jogo sempre firmes.

***

* Acrescentados gráficos e entrevista


Bolsa da Venezuela sobe mais de 600% em 12 meses, maior alta do mundo
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

O presidente Nicolás Maduro: parte dos investidores prevê mudança nos rumos políticos do país

O presidente Nicolás Maduro: parte dos investidores prevê mudança nos rumos políticos do país

 

A Bolsa de Valores de Caracas é a que mais sobe no mundo atualmente. O IBC, índice de referência do mercado de ações da Venezuela, acumula uma alta de 454% desde o início do ano e de 624% nos últimos 12 meses.

Na Argentina, o índice Merval, o principal da Bolsa de Buenos Aires, subiu 81% neste ano e 122% nos últimos 12 meses.

Mesmo que as moedas dos dois países tenham se enfraquecido, a elevação das ações mais do que compensou, do ponto de vista dos investidores estrangeiros. Quem chegou à Venezuela com dólares e comprou ações do IBC há um ano, acumula até hoje um rendimento de 395%.

bolsas america latina 12 meses economatica 1

Os dois países são pródigos em medidas contra o livre mercado. Nacionalizações na Venezuela já nem ganham mais tanto destaque na imprensa estrangeira, dada a frequência com que ocorrem. A mais recente foi no dia de Finados último, quando o governo assumiu o controle de duas plataformas de petróleo pertencentes à empresa americana Superior Energy Services.

Embora menos incisiva, a Argentina também está em constante confronto com investidores. Dia sim, outro também, há notícias de medidas que de alguma forma restringem o mercado, seja por meio de protecionismo, de intervenção no câmbio, de uso de metodologias estatísticas questionadas, seja por meio de medidas mais duras, como a nacionalização da petrolífera YPF no ano passado.

Neste cenário, as Bolsas venezuelana e argentina subiram nos últimos 12 meses. Países latino-americanos que adotam uma postura mais amigável com o mercado, ao contrário, levaram investidores a perder dinheiro no mercado acionário este ano.

A Bolsa do Peru caiu 22% nos últimos 12 meses; a do Chile, 8%; a da Colômbia, 5%.

No Brasil, apesar de as intervenções do governo no mercado serem bem mais brandas do que na Venezuela e na Argentina, a Bolsa de Valores de São Paulo acumula queda de 11% no ano e 5% em 12 meses.

Dois motivos

A alta da Bolsa na Venezuela não é sinal de que os investidores estejam exatamente otimistas com as empresas do país.

Em reportagens recentes, o jornal local “El Universal” apresentou dois fatores que, combinados, podem explicar o desempenho do mercado de ações.

Primeiro, a renda fixa não está nada atraente. Com uma taxa de juros baixa demais, os investidores não conseguem mais do que um rendimento de 15% ao ano nesse tipo de investimento, sendo que a inflação nos últimos 12 meses foi de 49%, segundo o Banco Central.

Em segundo lugar, o país restringe o envio de dinheiro ao exterior. Sem poder expatriar recursos e com a certeza de perder dinheiro no caso de investir na renda fixa, as empresas buscam alternativas para protegerem seu caixa.

O Bank of America, em agosto, recomendou que as companhias estrangeiras considerem a possibilidade de investir na Bolsa parte do dinheiro que não podem expatriar.

Além da Bolsa, outro ramo que tem atraído investidores é o imobiliário. “Com uma inflação galopante e o risco de desvalorização do Bolívar, investir em imóveis tem sido a melhor solução para proteger o caixa [das empresas]”, afirmou o “Wall Street Journal’ em reportagem.

Fora do radar

O economista Samy Dana, professor da FGV e colunista da Folha, acrescenta que nem sempre o pessimismo dos investidores diante de determinados governos se confirma, o que eventualmente provoca alta nas Bolsas de países como Venezuela e Argentina.

“O presidente fica toda hora ameaçando [tomar medidas intervencionistas] e nem sempre a ameaça se concretiza. A cada catástrofe não confirmada, a Bolsa sobe”, diz o economista.

Ele pondera, no entanto, que a alta do mercado acionário venezuelano não significa que o país esteja atraindo novos investidores, ao contrário. “O volume de negócios na Bolsa de Caracas é muito pequeno. Ela não está no radar dos investidores internacionais.”

O avanço da oposição, que perdeu a última eleição presidencial por uma pequena margem, após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, pode estar entre os sinais de que as políticas antimercado tenham limites.

“Há grandes possibilidades de um giro rumo a um sistema mais amigável com o mercado. A pergunta chave para os que investem na Venezuela é como proteger suas posições em moeda local até chegar este momento”, observou o Bank of America, em relatório de agosto.

Bolsas no mundo

Amanhã (quarta, 6), este blog vai trazer a posição da Bolsa brasileiro dentro do ranking mundial.


Bolsa é o melhor investimento de outubro; título do Tesouro fica em último
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

As ações que integram o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, foram o melhor investimento para pessoas físicas no mês de outubro, ao registrar alta de 3,66%. Descontado o Imposto de Renda, o ganho líquido de quem comprou esses papéis ficou em 3,11%.

Foi o quarto mês seguido de alta da Bolsa. No ano, entretanto, o Ibovespa acumula queda de 10,99%. Com isso, os fundos de ações dividendos renderam, em média, 1,82%, já descontado o IR.

melhores e piores investimentos outubro

Após os recentes aumentos da taxa básica de juros, os fundos de renda fixa voltaram a render acima da poupança.

Na categoria “renda fixa”, a alta dos fundos foi de 0,68%. Entre os referenciados DI, a média foi de 0,63%. Os de curto prazo subiram 0,62% – sempre líquidos de impostos.

A poupança teve um rendimento de 0,59%. No acumulado do ano, o ganho foi de 5,56% pela regra nova (quem aplicou a partir de 4 de maio do ano passado) e de 6,3% pela antiga (válida para quem aplicou antes daquela data).

Os piores colocados do mês foram as NTN-B Principais, título do Tesouro Direto que varia de acordo com o índice oficial de inflação (IPCA) e acrescenta a isso uma taxa. Em outubro, esses papéis tivera, uma queda de 0,26%.

Deve-se notar, no entanto, que para quem compra os títulos públicos com o objetivo de ficar com eles em mãos até a data do vencimento, essa queda não faz diferença. O investidor vai resgatar, no prazo final, o valor que foi previsto no momento da emissão.

Já os papéis pós-fixados do Tesouro – as LFTs, subiram 0,58% no mês e 6,38% no ano.

melhores e piores investimentos de 2013 ate outubro


Em três anos, OGX perdeu R$ 74 bi em valor de mercado
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

A OGX, petroleira de Eike Batista que pediu recuperação judicial nesta quarta-feira, já foi avaliada pelo mercado como a 10ª maior empresa de capital aberto da América Latina e 8ª do Brasil, segundo dados da consultoria Economática, levantados a pedido de Achados Econômicos.

O valor de mercado da companhia chegou a R$ 75,2 bilhões, seu pico histórico, no dia 15 de outubro de 2010. No fechamento de ontem, estava em R$ 744 milhões, o que representa uma perda de R$ 74 bilhões em três anos e quatro meses, ou uma queda de 99%.

MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA EM OUTUBRO DE 2010*

EmpresaPaísValor de mercado (US$ bi)
PetrobrasBrasil217,1
ValeBrasil162,1
América MovilMéxico113,7
ItaúBrasil103,1
EcopetrolColômbia93
AmbevBrasil78,7
BradescoBrasil72
Banco do BrasilBrasil60
Santander BrasilBrasil55,8
OGXBrasil45
  • *15/10/2010, pico do valor de mercado da OGX
  • Fonte: Economática

A OGX estreou na Bolsa em junho de 2008 fazendo um enorme barulho. Foi a maior oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da história do país.

Na ocasião, a empresa captou R$ 6,6 bilhões com a abertura de capital. Seus papéis subiram 18% no primeiro dia de negócios. A companhia encerrou aquele pregão histórico com um valor de mercado de R$ 36,5 bilhões.

Tudo isso baseado apenas em expectativas do mercado, ou seja, promessas. Até ali, a companhia nunca tinha produzido um barril de petróleo.

Ao contrário, desde a sua criação, em 2007, até o primeiro semestre deste ano, a empresa praticamente só deu prejuízo, acumulando uma perda de R$ 6,9 bilhões em seis anos e meio.

OGX eike batista lucros e prejuizos economatica 01

Observando o gráfico, nota-se que a empresa teve um lucro de mais de R$ 300 milhões em 2008. Algum desavisado poderia achar que um dia ela já foi produtiva.

Ledo engano. A OGX, depois de captar mais de R$ 6 bilhões na Bolsa naquele ano, investiu grande parte do dinheiro em um fundo com rendimento de 112% do CDI.

Somente com essa aplicação em renda fixa, a empresa ganhou R$ 663 milhões em um ano. Além disso, embolsou mais R$ 41 milhões no mercado futuro de dólar. Nada que compensasse os prejuízos que viriam em anos seguintes.


Menos calote e mais ganhos com tarifas dão ao Itaú maior lucro da história
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 14h44*

foto itau divulgacao

O Itaú atingiu no terceiro trimestre de 2013 o maior lucro da história dos bancos brasileiros, R$ 4 bilhões, número 18% superior ao obtido em período equivalente do ano passado.

O resultado foi alcançado apesar de o banco ter piorado um de seus índices de eficiência e de ter ganhado menos com empréstimos, em comparação com o terceiro trimestre de 2013.

A principal razão para o aumento do lucro do Itaú foi a queda na inadimplência. Há um ano, os atrasos de pagamentos superiores a 90 dias correspondiam a 5,1% do volume que o banco deveria receber. Hoje, a proporção é de 3,9%.

Com isso, o banco pôde tirar R$ 1,8 bilhão das reservas usadas para cobrir calotes (as chamadas “provisões para créditos de liquidação duvidosa”) e acrescentar esse montante ao lucro.

Mesmo assim, o Itaú ainda mantém certa tranquilidade em relação aos atrasos no pagamento. O volume de provisões é hoje 70% superior à inadimplência; há um ano, era apenas 49% maior.

Tarifas

Outro ponto que chama atenção nas demonstrações financeiras do conglomerado é o aumento da sua receita com tarifas bancárias. O volume passou de R$ 4,3 bilhões no terceiro trimestre de 2012 para os atuais R$ 5,6 bilhões.

A elevação de R$ 1,3 bilhão não quer dizer necessariamente que o banco tenha aumentado suas tarifas. É possível que tenha havido aumento da base de clientes ou então os correntistas estão utilizando mais os serviços bancários.

Somente com aumento das tarifas e redução da provisão, o Itaú conseguiu incrementar seus resultados em R$ 3,1 bilhões em apenas um ano.

Esse ganho fabuloso mais do que compensou a redução do resultado com intermediação financeira, que é o negócio central de um banco, e a queda da eficiência.

Empréstimos e eficiência

No segundo trimestre deste ano, a diferença entre receitas e despesas do Itaú com empréstimos foi de R$ 11,7 bilhões no terceiro trimestre, R$ 950 milhões a menos do que um ano atrás.

Por fim, as despesas do banco (exceto os gastos com juros e provisões) corresponderam a 48,2% dos ganhos com os produtos bancários no terceiro trimestre; há um ano, a proporção era de 45%. Quanto menor esse número, mais eficiente é o banco.

A eficiência do banco só aumentou – e nesse caso aumentou bem – quando se consideram as provisões como sendo despesas.

Nesse caso, os gastos corresponderam a 68,4% dos ganhos com o produto bancário, número bem menor do que os 75,3% registrados no terceiro trimestre de 2012.

Este último indicador é descrito como sendo a eficiência ajustada ao risco. É esse item que explica o maior lucro da história do Itaú. Possivelmente porque o banco se tornou mais seletivo ao conceder empréstimos, priorizando os créditos menos arriscados, como o consignado e o imobiliário.

Crédito

Embora o Itaú tenha reduzido o resultado com intermediação financeira neste trimestre, o total de dinheiro que os clientes devem ao banco vem aumentando.

Os empréstimos para pessoas físicas cresceu em R$ 8 bilhões, ou 5,4% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. O Itaú abriu a torneira do crédito consignado e do imobiliário, que subiram 64% e 35%, respectivamente. Por outro lado, o banco diminuiu o financiamento de veículos em 21%.

O Itaú também reduziu o crédito para micro, pequena e média empresa, em 4%, ou 3,7 bilhões. Para as grandes companhias, no entanto, aumentou sua carteira em 17%, ou R$ 26 bilhões.

A taxa de juros média caiu de 12,6% para 10,9%, possivelmente porque o banco substituiu parte de sua carteira de veículos, em que o juro é mais alto, pelas de imóveis e de consignado, que têm taxas mais baixas.

* Acrescentados os quatro últimos parágrafos


Viver de renda hoje exige ser três vezes mais rico do que em 2003
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

Viver de renda é um sonho cada vez mais distante dos brasileiros. Para ficar sem trabalhar o resto da vida, somente deixando o dinheiro render acima da inflação em uma aplicação segura, é necessário ser 3,5 vezes mais rico do que era preciso dez anos atrás.

Quem quer uma renda vitalícia de R$ 3.000 por mês precisa ter uma aplicação de aproximadamente R$ 1,8 milhão em CDBs (Certificados de Depósito Bancário).

Se o desejo for gastar R$ 5.000 mensais sem afetar o patrimônio, é necessário ter R$ 2,9 milhões investidos. Para quem busca viver com R$ 10 mil por mês, o dinheiro aplicado precisa totalizar R$ 5,8 milhões.

Dito de outra forma, para cada milhão que uma pessoa tem no banco hoje, é possível retirar R$ 1.713 mensais sem alterar o montante aplicado. Em 2003, era possível gastar R$ 5.940 por mês com o mesmo milhão aplicado – ou seja, 3,5 vezes mais.

RENDA DESEJADA E SALDO NECESSÁRIO (EM R$)*

Para ter uma renda de……é preciso ter um saldo em CDB de:Há dez anos, para ter uma renda equivalente a…**…era preciso ter um saldo equivalente a:**
3.0001,8 milhão3.000505 mil
5.0002,9 milhões5.000841 mil
10.0005,8 milhões10.0001,7 milhão
  • Fonte: BCB, IBGE. Elaboração: Achados Econômicos/Instituto Assaf
  • * Ver metodologia ao final deste texto
  • ** Valores atualizados pelo IPCA


Os números fazem parte de um estudo elaborado pelo blog Achados Econômicos em parceria com o Instituto Assaf e dão uma ideia do que significou, para os rentistas, a redução da taxa básica de juros, a Selic, que esteve em 26,5% ao ano em 2003 a hoje está em 9,5%.

Quando dizemos que é preciso ser 3,5 vezes mais rico, nessa proporção já está descontada a inflação.

Na tabela acima, os dados de 2003 estão atualizados pelo IPCA. Em 2003, para se ter uma renda que hoje equivaleria a R$ 3.000, era preciso ter um patrimônio que atualmente corresponderia a R$ 505 mil.

Podemos fazer a mesma conta a preços da época. Há dez anos, com R$ 1.800 era possível comprar basicamente os mesmos itens que hoje valem R$ 3.000. Para ter uma renda de R$ 1.800, era preciso possuir um saldo de cerca de R$ 300 mil, como indica a tabela abaixo.

RENDA DESEJADA EM 2003, EM VALORES DA ÉPOCA E CORRIGIDOS (R$)

Em 2003, para ter uma renda mensal de……que hoje equivaleria a……era preciso ter um saldo em CDB de……que atualmente correspondem a:
1.7683.000297.725505.061
2.9475.000496.209841.769
5.89510.000992.4181.683.537
  • Fonte: BCB e IBGE. Elaboração: Achados Econômicos e Instituto Assaf


Melhora econômica

O fato de ter ficado mais difícil viver de renda pode ser uma notícia ruim para quem juntou algum patrimônio e esperava se aposentar sem precisar contar com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Mas é uma boa notícia para o país como um todo. Se fosse possível deixar qualquer mil reais no banco e viver de juros, quem iria querer trabalhar?

Repare que, enquanto a taxa de juros desabou nos últimos dez anos, o desemprego caiu de 13,1% em agosto de 2003, para 5,3%, no mesmo mês de 2013.

Claro que os juros não caíram por uma canetada do governo, e nem são o único responsável pelo aumento do emprego. Houve todo um contexto de melhora da economia nacional e mundial.

Mais recentemente, no entanto, o quadro piorou, interna e externamente, e por isso a taxa básica de juros voltou a subir. Estava em 7,25% ao ano até abril e agora atingiu 9,5%.

Essa pequena alta pode ser boa para os rentistas. É positiva também para economia em geral no sentido de que inibe a inflação. Mas o ideal seria combater a alta dos preços com outro remédio, o corte de gastos públicos. Só que essa é uma decisão política difícil de ser tomada, especialmente a menos de um ano das eleições.

Metodologia

O cálculo de quanto é necessário para viver de renda levou em consideração que, aplicando em CDB uma quantia acima de R$ 1 milhão, é possível conseguir um rendimento de 110% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). O CDI é um indicador normalmente muito próximo da taxa Selic.

O estudo considerou a média da taxa Selic (8,8% ao ano) e da inflação (6,05%) em 24 meses – os 12 que já foram e a projeção para os próximos, no caso dos dados de 2013.

Utilizou a alíquota de Imposto de Renda de 15% sobre o rendimento, válida para quem mantém o dinheiro aplicado por dois anos ou mais. Com isso, chegou ao rendimento líquido real mensal de 0,17%.

Foram levantados dados correspondentes de dez anos antes, tendo o mês de outubro de 2003 como centro. A inflação foi de 10,8% ao ano de outubro de 2002 a setembro de 2004; a Selic, de 20,32%.

Para aquele período, o rendimento líquido real mensal ficou em 0,59%.

Em todos os exemplos citados, consideramos como o rendimento que pode ser retirado mensalmente apenas aquele que supera a inflação. Se você sacar tudo o que o seu dinheiro rende, sem se preocupar com a inflação, você perde patrimônio. No longo prazo, verá que a alta dos preços o corroeu totalmente.


Itaú é o banco que mais ganha com fundos que rendem abaixo da inflação
Comentários Comente

Sílvio Guedes Crespo

O Itaú é o conglomerado financeiro que mais faturou com fundos de investimento que não conseguiram manter o poder de compra dos seus clientes, de acordo com levantamento feito pelo blog Achados Econômicos, junto aos seis maiores bancos do país.

Nos últimos 12 meses, de 39 fundos de Renda Fixa e DI que o banco mantém à disposição de pessoas físicas, apenas três atingiram uma rentabilidade líquida acima da inflação no período, que foi de 5,86% ao ano pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumido Amplo).

Os 36 fundos que levaram os cotistas a perder poder aquisitivo têm um patrimônio líquido total de R$ 43 bilhões. Somando a receita que cada um deles tem com taxa de administração, o banco faturou R$ 492 milhões com esses investidores. Portanto, os produtos do Itaú que perderam para a inflação foram responsáveis por 96% da receita dessa instituição financeira com fundos.

Procurado pelo blog, o banco informou que seus clientes podem optar por fundos com taxas menores mesmo se fizerem uma aplicação inicial abaixo do mínimo necessário. Por exemplo, uma pessoa pode aplicar apenas R$ 2 mil em um fundo que exija investimento inicial de R$ 10 mil, desde que ela tenha mais R$ 8 mil em outros produtos do banco (veja detalhes mais abaixo).

O segundo banco que mais conseguiu ganhar dinheiro em cima de clientes que perderam poder aquisitivo foi o Santander, onde 93% da receita com fundos de Renda Fixa e DI veio de produtos que perderam para a inflação.

Em seguida, aparecem o Banco do Brasil (92%), o Bradesco (82%) e a Caixa Econômica Federal (65%).

O HSBC foi o único, entre os seis maiores, em que os fundos com rendimento abaixo da inflação representaram menos da metade (49%) da receita.

Em termos absolutos, o BB faturou R$ 576 milhões com fundos de rendimento real negativo, maior valor entre os seis conglomerados analisados. Mas o banco é o maior do país, então a melhor comparação é a proporcional, apresentada no gráfico acima.

Pelo critério do ganho absoluto, o Itaú ficou em segundo (R$ 492 milhões), seguido por Bradesco (R$ 378 milhões), Santander R$ 341 milhões), Caixa (R$ 195 milhões) e HSBC (R$ 101 milhões).

Os dados mostram que, se para o investidor pessoa física ficou complicado manter o poder de compra, para as instituições administradoras de fundos não foi tanto assim. Caso elas reduzissem o custo, ganhariam menos no curto prazo, mas seus clientes perderiam menos.

Cenário difícil

Anteontem, este blog mostrou que, no total, os seis maiores conglomerados financeiros do país tiveram, juntos, uma receita de mais de R$ 2 bilhões nos últimos 12 meses com fundos que não foram capazes de manter o poder de compra dos clientes.

Vou aqui reafirmar que, nos últimos meses, não foi fácil para banco nenhum oferecer boa rentabilidade aos seus clientes. Primeiro, porque a inflação estava em aceleração, atingindo um pico de 6,7% nos 12 meses encerrados em junho.

Em segundo lugar, a taxa básica de juros (a Selic), referência para a rentabilidade de inúmeros papéis, estava em patamar relativamente baixo até março (7,25% ao ano).

Terceiro, como a Selic subiu muito rápido, o preço de vários títulos público prefixados caiu, levando prejuízo aos investidores que precisaram vendê-los (em outra ocasião expliquei como o aumento do juro básico pode fazer o investidor de renda fixa perder dinheiro).

Bons resultados

Nesse cenário de inflação alta e juros baixos, a taxa de administração acabou fazendo uma grande diferença para os investidores. Só os fundos com as menores taxas conseguiram oferecer rentabilidade acima do IPCA.

O HSBC e a Caixa se sobressaíram por causa disso. No primeiro, a taxa de administração média, ponderada pelo tamanho dos fundos, é atualmente de 0,76% ao ano. No segundo, de 0,77%.

TAXA MÉDIA DE ADMINISTRAÇÃO DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO

BancoTaxa de administração (% ao ano)Taxa dos fundos que perderam para a inflação (% ao ano)Taxa dos que bateram a inflação (% ao ano)
HSBC0,761,520,52
Caixa0,771,110,49
BB1,091,210,50
Itaú1,101,140,65
Santander1,301,550,43
Bradesco1,552,240,64
MÉDIA1,360,51,08


A baixa taxa de administração média do HSBC se deve, provavelmente, ao fato de ele trabalhar com clientes de renda mais alta. Quanto maior é o aporte de cada investidor, mais barata é a administração do fundo. Dá muito mais trabalho gerir um fundo com 50 mil cotistas do que um com 500. Na média, a taxa de administração do HSBC foi de 0,73% nos últimos 12 meses.

Dos 18 fundos do HSBC que entraram nesta análise, sete são do segmento “Premier”, exclusivo para quem tem renda acima de R$ 10 mil ou investimentos superiores a R$ 100 mil. Um deles tem uma taxa de administração de 0,2% ao ano – a mais baixa encontrada neste estudo. Só que a aplicação inicial mínima é de R$ 5 milhões.

A Caixa, que cobrou a segunda menor taxa de administração, não é um banco focado em clientes endinheirados – ao contrário. A instituição, que é 100% estatal, pode ter decidido reduzir sua margem de lucro, subordinando critérios de mercado a decisões de políticas públicas. Ou então espera ganhar menos com cada cliente, mas aumentar o número deles e garantir uma boa receita total.

Más escolhas

Antes que se atirem pedras nos bancos que estão cobrando caro, não custa lembrar que o cliente tem ao menos parte da culpa. Por que alguém manteria seus recursos em um fundo com taxa de administração de 5% ao ano hoje em dia?

Talvez por distração ou falta de conhecimento? Pode ser. Mas o fato é que existem atualmente R$ 3,6 bilhões aplicados no fundo Santander Classic DI, que cobra 5% anuais dos cotistas. Por causa disso, gerou um rendimento de apenas 2,1% aos investidores nos últimos 12 meses, bem abaixo da inflação. Enquanto os clientes perderam poder aquisitivo, o Santander embolsou R$ 177 milhões somente com esse produto.

Esse fundo foi criado em janeiro de 1999. Naquela época, uma taxa de administração de 5% ao ano o juro não incomodava tanto porque o juro básico estava em 29%. Ou seja, o investidor da renda fixa ganhava muito.

Hoje, outros produtos fazem mais sentido. Quem aplicou, por exemplo, no FIC Premium Referenciado DI, da Caixa, pagou uma taxa de administração de 0,3% e obteve uma rentabilidade líquida de 6,19%.

Outro lado

Procurado pelo blog, o Itaú fez o seguinte comentário: “O Itaú Unibanco busca sempre oferecer as melhores rentabilidades para os clientes, por meio de uma qualificada equipe de gestores. O banco ainda avalia as taxas de seus fundos rotineiramente e seus clientes podem ainda optar por fundos com taxas menores mesmo que a quantia inicial a aplicar seja menor que o valor mínimo exigido no produto, pois o banco considera para esse valor mínimo o volume global de investimentos que a pessoa tem com a instituição”.

O presidente da BB DTVM, gestora de recursos do Banco do Brasil, Carlos Takahashi, disse que a redução de custos para o cliente é uma “busca constante” da empresa e acrescentou que a instituição administradora e gestora de fundos tem diversos gastos. Disse, ainda, que no atual patamar da taxa básica de juros, “os fundos de renda fixa passam a ser uma alternativa novamente para o investidor”.

Os demais bancos não se pronunciaram.

Metodologia

O levantamento considerou todos os fundos de investimento das categorias Renda Fixa e DI abertos para novos aportes (ainda que fechados para novos clientes) e disponíveis para pessoas físicas, com exceção do segmento “Private”, voltado para o público de altíssima renda.

Foram desconsiderados os fundos de curto prazo, pois o objetivo era examinar a rentabilidade em 12 meses. Também não entraram os aqueles lançados há menos de um ano.

Para o cálculo do rendimento líquido, foi usada a alíquota de 17,5% de Imposto de Renda. A taxa de administração média dos bancos foi ponderada pelo patrimônio líquido dos fundos por eles administrados.