Indústria demite 2,5% dos empregados em 2 anos e ganha produtividade
Sílvio Guedes Crespo
Após dois anos seguidos de demissões, a indústria brasileira voltou a ganhar produtividade, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor reduziu seu pessoal ocupado em 1,4% em 2012 e em 1,1% no ano passado, o que dá uma diminuição acumulada de 2,5% nos últimos dois anos.
Ao mesmo tempo, a produção industrial caiu 2,5% em 2012 e cresceu 1,2% em 2013, ou seja, acumulou uma queda de 1,4% no período.
O emprego diminuiu mais do que a produção. Isso quer dizer que a indústria aumentou a produtividade do trabalho, ou seja, que hoje cada funcionário industrial produz, em média, um pouco mais do que há dois anos.
Uma visão mais precisa da produtividade nós temos quando analisamos não a quantidade de trabalhadores, mas o número de horas pagas.
Em 2010, a produção industrial cresceu 10,5%, enquanto o número de horas pagas aumentou apenas 4,1%. O crescimento da produtividade do trabalho – que é quanto a produção avançou a mais do que as horas pagas – foi de 6,1%.
A partir de 2011, no entanto, o setor murchou. A produção cresceu 0,4% naquele ano, e as horas pagas, 0,3%. A produtividade ficou praticamente estagnada.
Em 2012, quando a produção caiu 2,5%, as horas pagas caíram 1,9%. Logo, a produtividade caiu 0,6%.
No ano passado, a indústria aumentou a produção em apenas 1,2%, de modo que a produtividade do trabalho cresceu 2,4%.
Existem várias formas de aumentar a produtividade. A melhor delas é fazer a produção crescer mais do que o número de horas pagas, como ocorreu em 2010. A pior é fazer o número de horas pagas diminuir mais do que a produção – foi o que aconteceu no biênio 2012-2013.
A opção por reduzir o trabalho mais do que a produção é uma tentativa de se adaptar à nova realidade do país, de crescimento econômico baixo. Como os custos de demissão são altos por causa da legislação trabalhista, as demissões indicam que os empresários preveem uma atividade fraca por mais algum tempo.
Folha de pagamento
O curioso é que, mesmo reduzindo o número de horas pagas, a folha de pagamento da indústria continuou aumentando. Subiu 1,2% no ano passado e acumulou uma alta de 5,7% desde 2012.
Isso ocorreu porque o desemprego seguiu em baixa em 2013. O que a indústria demitia, os serviços absorviam. Portanto, a pressão sobre os não diminuiu. Os reajustes salariais que a indústria se viu forçada a conceder mais do que compensaram a economia que as empresas industriais tentava, fazer por meio do corte de custos.
Em novembro do ano passado, no entanto, a indústria conseguiu reduzir, pela primeira vez desde 2010, reduzir a folha de pagamento por trabalhador.