Achados Econômicos

Arquivo : dezembro 2013

Bolsa brasileira tem a 2ª maior queda entre 80 países em 2013; veja ranking
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Sílvio Guedes Crespo

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O mercado de ações do Brasil foi, em 2013, um dos piores do mundo. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 15,5% ao longo do ano.

Entre 83 índices acionários de 80 países monitorados pela agência Bloomberg, apenas um teve desempenho pior que o brasileiro: o da Bolsa do Peru, que despencou 24,4% (veja ranking completo ao final deste texto).

No outro extremo, a Venezuela liderou o ranking, com alta de 502,1% (o que não surpreende os leitores do blog Achados Econômicos; saiba mais). Em segundo lugar, aparece a Argentina, seguida por Gana e Paquistão.

Apesar de o ranking ser encabeçado por países não desenvolvidos, os emergentes mais importantes, como China, Rússia e México, além do Brasil, não foram bem.

Para quem investe em Bolsas de Valores, 2013 foi o ano de lucrar nos países ricos. As ações do G-7, grupo das sete nações mais desenvolvidas do mundo, tiveram uma alta de 27%, considerando a média simples dos principais índices desses mercados.

Já os emergentes conhecidos pela sigla Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) viram suas ações subirem apenas 2%, também pelo critério de média simples. Nesse grupo, a África do Sul (alta de 21%) e a Índia (10,6%) puxaram o número para cima, enquanto houve queda na China (-4,7%) e na Rússia (-1,2%), além do Brasil.

O Japão teve o melhor resultado entre as nações desenvolvidas. Suas ações dispararam quase 60% desde janeiro, acumulando sua maior alta anual dos últimos 41 anos.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones acumulava uma alta de 28,9% de janeiro até a tarde desta segunda-feira. O índice Nasdaq, referência para ações de tecnologia, avançou 39,5% no ano.

Na Europa, que está mergulhada em crise há pelo menos quatro anos, as Bolsas reagiram bem em 2013. Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, quatro países que assustaram investidores nos últimos anos por suspeita de que dariam calote, tiveram neste ano alta acima de 20% em seus mercados de ações.

Também as grandes economias da Europa foram bem, com Alemanha e França subindo mais de 20% e Reino Unido acumulando 19%.

Destaques no Brasil

As maiores quedas do Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do país, foram da OGX (-95%), que já não faz parte mais do indicador, e da MMX (-84%), duas empresas fundadas por Eike Batista. A primeira, de petróleo, entrou em recuperação judicial e já não pertence mais ao empresário.

Entre os destaques positivos, a Kroton, do setor educacional, liderou o ranking do Ibovespa, com alta de 71%, seguida pela Braskem (62%), da área química, e TIM Participações (54%), de telecomunicações.

Veja quais foram as maiores altas e baixas do Ibovespa em 2013.

Maiores altas do Ibovespa em 2013*

AçãoSetorVariação (%)
KrotonEducação71,36
BraskemQuímica61,95
TIM ParticipaçõesTelecomunicações53,97
JBSAlimentos48,31
CieloSoftware e dados43,24
  • * Até 27/12/2013
  • Fonte: Economática

Maiores quedas do Ibovespa em 2013*

AçãoSetorVariação (%)
OGXPetróleo e gás-94,75
MMXMineração-82,27
BrookfieldConstrução-67,84
RossiConstrução-55,16
MarfrigAlimentos-54,01
  • * Até 27/12/2013
  • Fonte: Economática

Ranking mundial

Na semana passada, circulou pela internet um levantamento segundo o qual a Bolsa brasileira teria registrado o pior desempenho em 2013.

Tal pesquisa, no entanto, abrangia apenas 48 países. Não incluía, por exemplo, o Peru – esta, sim, a nação com maior queda – e foi feita antes de o ano acabar, de modo que houve trocas de posições daquela data até hoje.

Veja abaixo o ranking completo, com 80 países.

Principais índices de ações de cada país em 2013*
PaísVariação (%)
Venezuela502,09
Argentina91,63
Gana80,56
Paquistão66,12
Japão59,28
Nigéria48,74
Costa Rica48,08
Quênia47,29
EUA (Nasdaq)39,5
Irlanda35,48
Finlândia34,6
EUA (S&P 500)31,76
Romênia31,22
Qatar30,86
Arábia Saudita30,38
Grécia29,55
EUA (Dow Jones)28,88
Islândia28,75
Egito27,43
Espanha27,19
Dinamarca26,44
Suécia26,25
Vietnã26,03
Botswana25,82
Alemanha25,48
Maurício24,42
Bélgica23,81
Noruega23,77
Omã23,3
Suíça22,94
Austrália22,08
França21,48
África do Sul21,03
Portugal20,68
Luxemburgo20,65
Itália20,53
Malta20,46
Bahrein20,3
Holanda20,21
Lituânia19,15
Reino Unido18,76
Nova Zelândia17,27
Letônia16,22
Taiwan15,16
Malásia14,87
Bermuda14,46
Canadá12,7
Sérvia11,91
Estônia11,7
Israel11,4
Índia10,57
Equador10,09
Áustria9,42
Jordânia8,85
Sri Lanka7,57
Panamá6,99
Eslováquia6,78
Hong Kong6,28
Croácia5,27
Namíbia3,98
Cingapura2,75
Marrocos2,49
Líbano2,05
Hungria1,94
Indonésia1,07
Cazaquistão0,95
Filipinas0,75
Coreia do Sul0,26
México0,04
República Tcheca-0,41
Rússia-1,18
Polônia-1,67
Tunísia-2,63
Tailândia-3,79
Ucrânia-4,37
China-4,72
Colômbia-8,84
Chipre-10,01
Jamaica-10,31
Turquia-12,06
Chile-14,09
Brasil-15,5
Peru-24,4
* Fonte: Bloomberg

Opinião: 2013 frustra ousadia econômica de Dilma
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Sílvio Guedes Crespo

Na TV, Dilma anunciou cruzada contra os juros; hoje, taxa voltou a ser a maior do mundo

Dilma tentou cruzada contra os juros, mas taxa voltou a ser a maior do mundo

O ano de 2013 foi aquele em que se frustraram as inovações que a presidente Dilma Rousseff tentou implantar na economia brasileira.

Dilma prometeu um corte drástico na taxa básica de juros do país. Mais tarde, expoentes do governo anunciaram a “nova matriz econômica” nacional, uma combinação de juros baixos, cortes de impostos e real menos valorizado.

Esse tripé seria a base de uma nova era na economia país. Com os juros baixos, os investidores não conseguiriam mais obter uma renda fabulosa emprestando dinheiro para o Estado. Teriam que, dali para frente, colocar o seu capital no setor produtivo. Acabou o “almoço grátis” no Brasil, disse a presidente em 2012.

A consequência seria o aquecimento da atividade econômica, com aumento do emprego, da renda, do consumo e do investimento, criando um ciclo virtuoso.

Aos juros baixos, seria acrescentada uma taxa de câmbio favorável à indústria brasileira. A moeda nacional mais fraca tornaria os produtos “made in Brazil” mais competitivos no mercado internacional.

Ainda, os cortes de impostos facilitariam a vida dos brasileiros sem, no entanto, obrigar o governo a reduzir gastos sociais e investimentos. A lógica é simples. Em curto prazo, o que o governo deixaria de gastar com juros da dívida poderia ser usado para bancar despesas públicas. Em longo prazo, a arrecadação de impostos seria recuperada por causa do aquecimento da economia.

Paralelamente, o governo daria crédito a empresas com juros mais baixos do que os dos bancos, impulsionando o setor produtivo.

Estava pavimentada, assim, a via pela qual o país entraria em uma nova era de desenvolvimento.

Fim da era Lula

A nova matriz seria uma reação ao esgotamento do modelo de crescimento que marcou a era Lula.

De 2004 a 2010, os chineses não paravam de importar matéria-prima brasileira. Os investidores internacionais colocavam cada vez mais dinheiro no país. O mercado interno se desenvolvia e o consumo crescia com ajuda do crédito. As empresas conseguiam se expandir, contratando quem até então estava desempregado ou ganhando pouco – como as empregadas domésticas. O emprego e os salários no país aumentavam, especialmente entre a população mais pobre.

O “boom”, no entanto, começou a murchar em 2011. A China já não crescia mais com tanto vigor. Os investidores internacionais ficaram mais comedidos por causa da persistência da crise no mundo rico.

O país caminhava rumo ao pleno emprego. Nos grandes centros urbanos, já não era mais tão fácil encontrar pessoas dispostas a aceitar qualquer salário. As domésticas começaram a rarear. Para continuar crescendo, o país teria que aprender a aumentar a produção sem aumentar o número de trabalhadores. Ou seja, precisaria elevar a produtividade. Produzir melhor, para ficar mais competitivo. Do contrário, a economia ficaria parada.

Foi o que ocorreu em 2012. O PIB (produto interno bruto) subiu apenas 1%. A partir dali, ou se aumentavam os investimentos e a produtividade, ou teríamos uma era de “pibinhos”.

Frustração

Algumas coisas, no entanto, deram errado – no Brasil e no exterior.

O Banco Central, de fato, reduziu a taxa básica de juros, a Selic, para o patamar mais baixo desde o Plano Real. Só que faltou combinar com a inflação, ou melhor, com o restante do governo.

Os preços teimaram permanecer acima do centro da meta, que é de 4,5% ao ano, de modo que o BC teve que voltar a elevar a taxa de juros.

Vários fatores influenciam a inflação. Um deles é o câmbio. Enquanto o real se valoriza, os produtos estrangeiros ficam mais baratos para nós. Por outro lado, a mercadoria nacional fica mais cara em comparação com a importada, o que atinge a indústria brasileira.

Mesmo que se mandasse às favas a indústria, não conseguiríamos mais usar o câmbio para controlar a inflação. A entrada de dólares já não cresce mais no mesmo ritmo verificado na era Lula. Primeiro, porque a China entrou em desaceleração. Segundo, mas não menos importante, porque os Estados Unidos estão se recuperando e, consequentemente, atraindo investidores que de outro modo colocariam dinheiro no Brasil.

Outra forma de amenizar a inflação seria pela redução das despesas públicas. O governo gastaria menos e, consequentemente, a demanda por mercadorias diminuiria. Porém, os gastos estatais continuaram crescendo, não importa se por falta de comprometimento do governo ou por pressão de parlamentares e grupos da sociedade.

A taxa básica de juros, que estava em 7,25% ao ano em janeiro, hoje atingiu 10% e voltou a ser a maior do mundo.

Corte de impostos

Outro pilar da nova matriz econômica, o corte de impostos foi feito em vários setores. O governo está deixando de arrecadar R$ 14 bilhões em 2013 e R$ 28 bilhões em 2014.

A arrecadação foi afetada, também, por uma atividade econômica mais fraca do que se previa quando foi elaborado o Orçamento.

O resultado foi óbvio: o setor público não conseguiu juntar apenas com a arrecadação de impostos toda a quantia prometida para pagar juros da dívida. Teve que recorrer a receitas não recorrentes. Por exemplo, a do leilão do campo de petróleo de Libra e a de um programa que dá desconto para as empresas quitarem suas dívidas com a União.

Isso é suficiente para deixar investidores aflitos. Se eles acham que o governo não está levando a sério o compromisso com os credores, não colocam seu capital no país – a não ser para especular, pois precisariam de um retorno alto o suficiente para compensar o risco. E sem investimentos de longo prazo, também não se tem crescimento econômico sustentado.

Dívida em alta

Para tranquilizar investidores, o setor público precisa gastar com juros uma quantia suficiente para que a dívida se mantenha controlada no longo prazo.

Nossa dívida líquida hoje está em torno de 35% do PIB, bem abaixo dos mais de 60% atingidos em 2003. Trata-se da diferença entre o que o setor público está devendo e o que ele tem a receber como credor.

O que tem gerado desconfiança no mercado é a dívida bruta, que está em alta. O Tesouro toma dinheiro emprestado no mercado para dar crédito mais barato a empresas, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Se o governo empresta a mesma quantia que tomou emprestado, a dívida líquida não aumenta. Mas a bruta, sim. Ainda se poderia argumentar que, tendo o governo um montante a receber idêntico ao que tomou emprestado, então não tem problema. Só que tem. O dinheiro que o Tesouro toma emprestado às vezes pode precisar ser pago antes de o BNDES receber dos seus credores.

Está aqui mais um ponto que deixa investidores em polvorosa: a possibilidade de a dívida pública sair do controle. Mais uma vez: sem confiança do mercado, não há investimentos nem crescimento econômico.

Real fraco

Se os juros voltaram a subir e a desoneração não foi feita sem afetar o equilíbrio das contas públicas, a desvalorização do real parece ser o único dos três pilares da nova matriz econômica que deu certo. Afinal, a nossa moeda se desvalorizou, mesmo.

Aqui, o problema é que essa desvalorização ocorreu por força externa. A economia dos EUA está se recuperando, de modo que parte do capital que vinha a países emergentes agora tende a ir para lá. Não é mais tão fácil atrair dólares para o Brasil.

Por isso mesmo, o Federal Reserve, banco central americano, anunciou que está diminuindo a quantidade de dinheiro que despeja mensalmente no mercado. A chuva de dólares que atingia os países emergentes – que Dilma chamou de “tsunami monetário” – pode virar uma garoa.

Ao longo do ano, os investidores ficaram tentando adivinhar quando o Fed iria retirar os estímulos. Em julho e agosto, achavam que seria imediatamente, o que gerou especulações e fez o real ter uma das maiores quedas do mundo. Em setembro, o BC americano disse que a redução não seria imediata nem brusca – e o real subiu mais do que qualquer outra moeda, naquele momento.

O cenário incerto nos EUA trouxe, portanto, volatilidade para o real. Isso significa imprevisibilidade e, portanto, dificuldade para as empresas fazerem planos de longo prazo. Mais um motivo para o setor privado adiar investimentos no país.

Economia lenta

Todo esse conjunto de problemas – inflação, menos dinheiro de impostos para pagar juros, aumento da dívida bruta e volatilidade do câmbio – contribuiu para frustrar aqueles que esperavam que a economia fosse deslanchar.

No início do ano passado, analistas acreditavam que o PIB cresceria 4,25% em 2013. Hoje, eles projetam alta de apenas 2,3% no ano completo.

A indústria cresceu somente 1% nos últimos 12 meses. Nesse ritmo, não vai nem repor as perdas do ano passado, quando encolheu 2,7%.

As vendas do comércio, único indicador da atividade econômica que crescia a taxas chinesas até o início do ano, reduziu à metade seu ritmo de expansão nos últimos meses.

O chamado saldo comercial, diferença entre exportações e importações, despencou 94%. De janeiro até a terceira semana de dezembro, somou US$ 1 bilhão; no mesmo período de 2012, estava em US$ 18 bilhões.

Sem catastrofismo

Nem por todos esses dados ruins, no entanto, se poderia afirmar que 2014 será uma catástrofe, como preveem uns e desejam outros. Alguns dados indicam isso.

A taxa de desemprego caiu para 4,6%, o nível mais baixo desde 2002, quando a pesquisa adotou a metodologia atual.

Verdade que o principal responsável por essa queda em novembro foi a redução do número de pessoas que procuram trabalho. Mas a geração de novas vagas também teve sua importância.

O país continua criando postos de trabalho, mesmo que a um ritmo bem mais lento do que na década passada.

A probabilidade de catástrofe diminui, ainda, se notarmos que o banco central americano está reduzindo os estímulos de forma bem gradual. Fizesse isso bruscamente, poderíamos ver mais volatilidade no real. Da forma como tem feito, no entanto, é possível que o câmbio oscile em um patamar que não prejudique tanto os quem têm dívidas em dólar e ainda favoreça os exportadores.

2014 melhor

A privatização de parte da infraestrutura nos últimos meses deste ano, se não significa uma guinada na economia, ao menos abre a perspectiva de tempos melhores.

Depois do fiasco na segunda rodada de concessões de rodovias, quando não apareceu nenhum investidor interessado em uma estrada, o governo resolveu mudar o modelo e conseguiu atrair capital para a infraestrutura.

As concessões, além de trazerem dinheiro ao país, ajudam a melhorar a produtividade e podem contribuir para superar a era dos “pibinhos”. Se um produto que leva 20 horas para chegar até determinado porto, e com a melhora das estradas ele passar a levar 10, então a produtividade do transportador terá aumentado. Ganho similar existe quando melhora o fluxo dos portos e aeroportos.

Mas para acelerar mesmo a atividade, ainda faltaria resolver outras questões, como a dos gastos públicos, que além de pressionar a inflação ainda desequilibram as contas do governo e afugentam investidores. Enquanto não ficar claro que o governo quer e pode resolver esse problema, os investimentos tendem a vir em conta-gotas.

O ajuste das contas públicas, no entanto, não deve ser feito de forma indiscriminada em um país ainda tão desigual como o Brasil. Qualquer política econômica deve estar atrelada a um objetivo maior, o de garantir a igualdade de oportunidades para a população.


Desemprego volta à menor taxa porque caiu a população que busca trabalho
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 14h*

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A taxa de desemprego no Brasil atingiu o menor nível da série histórica para meses de novembro não apenas por causa do aumento do emprego, mas principalmente pela diminuição da população economicamente ativa, ou seja, do número de pessoas que estão trabalhando ou procurando trabalho.

Em novembro, havia 14 mil pessoas ocupadas a mais do que em outubro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Considerando que a economia do país não vai exatamente bem – o PIB (Produto Interno Bruto), que mede a produção de riquezas na nação, encolheu 0,5% do segundo para o terceiro trimestre –, só o fato de a população ocupada não ter diminuído já é um alívio.

Mas esse pequeno aumento da ocupação não seria suficiente para uma redução tão forte da taxa de desemprego, de 5,2% da população ativa, em outubro, para 4,6%, em novembro – menor valor da série (iniciada em 2002), empatado com dezembro do ano passado.

Como existia 1,27 milhão de desempregados e 24,549 milhões de ativos em outubro, uma redução do contingente desocupado em apenas 14 mil levaria a taxa de desemprego para 5,1 em novembro, se tudo mais fosse mantido como estava.

A taxa só chegou ao recorde de baixa porque população ativa reduziu-se em 125 mil. Dito de outra forma, o número de pessoas que o IBGE considera desempregadas caiu em 139 mil porque a população ocupada aumentou em 14 mil e a ativa diminuiu em 125 mil.

Longo prazo

A queda da taxa de desocupação por conta da redução da população ativa é um fenômeno recente. Se olharmos para o longo prazo, veremos que, ao longo da última década, o índice de desemprego desceu por causa da geração de postos de trabalho.

O gráfico abaixo mostra o número de pessoas ocupadas e ativas nos últimos dez anos. A população ativa vinha subindo desde pelo menos 2004, mas o crescimento da ocupação foi mais rápido. Na maior parte da última década, portanto, o desemprego caiu por causa da geração de vagas no mercado.

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O número de pessoas ocupadas subiu 26% entre janeiro de 2004 e dezembro do ano passado, enquanto a de ativas cresceu 17%. Nos últimos 12 meses, no entanto, a população ocupada caiu 0,7%, mas a ativa recuou mais (-1%).

* Acrescentado o trecho após o intertítulo “Longo prazo” às 14h


Presidente Kennedy (ES) tem PIB per capita de R$ 387 mil, o maior do país
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Sílvio Guedes Crespo

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Maior PIB per capita

  • A pequena cidade capixaba pode ser transformada com pré-sal e construção de porto

O município de Presidente Kennedy, no Espírito Santo, tem o maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita do país, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado nesta terça-feira.

Com apenas 10.373 habitantes, a cidade movimentou R$ 4 bilhões em 2011 (dado mais recente), o que dá uma média de R$ 387 mil por pessoa – 157 vezes mais do que o município mais pobre do país (veja gráfico mais abaixo).

Apesar de o número impressionar, deve ser analisado com cuidado porque se trata de uma média. Os municípios com maior PIB per capita, aliás, têm em comum uma população muito pequena. Normalmente são cidades onde há uma atividade econômica intensa em torno de uma matéria-prima específica. Pelas características desse tipo de produção, o mais provável é que essas cidades tenham uma enorme concentração de renda.

Presidente Kennedy tem sua agropecuária e suas atrações turísticas, mas, depois da descoberta do pré-sal, foi o petróleo que a alçou ao topo do ranking. O município é beneficiado com royalties da exploração de óleo no litoral capixaba.

Ainda, a região pode lucrar com a ausência de mar em Minas Gerais. A mineradora Ferrous anunciou, em 2008, planos de construir um porto em Presidente Kennedy para escoar sua produção, vinda do Quadrilátero Ferrífero mineiro. O investimento previsto inicialmente superaria R$ 2 bilhões. A empresa aguarda licença para construção em 2014.

Mesmo com a obra ainda não iniciada, a cidade já sente o impacto dos investimentos. A companhia adquiriu uma área de 12 milhões de metros quadrados para implantar o complexo portuário.

Ranking

Veja quais são as dez cidades mais ricas e mais pobres do país em PIB per capita.

municipios mais ricos e mais pobres brasil pib per capita achados economicos 1

Capitais

O Espírito Santo também aparece no topo do ranking de PIB per capita de capitais de Estado. Vitória está na primeira posição, tendo movimentado R$ 85,8 mil por pessoa em 2011. Em último lugar está Rio Branco, do Acre, com R$ 13 mil.

pib per capita capitais brasil achados economicos

Desigualdade regional

Ontem, o blog Achados Econômicos escreveu que o PIB per capita de Estados como o Piauí é comparável ao de países africanos, enquanto o do Distrito Federal é quase igual ao da França (veja álbum de fotos abaixo).

Com os novos dados do IBGE, detalhados por município, é possível ir mais longe na identificação das desigualdades regionais. Os municípios que estão na camada dos 10% mais pobres têm uma renda per capita inferior a R$ 4.519. Convertendo para dólares de 2011, dá US$ 2500, o que significa que os habitantes dessas cidades estão no mesmo patamar de riquezas que a população da Nigéria. Esta comparação foi feita por paridade do poder de compra.


São Paulo, Rio e Brasília respondem por 20% do PIB brasileiro
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Sílvio Guedes Crespo

pib dos municipios participacao

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Os municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília tiveram, juntos, um PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 850 bilhões em 2011, o que corresponde a um quinto da atividade econômica brasileira.

Se consideradas também Curitiba, Belo Horizonte e Manaus, apenas seis cidades respondem por um quarto do PIB do país.

Metade de toda a produção brasileira ocorre em apenas 55 municípios, onde vivem 31% da população nacional. Ao mesmo tempo, mais de 5 mil cidades abrigam 69% dos habitantes do país e geram a outra metade do PIB.

Os dados do PIB por município foram divulgados nesta terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em novembro, a entidade publicou os números sobre a atividade econômica por Estado.

MUNICÍPIOS COM MAIOR ATIVIDADE ECONÔMICA

PosiçãoMunicípioPIB em 2011 (R$ bi)Participação no PIB do país (%)Participação acumulada no PIB do país (%)
São Paulo/SP47711,5111,51
Rio de Janeiro/RJ2095,0516,57
Brasília/DF1643,9720,54
Curitiba/PR581,4021,94
Belo Horizonte/MG551,3323,27
Manaus/AM511,2324,50
Porto Alegre/RS461,1025,60
Guarulhos/SP431,0526,65
Fortaleza/CE421,0127,66
10ºCampinas/SP410,9828,64
  • Fonte: IBGE

A maior cidade, em atividade econômica, que não é capital de Estado é Guarulhos, com um PIB de R$ 43 bilhões, seguida por Campinas e Osasco, todas em São Paulo.

Apenas duas capitais não são as maiores de seus respectivos Estados, em atividade econômica. Florianópolis perde para Joinville, cidade mais populosa de Santa Catarina, onde se concentra o polo metal-mecânico catarinense. No Pará, Belém fica atrás de Paraupebas, onde há forte atividade extrativa de minérios.

Os números mensuram uma situação já muito conhecida no país, de desigualdade econômica regional.

Sozinha, a cidade de São Paulo tem um PIB de R$ 477 bilhões, superior ao de qualquer Estado do país (com exceção de SP, obviamente). No Estado do Rio, o segundo maior nesse quesito, a economia movimentou R$ 462 bilhões em 2011.

O PIB paulistano é maior, inclusive, do que o de toda a região Centro-Oeste (R$ 396 bilhões) e também Norte (R$ 224 bilhões), não somadas.

Apesar de ainda se manter altamente concentrado, o PIB brasileiro sofreu uma ligeira descentralização nos últimos anos. Em 2007, a cidade de São Paulo respondia por 12,1% da atividade econômica nacional; hoje, são 11,5%.Somente em 2011, a capital paulista perdeu 0,3 ponto percentual, maior queda registrada no país.

Em relação ao município do Rio, a participação no PIB brasileiro caiu de 5,3%, em 2007, para 5,1%, em 2011.


Piauí tem PIB per capita africano, e Distrito Federal, europeu; compare
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Sílvio Guedes Crespo

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O Distrito Federal é a única unidade federativa do Brasil onde a população tem um nível médio de riqueza comparável a um país rico. Seu PIB per capita foi de US$ 34.500 em 2011, muito próximo ao da França, de US$ 34.900.

Em todas as demais 26, o indicador é próximo ao de nações emergentes ou pobres. O Piauí, Estado com o PIB per capita mais baixo (US$ 4.300), nesse quesito é comparável à República Popular do Congo (US$ 4.500).

Clique nas imagens abaixo para ver a que países corresponde o PIB per capita de cada Estado Brasileiro.

A comparação foi elaborada pelo blog Achados Econômicos a partir da base de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A conversão para dólares foi feita a partir da taxa de câmbio por paridade do poder de compra calculada pelo FMI. Nesse caso, dizer que o PIB per capita no DF é igual ao da França significa afirmar que, nos dois locais, a população tem, em média, o mesmo poder aquisitivo. Os dados citados são os mais recentes para as contas estaduais, referentes a 2011.

Deve-se tomar cuidado ao observar os valores, pois são números médios. Isso quer dizer que, sendo a desigualdade econômica maior no Brasil do que, por exemplo, na França, provavelmente a camada mais pobre do DF tem um poder aquisitivo menor do que do país europeu.

Também não se pode esquecer que Brasília foi criada para abrigar a elite política do país. Se por um lado ela fica longe das maiores cidades brasileiras, por outro ela deixa em evidência a distância entre a remuneração dos altos funcionários públicos e o rendimento médio do restante da população. Se a capital federal ainda fosse no Rio de Janeiro, as estatísticas não deixariam tão nítida essa diferença.

 

PIB PER CAPITA DOS ESTADOS BRASILEIROS COMPARADO COM O DE PAÍSES

Estado/RegiãoPIB per capita (US$)País comparadoPIB per capita
NORTE7.610Guiana7.491
Rondônia9.676Equador9.693
Acre6.456Iraque6.550
Amazonas9.997Peru9.950
Roraima8.277China8.305
Pará6.298Egito6.388
Amapá7.181Namíbia7.360
Tocantins7.064Argélia7.062
NORDESTE5.687Suazilândia5.775
Maranhão4.303Cabo Verde4.220
Piauí4.294Rep. pop. do Congo4.496
Ceará5.652Sri Lanka5.618
Rio Grande do Norte6.185Paraguai6.124
Paraíba5.123Guatemala5.042
Pernambuco6.453Egito6.388
Alagoas4.975Marrocos5.022
Sergipe6.869Micronésia6.982
Bahia6.214Paraguai6.124
SUDESTE15.534Malásia15.890
Minas Gerais10.725África do Sul10.942
Espírito Santo15.092Uruguai15.055
Rio de Janeiro15.724Líbano15.289
São Paulo17.780Argentina17.477
SUL13.360Bulgária13.669
Paraná12.477Romênia12.390
Santa Catarina14.663México14.748
Rio Grande do Sul13.459Bulgária13.669
CENTRO-OESTE15.249Líbano15.289
Mato Grosso do Sul10.891Sérvia10.725
Mato Grosso12.722Venezuela12.735
Goiás10.027Colômbia10.208
Distrito Federal34.532França34.860
BRASIL11.800Costa Rica11.861
  • Fonte: IBGE e FMI


Em um ano, ritmo de expansão do comércio cai à metade
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Sílvio Guedes Crespo

As vendas do comércio varejista, um indicador econômico que continuava forte apesar do PIB (Produto Interno Bruto) fraco, vêm perdendo fôlego mês a mês em 2013.

O varejo brasileiro cresceu 4,48% nos 12 meses encerrados em outubro, em volume de vendas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro de 2012, o mesmo indicador registrara uma alta de 8,5%. No mesmo mês de 2010, a taxa de expansão era quase três vezes maior que a atual.

vendas no varejo ibge achados economicos

Até o início do ano, o varejo mostrava-se um segmento ainda forte, com taxas chinesas de crescimento.

Os brasileiros continuavam consumindo bem, mesmo com a atividade econômica doméstica a passos lentos. A indústria nacional patinava, mas, para os consumidores, isso pouco importa. Eles continuaram comprando bastante – em grande parte, produtos importados.

Neste ano, no entanto, o consumo esfriou. O dólar subiu de R$ 2,07, em dezembro de 2012, para os atuais R$ 2,33, uma alta de 13%. A valorização da moeda americana torna mais caros os produtos importados.

O dólar subiu porque investidores acreditam que, em breve, o governo dos Estados Unidos vai diminuir o ritmo de emissão de dinheiro. Atualmente, despeja no mercado US$ 85 bilhões mensais.

Ao mesmo tempo em que o dólar subia, o Banco Central aumentava a taxa básica de juros, para conter a inflação. Em janeiro, a taxa estava em 7,25% ao ano. No mês passado, atingiu 10%. Com juros mais altos, fica mais difícil financiar e, portanto, consumir.

Em uma análise divulgada há pouco, a consultoria Nobel Planejamento, do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, destaca o lado positivo dos números sobre o comércio:

“Deve ser levado em conta que em poucos países da atualidade se assiste a uma progressão como esta do padrão de consumo de bens por parte das famílias. Ou seja, dependendo de confirmação dos resultados para 2013, teremos um novo patamar de vendas, significativamente menor do que fora por quase uma década, mas ainda assim favorável. Desta forma, do lado do consumo poderemos contar com um impulso razoável para o aumento do PIB em 2014, o que poderá contrabalançar um possível refreamento do investimento privado nesse ano eleitoral e sujeito a incertezas internas e externas.”


Análise: indústria brasileira tenta se reerguer cortando empregos
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Sílvio Guedes Crespo

industria Fernando Donasci UOL

Robôs soldam carro da GM em São José dos Campos (SP)

A indústria brasileira tenta se recuperar por meio do corte de empregos, indicam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A produção aumentou 0,9% em outubro, em relação ao mesmo mês do ano passado. Foi a terceira alta seguida nesse tipo de comparação.

Já o emprego industrial, ao contrário, caiu 1,7% em outubro em relação a um ano antes, completando a 25º redução consecutiva. Desde outubro de 2011 o pessoal ocupado na indústria vem caindo.

De setembro para outubro, houve um aumento de apenas 0,1%, praticamente uma estagnação, após cinco quedas nesse tipo de comparação.

producao e emprego na industria

O gráfico mostra uma forte desaceleração da produção industrial a partir de janeiro de 2011. Nos 12 meses encerrados em setembro do ano passado, o setor encolheu 3%. Desde então, passou a ensaiar uma retomada.

A linha vermelha do gráfico mostra que hoje a produção está em crescimento – em ritmo incomparável ao do início de 2011, mas ainda assim está em expansão. Já a linha verde mostra que o emprego no setor continua em queda.

O movimento pode ser um ajuste à trajetória de alta dos salários ocorrida anteriormente. Com o aumento do mínimo e os reajustes acima da inflação obtidos pelos sindicatos, as empresas parecem estar tentando evitar uma disparada nos gastos com funcionários.

A folha de pagamento da indústria não para de subir, apesar dos cortes de pessoal. Como indica o gráfico abaixo, ela apenas sofreu desaceleração. O ritmo de aumento passou de 6,5% ao ano no início de 2011 para cerca de 4% atualmente (linha verde).

emprego e salario na industria

Existem vários fatores que influenciam o desempenho da indústria, como o câmbio, a demanda interna e externa, a taxa de juros etc. Mas, do ponto de vista do mercado de trabalho, estamos assistindo, neste momento, a um enxugamento do pessoal ocupado na indústria, concomitante a uma melhora nas condições dos que ficam e a uma leve recuperação da produção.

Outros dados do IBGE e do Ministério do Trabalho indicam que os trabalhadores demitidos da indústria podem estar sendo absorvidos pelo setor de serviços. A taxa de desemprego continuou caindo em outubro (para 5,2%), acompanhada da geração de 95 mil postos de trabalho formais naquele mês, contra 67 mil em igual período de 2012.


Quem financia imóvel em 30 anos paga dois e leva um; compare os custos
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 8h15

imovel casa dinheiro folhapress marcelo justo

Quem financia uma residência por 30 anos, dando uma entrada pequena, acaba pagando ao longo do contrato um valor que daria para comprar um outro imóvel igual.

Com base em dados levantados pela Fundação Proteste, o blog Achados Econômicos estimou o custo total a ser pago pelos clientes de oito bancos ao longo de três décadas, por meio do Sistema de Amortização Constante (SAC).

A fundação considerou três perfis diferentes de clientes. No primeiro caso, o comprador tem uma renda familiar de R$ 4.500 por mês e vai comprar um imóvel de R$ 150 mil, financiando 80% desse valor.

Pela Caixa Econômica Federal, o cliente tem um CET (Custo Efetivo Total, que inclui juros e outros gastos, como seguro) de 8,23% ao ano. Com isso, ao final de 30 anos, ele desembolsará mais de R$ 260 mil, ou seja, 1,8 vez o preço do imóvel à vista.

Se o financiamento for pelo Citibank, o CET fica em 10,25% ao ano para novos clientes, que ainda não têm conta nesse banco. Resultado: ao fim de 30 anos, o comprador paga um total de R$ 300 mil, ou seja, duas vezes o valor à vista.

Veja nos quadros abaixo a estimativa de quanto se paga de juros e outros custos de financiamento, em três perfis diferentes.

Perfil 1

Imóvel de R$ 150 mil

Financiamento: 80% (R$ 120 mil)

Renda familiar: R$ 4,5 mil

BancoCET (% a.a.)Valor a ser
desembolsado em 30 anos (R$ mil)*
Quantos imóveis o
cliente paga ao longo do contrato
Caixa (Minha Casa, Minha Vida + FGTS)7,692541,7
Caixa (sem FGTS nem Minha Casa Minha Vida)8,232631,8
BB (Minha Casa, Minha Vida + FGTS)9,022761,8
BB (só FGTS)9,292811,9
Citibank (relacionamento**)9,362821,9
Santander (relacionamento**)9,722881,9
Banrisul9,732881,9
BB (sem FGTS)9,762891,9
HSBC9,992932,0
Itaú10,022932,0
Bradesco10,162952,0
Citibank10,252972,0
  • * Estimativa com base no Sistema de Amortização Constante
  • ** Taxa válida só para quem tem relacionamento com o banco
  • Fonte: Instituto Proteste. Elaboração própria


Perfil 2

Imóvel de R$ 400 mil

Financiamento: 80% (R$ 320 mil)

Renda familiar: R$ 11 mil

BancoCET (% a.a.)Valor a ser
desembolsado em 30 anos (R$ mil)*
Quantos imóveis o
cliente paga ao longo do contrato
Caixa (relacionamento** + conta salário)8,627191,8
BB (prestação em dia + salário) 300 meses***8,666541,6
BB (prestação em dia) 300 meses***8,96731,7
Citi (relacionamento**)9,047381,8
Caixa (relacionamento**)9,127421,9
Santander (relacionamento**)9,397541,9
HSBC9,637641,9
BB (taxa balcão) 300 meses9,666921,7
Caixa (balcão)9,677661,9
Itaú9,797711,9
Citibank9,937771,9
Banrisul10,498022,0
Bradesco10,898202,0
  • * Estimativa com base no Sistema de Amortização Constante
  • ** Taxa válida só para quem tem relacionamento com o banco
  • *** O financiamento do BB para esta modalidade é de 25 anos
  • Fonte: Fundação Proteste. Elaboração própria

 

Perfil 3

Imóvel de R$ 800 mil

Financiamento: 80% (R$ 640 mil)

Renda familiar: R$ 23 mil

BancoCET (% a.a.)Valor a ser
desembolsado em 30 anos (R$ milhão)*
Quantos imóveis o
cliente paga ao longo do contrato
Caixa (relacionamento** + salário)9,061,51,8
Caixa (relacionamento**)9,251,51,9
Citibank (relacionamento**)9,341,51,9
HSBC9,531,51,9
BB (prestação em dia + salário) 300 meses***9,591,41,7
Santander (relacionamento)9,981,61,9
Caixa10,051,62,0
BB (prestação em dia) 300 meses***10,081,41,8
Itaú10,221,62,0
Citibank10,481,62,0
BB (balcão) 300 meses***10,581,51,8
Bradesco11,281,72,1
Banrisul11,51,72,1
  • * Estimativa com base no Sistema de Amortização Constante
  • ** Taxa válida só para quem tem relacionamento com o banco
  • *** O financiamento do BB para esta modalidade é de 25 anos
  • Fonte: Fundação Proteste. Elaboração própria

 

Os dados mostram a diferença que faz o pagamento de juros e outros custos ao longo dos anos. Isso quer dizer que, se a pessoa tiver dinheiro que não pretenda usar no médio prazo, vale a pena dar uma boa entrada e diminuir o valor financiado.

Caso não haja muito dinheiro para a entrada, no entanto, nem sempre é melhor adiar a compra do imóvel. Vai depender de quanto a pessoa paga de aluguel.

Ainda, não custa lembrar que, no Sistema de Amortização Constante, o comprador paga menos juros, porque as primeiras prestações são mais altas. Assim, logo no começo ele já faz um considerável abatimento no saldo devedor.

Já por meio da tabela Price, em que as parcelas são todas iguais, nos primeiros meses o cliente praticamente só paga juros e quase não amortiza o principal da sua dívida.

Custos totais

Os números são aproximados. Foram calculados a partir do CET que os bancos forneceram à Fundação Proteste no momento da pesquisa.

O valor total desembolsado pode variar, ainda, dependendo de algumas escolhas do cliente. Por exemplo, se ele optar por não financiar as despesas cartoriais e o ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), pagará menos juros. Em compensação, gastará mais no momento da compra.

Procurados, os bancos disseram que as taxas de juros são as máximas cobradas e que elas podem baixar de acordo com o relacionamento entre a instituição financeira e o cliente.


Após ‘boom’, Brasil vira o emergente que mais perde crédito internacional
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Sílvio Guedes Crespo

Depois de ser um dos países emergentes onde o crédito vindo do exterior mais aumentou, o Brasil passou para o lado oposto em meados deste ano, tornando-se a nação em desenvolvimento onde mais se reduziram os empréstimos internacionais.

No segundo trimestre deste ano, as concessões de crédito externo para empresas e bancos brasileiros reduziram-se em US$ 20 bilhões, ou 6,2%, em comparação com o primeiro trimestre, segundo dados do BIS, entidade que reúne os principais bancos centrais do mundo.

De acordo com o estudo, a concessão de crédito piorou para diversos países emergentes por causa da possibilidade de os EUA decidirem parar de imprimir mensalmente US$ 85 bilhões. Em outras nações em desenvolvimento, no entanto, o crédito não diminuiu tanto como no Brasil, conforme o indica o gráfico abaixo.

credito global em paises emergentes dolar

Nota-se que, entre os países listados, somente a China teve um aumento na captação de crédito externo, de US$ 54 bilhões.

O Brasil liderou a redução em valores absolutos. Em termos relativos, no entanto, alguns países tiveram resultado pior. Enquanto aqui a redução foi de 6,2%, na África do Sul ela atingiu 9%, e na Ucrânia, 11%.

credito global em paises emergentes porcentagem

Em maio, por causa de um comentário feito pelo Federal Reserve (banco central dos EUA), investidores começaram a achar que as compras mensais de títulos no valor de US$ 85 bilhões iriam diminuir ou serem totalmente suspensas.

Com isso, a quantidade de dólares existente iria parar de aumentar. Consequentemente, a cotação da moeda americana subiria. Ainda, a retirada desse estímulo ocorrerá quando a economia dos EUA mostrar que está se recuperando firmemente. Nesse caso, os investidores tenderão a colocar mais dinheiro no mercado americano, em vez dos emergentes, o que colocaria mais pressão de alta do dólar.

É precisamente pela possibilidade de alta do dólar que os bancos internacionais reduziram seus empréstimos ao Brasil, na opinião do BIS.

O Brasil foi, nos últimos dez anos, um dos países mais beneficiados pelo aumento do crédito por parte de bancos internacionais.

Sendo assim, empresas brasileiras contraíram dívidas em dólar. Se a moeda americana subir, mais difícil ficará honrar esses compromissos, para as empresas que têm receita em reais.

Além disso, o BIS, para avaliar a vulnerabilidade dos países, considerou também a proporção entre a dívida em moeda estrangeira e as exportações do país. No caso do Brasil, essa relação é de 99%, ou seja, a dívida é quase do tamanho das exportações anuais. No Chile e no Peru, a proporção é de 50%; no México, de 20%.

Quanto maior esse número, mais vulnerável tende a ser o país a uma eventual subida do dólar.

‘Boom’

Nos últimos anos, a posição do Brasil era inversa. O país estava entre os que mais absorviam crédito internacional, de acordo com o próprio BIS. Do início de 2009 até junho de 2013, os empréstimos tomados por empresas e bancos brasileiros no exterior mais do que dobrou, atingindo US$ 237 bilhões.