Achados Econômicos

Arquivo : junho 2013

Brasil deveria gastar 20% do PIB em educação para alcançar países ricos
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Sílvio Guedes Crespo

Hoje o país debate a possibilidade de investir 10% do PIB (produto interno bruto) na educação.

É bom que se diga que nenhuma nação desenvolvida destina uma fatia tão grande do seu PIB a essa área. No entanto, se o Brasil quisesse se igualar aos países ricos em termos de gastos por aluno, deveria mais que triplicar suas despesas com o setor educacional, passando dos atuais 5,65% do PIB para 20%, conforme apontam dados da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

Vale acrescentar que, como proporção do PIB, o Brasil foi um dos países que mais elevaram gastos com educação na década de 2000. Ou seja, melhorou, mas continua longe do ideal; ou vice-versa.

Como calcular

Para entender esse cálculo é preciso tirar da cabeça um erro muito comum, que já vi cometido inclusive por um professor de economia da USP durante uma exposição a jornalistas. Ele disse que o Brasil investe o mesmo que a Suíça em educação pública (5,65% do PIB aqui, contra 5,56% lá), e que isso mostra que não é por falta de dinheiro, e sim por má gestão, que não temos um sistema de ensino e pesquisa comparável ao deles.

O raciocínio está errado. Existem muitas formas de provar que nosso dinheiro público é mal gasto; esta não é uma delas.

Nós investimos, de fato, praticamente o mesmo percentual do PIB que a Suíça em educação. O problema é que, no Brasil, o PIB por habitante é de apenas US$ 11.216, enquanto na Suíça é de US$ 43.156. Portanto, 5,65% do PIB brasileiro equivale a meros US$ 628 por pessoa. Já os 5,56% do PIB suíço correspondem a nada menos que US$ 2.399 por habitante, quase quatro vezes mais.

Não é só isso. No Brasil, 51% da população tem até 30 anos; na Suíça, a proporção é de apenas 35%. Temos, portanto, aqui, muito mais pessoas em idade escolar.

Dessa forma, o gasto do setor público brasileiro por aluno é de US$ 3.067 no Brasil e de US$ 14.922 na Suíça, segundo os dados da OCDE.

No gráfico acima, os dados referentes aos países com asterisco incluem somente as despesas públicas; os demais abrangem gastos estatais e privados.

Tirando a média simples dos países ricos com dados comparáveis (Suíça, Itália, Portugal e Irlanda – que possuem dados apenas do setor público), o investimento em educação por aluno é de US$ 10.576 por ano, 3,5 vezes mais do que no Brasil.

Isso quer dizer que, se tivéssemos um nível de eficiência de gestão dos gastos públicos igual ao desses países, ainda precisaríamos mais que triplicar a verba da educação para nos igualarmos a eles.

Ou melhor, para começarmos a caminhar na direção deles. No Brasil, gastaríamos boa parte desse dinheiro com construção e reforma de escolas. Nos países citados, onde a população cresce em ritmo menor e a infraestrutura educacional já é melhor, a verba para a educação pode ser aplicada para aperfeiçoar o que já está funcionando.

Aumento de gastos

Voltemos a uma afirmação feita no início deste texto, de que o Brasil está entre os países que mais aumentaram os investimentos em educação, como proporção do PIB.

Segundo a OCDE, o Brasil destinava 3,45% do seu PIB a essa área em 2000. Em 2010, chegou a 5,65%, uma alta de 2,2 pontos percentuais. Nenhum dos outros 28 países analisados teve um aumento similar.  O que chegou mais perto foi a Irlanda (alta de 2 pontos percentuais).


Remuneração de executivo sobe menos que salário mínimo e inflação
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Sílvio Guedes Crespo

A remuneração dos profissionais que ocupam cargos de chefia em grandes empresas subiu apenas 4,3% em 2012, segundo uma pesquisa da consultoria Mercer.

Portanto, eles perderam poder de compra no período, uma vez que a inflação naquele ano foi de 5,84%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com a pesquisa, os empregados pesquisados ganhavam em torno de R$ 211 mil por ano em 2011 e passaram a R$ 219 mil no ano seguinte.

Os números se referem à mediana da remuneração total (incluindo bônus) de chefes de departamento, de funções e profissionais especializados de grandes empresas.

No mesmo período, o salário mínimo aumentou de R$ 545 para R$ 622, uma alta de 14,1%.

Conforme mostra o gráfico abaixo, no entanto, mesmo tendo subido em um porcentual três vezes mais, o salário mínimo ainda representa uma pequena parte (4%) da remuneração dos executivos.

Para anualizar o salário mínimo, Achados Econômicos incluiu o décimo terceiro, o adicional de férias e os depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Acordos coletivos

Os números da Mercer indicam que os executivos de grandes empresas tiveram um aumento salarial menor do que os trabalhadores de setores onde há sindicatos fortes.

Segundo um levantamento recente do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 95% das negociações coletivas de salário tiveram reajuste acima da inflação em 2012 – portanto, acima do concedido a executivos.


Brasil cai 4 posições em ranking de salário de executivo e agora é 12º
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Sílvio Guedes Crespo

O Brasil caiu quatro posições em um ranking dos salários de executivos, elaborado pela consultoria Mercer, e agora está em 12º lugar, entre 67 países.

Em 2011, a mediana das remunerações desses profissionais no Brasil era de R$ 210,5 mil por ano, ou US$ 118,5 mil, na cotação da época. Naquele ano, esse valor era superado por apenas sete países.

Já em 2012, a remuneração aumentou em reais, para R$ 219,4 mil. Porém, por causa da variação do câmbio, o valor caiu quando calculado em dólares, para US$ 108,1 mil. Com isso, os executivos brasileiros passaram a ganhar menos do que os de Hong Kong, Estados Unidos e Venezuela.

Países com maiores salários de executivos

Ranking 2011Salário anual (US$ mil)Ranking 2012Salário anual (US$ mil)
Emirados Árabes186Emirados Árabes161
Suíça169Suíça150
Arábia Saudita137Arábia Saudita138
Japão133Chile134
Austrália120Japão133
Chile120Austrália128
Cingapura119Cingapura127
Brasil119Hong Kong118
Hong Kong116EUA114
Alemanha108Venezuela110
Noruega103Canadá108
Costa Rica101Brasil108
  • Fonte: Mercer


Os salários de executivos no Brasil haviam subido fortemente na segunda metade da década de 2000, puxados pela valorização do real e pelo crescimento econômico. Atualmente, ainda são maiores do que em diversos países ricos, como França (onde eles ganham cerca de US$ 87,6 mil anuais), Alemanha (US$ 95,8 mil) e Espanha (US$ 81 mil).

Os dados abrangem chefes de departamento, chefes de funções e profissionais especializados. Referem-se ao salário líquido (descontados os impostos).


Governo não consegue mais agradar mercado e elevar gasto ao mesmo tempo
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Sílvio Guedes Crespo

Os protestos se espalham pelo Brasil num momento em que o governo já não consegue mais agradar o mercado e ao mesmo tempo manter o ritmo de expansão dos gastos sociais e ainda acomodar no orçamento as demandas da ampla coligação de partidos aliados, modelo que marcou os oito anos da administração Lula.

Nos dois mandatos do ex-presidente, o dinheiro que o governo federal tira do orçamento para pagar juros passou de R$ 59 bilhões em 2002 para R$ 92 bilhões em 2010 (valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, como os demais deste texto). A inflação anual caiu de 12,5% para 5,84% no mesmo período.

Enquanto isso, o câmbio oscilou sem grandes solavancos, com exceção de 2008, quando estourou a crise bancária dos Estados Unidos.

Esses três pontos – reserva de dinheiro para juros (o chamado superávit primário), inflação na meta e câmbio flutuante – são a receita básica para um governo se manter em paz com o mercado, ou seja, com bancos e grandes investidores. Os economistas chamam isso de “tripé” macroeconômico.

Paralelamente, o governo subsidia empresários. Toma dinheiro emprestado no mercado a juros altos e empresta a companhias a juros mais baixos, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Os desembolsos dessa instituição passaram de R$ 69 bilhões em 2002 para R$ 197 bilhões em 2010.

Investimento social

Mesmo agradando banqueiros e empresários, o governo Lula conseguiu colocar dinheiro na a área social.

O orçamento do programa Bolsa Família avançou de R$ 6 bilhões em 2003 para R$ 17 bilhões em 2010. O do Ministério da Saúde, de R$ 45 bilhões para R$ 70 bilhões; o da Educação, de R$ 42 bilhões para R$ 82 bilhões (sempre em valores atualizados pelo IPCA).

Ainda, o salário mínimo subiu 155% no governo Lula, bem acima da inflação, que foi de 60%. Com dinheiro para bancos, empresas e para a área social, Lula deixou a presidência em 1º de janeiro de 2011 com aprovação de 87%, um recorde mundial.

Chuva de dólares

Esse dinheiro todo começou a chegar ao Brasil pelas exportações. Produtos básicos, o ponto forte do país, ficaram mais caros no mercado internacional, em grande parte por causa do crescimento econômico da China. A venda de soja e de carne bovina ao exterior sextuplicou de 2001 a 2011, em valores. A do minério de ferro ficou 14 vezes maior.

A entrada de dólares no Brasil, combinada com a disciplina do governo para manter o tripé macroeconômico, animou investidores estrangeiros, que quintuplicaram seus aportes anuais no país na era Lula.

Ao mesmo tempo em que chegava dinheiro do exterior, o mercado interno crescia e gerava empregos formais e aumento de renda. Tudo isso facilitou a expansão do crédito e também o consumo das famílias. Consequentemente, a arrecadação de impostos também subiu.

Maus ventos

Hoje, a China já não cresce mais como antes, e a Europa, um dos grandes importadores de mercadorias brasileiras, não sai da crise.

Com isso, os produtos básicos ficaram mais baratos no mercado internacional. As exportações de minério de ferro, por exemplo, diminuíram 25% em 2012. Os investimentos estrangeiros diretos não caíram, mas também não subiram.

O emprego e a renda continuam em patamar historicamente alto. Mas, como a produtividade das empresas não aumentou na mesma proporção, a margem de lucro, especialmente da indústria, ficou prejudicada no ano passado. Investir na produção deixou de ser tão atraente.

Menos dinheiro

O consumo se mantém forte. Porém, a inflação aumentou e corrói o poder de compra de parte da população. Os preços medidos pelo IPCA subiram 6,59% nos 12 meses encerrados em março, sendo que o teto da meta do governo é de 6,5% no acumulado de janeiro a dezembro.

Contra esse problema, o Banco Central aplica seu remédio tradicional, que é o aumento de juros, o que significa mais despesas para o setor público.

O governo tentou reduzir o custo das empresas cortando tributos sobre a folha de pagamento. Só que a economia está demorando para reagir, de modo que a arrecadação de impostos sobe menos que as despesas públicas. União, Estados e municípios ficam relativamente com menos dinheiro.

Nessas condições, o poder público não consegue mais agradar o setor financeiro e os grandes empresários ao mesmo tempo em que aumenta investimentos na área social. O governo, no fim do ano passado, teve que recorrer a uma manobra contábil para tentar cumprir a meta de dinheiro reservado para pagar juros – o que foi mal visto por investidores.

Partidos

Enquanto o governo atendia a todos, os partidos foram ficando mais parecidos. Quem era pró-mercado prometeu aumentar o Bolsa Família e teve vergonha de defender privatizações. Quem tinha histórico mais socialista seguiu uma política monetária ortodoxa.

O eleitor possivelmente se confundiu com isso nesses anos todos, mas a economia ia bem. Agora que não há mais dinheiro público sobrando, os partidos terão que definir melhor de que lado estão.

***

Falando nisso, uma palavra sobre os atos. É notável que tem se difundido entre os manifestantes, com força e agressividade, uma visão antipartidos. Não me parece uma postura democrática.

Impedir que partidos se expressem é típico de ditaduras. Engana-se quem pensa que pode haver democracia sem liberdade de expressão e de associação. Não existem hoje sistemas políticos sem partidos. Se achar que viu algum, é porque se trata de sistema de partido único, ou seja, é uma ditadura.


Gasto com transporte público sobe mais de 30% entre pobres e cai 15% entre ricos
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Sílvio Guedes Crespo

Uma pesquisa recente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) ajuda a entender por que parte dos manifestantes que se juntaram às passeatas dos últimos dias não faz questão de que o transporte público continue sendo ponto central dos protestos.

O estudo mostra que os gastos com transporte público subiram mais de 30% ao longo de seis anos entre as famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. Já entre as famílias com renda superior a oito salários mínimos, houve queda de mais de 15%.

Quando se trata de despesas com transporte privado, a situação é oposta: o gasto dos mais ricos nesse item subiu mais de 20%, enquanto o dos mais pobres caiu 20%, como aponta o gráfico abaixo, reproduzido do estudo do Ipea.

Variação real dos gastos das famílias com transporte urbano, por faixa de rendimento medida em número de salários mínimos per capita

Apesar de o estudo ser de setembro de 2012, os dados se referem ao período de 2003 a 2009 (último ano em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística realizou a Pesquisa dos Orçamentos Familiares).

É preciso deixar claro que a pesquisa se refere à variação de gastos, não de preços. Uma pessoa pode aumentar ou reduzir as despesas com um bem ou serviço sem que ele tenha ficado mais caro ou mais barato.

No caso dos mais pobres, a renda subiu mais que o preço do bilhete (o salário mínimo avançou 132,5% no período, e a tarifa de ônibus, 63,2%, na média das nove regiões metropolitanas analisadas pelo Ipea). Consequentemente, essa população que se locomovia pouco porque não tinha dinheiro nem para o ônibus, passou fazer mais viagens e também a gastar mais.

Outro detalhe: os números correspondem à renda per capita, não familiar. Uma família de quatro pessoas com renda total de dois salários mínimos (hoje R$ 1.356) tem uma renda per capita de meio salário mínimo; portanto, entra para o segmento mais baixo no recorte da pesquisa.

Saída individual

Os dados mostram que, para os mais ricos, pode parecer não haver sentido em brigar por um serviço que eles usam cada vez menos.

Para a classe média, também. Até as famílias com renda per capita de apenas dois salários mínimos aumentaram mais as despesas com transporte privado do que com o público no período, como aponta o gráfico acima.

“Está havendo um deslocamento de gastos do transporte público para o privado em todas as faixas de renda, com exceção dos mais pobres (renda per capita de até meio salário mínimo)”, resume Carlos Henrique de Carvalho, um dos autores do estudo.

Dito de outra forma, um movimento pela redução ou fim das tarifas só manterá adeptos no médio prazo se aqueles que hoje gastam mais com o transporte privado notarem que eles próprios serão beneficiados se o transporte público ficar mais atrativo.

Por enquanto, a saída individual gerou ao menos um problema coletivo, que são os congestionamentos, como apontou um outro estudo, também do Ipea. Em São Paulo, onde há 38 automóveis para cada 100 pessoas, o tempo médio de deslocamento entre a casa e o trabalho é de 43 minutos.


Mais de 90% dos fundos de renda fixa perdem para poupança e inflação
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 9h33 (acrescentado índice oficial de inflação)

Mais de 90% dos fundos de renda fixa oferecidos pelos grandes bancos de varejo às pessoas físicas renderam menos que a poupança e não acompanharam a inflação nos últimos 12 meses, segundo levantamento feito pelo blog Achados Econômicos.

Descontados a taxa de administração e o Imposto de Renda, somente três dos 232 fundos analisados cobriram a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação, que avançou 6,5% no período. Ou seja, menos de 2% das opções oferecidas aos clientes.

Em relação à poupança, que rendeu 6,2% nos 12 meses encerrados em maio, 12 fundos tiveram desempenho melhor (veja gráfico abaixo).

O fundo que ficou em primeiro lugar, da Caixa, obteve essa rentabilidade por um motivo excepcional: ganhou uma ação na Justiça e conseguiu recuperar parte de um dinheiro que havia investido em CDBs do falido Banco Santos.

Tendência é melhorar

Os números dão uma ideia do péssimo momento vivido pelos fundos de renda fixa. Leia abaixo a análise do professor de economia Pedro Raffy Vartanian, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Para ele, a tendência é melhorar, com os aumentos recentes da taxa básica de juros, a Selic.

Do ponto de vista macroeconômico, os últimos 12 meses foram marcados por uma queda da taxa Selic justificada pela fraca atividade econômica e pela conjuntura internacional desfavorável.

O afrouxamento da política monetária associado aos reajustes salariais acima da inflação e aos choques de oferta resultou em elevação da inflação. Tivemos, portanto, um cenário pouco comum: uma queda acentuada da taxa de juros combinada com elevação dos preços.

Esta questão de ordem macroeconômica foi o principal determinante para que os fundos tivessem uma perda real.

Outra questão é que, com a taxa de juros em patamares baixos, a taxa de administração dos fundos corrói parte dos ganhos obtidos, reduzindo ainda mais a rentabilidade líquida.

Com o aumento da Selic, a situação irá melhorar. A rentabilidade dos fundos irá aumentar enquanto os preços cairão. Muito provavelmente os fundos terão um ganho líquido real. Ainda assim, não será muito significativo.

A recomendação para o investidor é atentar para a taxa de administração do fundo e tentar utilizar a tributação a seu favor, aplicando seus recursos para um período superior a dois anos e, assim, pagando 15% de imposto de renda.

Metodologia

O levantamento considerou todos os fundos de investimento de renda fixa (o que inclui as categorias Renda Fixa, Curto Prazo e Referenciado) para pessoas físicas, exceto os que fazem parte dos chamados “private banks”, voltados para grandes fortunas.

Entraram na pesquisa somente os fundos administrados pelos oito maiores bancos de varejo: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Santander, HSBC, Citibank e Banrisul. Juntos, esses conglomerados têm 93% dos ativos dos bancos em operação no país.

A pesquisa contemplou o período de junho de 2012 a maio deste ano e descontou da rentabilidade a alíquota de Imposto de Renda de 17,5% para fundos de longo prazo e de 0,2% para os de curto prazo.


Grandes empresas gastam R$ 5 milhões para reter executivos após fusões
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Sílvio Guedes Crespo

As fusões e aquisições de empresas, que costumam provocar medo e apreensão em muitos funcionários, acabam sendo, também, uma oportunidade para um punhado de profissionais ganharem uma bolada, como aponta um estudo da consultoria Mercer.

Nas transações que envolvem valores acima de US$ 1 bilhão, as companhias têm destinado cerca de 0,25% desse valor (US$ 2,5 milhões, o que dá mais de R$ 5 milhões, pela cotação atual) em bônus para tentar reter os profissionais que consideram importantes.

Em operações menores, de até US$ 100 milhões, a proporção gasta para reter talentos é maior, ficando em torno de 2% desse valor (US$ 2 milhões, ou cerca de R$ 4 milhões).

Esse é o dinheiro gasto unicamente para evitar que os executivos considerados essenciais deixem a companhia antes de completar a fase de transição, sem contar possíveis aumentos no salário base e promoções.

Os valores se referem ao que é pago ao conjunto dos profissionais considerados importantes, e não a cada um deles.

A quantia que cada empregado recebe individualmente não foi divulgada. Porém, a pesquisa informa que os bônus para os profissionais considerados essenciais para o sucesso de longo prazo do negócio equivalem a nove vezes o salário mensal deles.

Este é o nível mediano dos bônus pagos a esses funcionários, mas há quem gaste mais para reter talentos. Um quarto das empresas pesquisadas ofereceu a eles mais de 15 salários no período pesquisado, normalmente (em 71% dos casos) pagos em até duas vezes.

Os bônus altos se explicam justamente por causa do clima de insegurança gerado nos processos de fusão ou aquisição. “Os prêmios devem ser grandes o suficiente para dissuadir os participantes de buscar outras oportunidades, ante a incerteza e a percepção de risco relacionadas aos seus empregos e carreiras”, disse a consultoria em relatório.


Rentabilidade em fundos DI varia de 2,5% a mais de 7%; compare
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Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 15h36

Os fundos de renda fixa do tipo DI – uma opção para quem quer segurança – têm, na média, acompanhado a inflação, garantindo que o investidor não perca poder de compra, segundo um levantamento da Fundação Proteste.

No entanto, por causa das altas taxas de administração, houve fundos que não renderam nem 3%, de acordo com a pesquisa. Ou seja, não cobriram nem metade da inflação, que está acima de 6% nos últimos 12 meses.

A entidade analisou todos os fundos DI para pessoa física com aplicação mínima de até R$ 25 mil, no período de março do ano passado a fevereiro de 2013.

A melhor opção encontrada foi o MB Master FI Referenciado DI, administrado pelo Banco Mercantil do Brasil, diz a Proteste. Esse fundo teve uma rentabilidade de 7,1%, já descontados o Imposto de Renda e a taxa de administração (veja tabela abaixo).

Os piores resultados constatados pela Proteste foi o Santander Classic FIC Referenciado DI, com uma rentabilidade de apenas 2,5% em um ano, e o Bradesco Hiperfundo FIC Referenciado DI, com 3,2%.

Destaques entre os fundos DI

AdministradorFundoTaxa de administração (% ao ano)Rentabilidade em 12 meses (%)*
Mercantil do BrasilMB Master FI Referenciado DI LP0,37,1
BTG PactualBTG Pactual Yield FI Referenciado DI Crédito Privado0,36,6
Brasil PluralPlural Capital Yield FI Referenciado DI0,36,6
BanrisulBanrisul Master FI Referenciado DI LP0,56,5
MapfreMapfre CGD Securities FI Referenciado DI0,456,3
  • * Março de 2012 a fevereiro de 2013
  • Rentabilidades líquidas de taxa de administração e Imposto de Renda


A diferença entre os ganhos dos dois é explicada basicamente pela taxa de administração, que, no caso do Mercantil do Brasil é de 0,3% ao ano. Já no fundo do Santander, é de 5%.

Isso não quer dizer que todos os fundos do Mercantil do Brasil sejam bons, nem que todos os do Santander são ruins. As taxas de administração variam muito, inclusive dentro de um mesmo banco. Hoje, elas podem significar a diferença entre ganhar ou perder da inflação.

Mais rentabilidade

Se for descontada não só a taxa e o imposto, mas também a inflação, os ganhos oferecidos pelos fundos DI foram de apenas 0,125% em um ano, pouco mais do que a poupança (0,07%), ainda de acordo com o cálculo da Proteste.

No entanto, com o recente aumento da taxa básica de juros, a Selic, o retorno dos fundos DI tende a aumentar, explica Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Os fundos DI acompanham a taxa de juros dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), papéis que os bancos emitem quando emprestam dinheiro uns aos outros. Essa taxa é atrelada à Selic, que por sua vez caiu de 12,5% ao ano, em julho de 2011, para 7,25% ao ano, em outubro do ano passado.

Como a Selic voltou a subir – agora está em 8% ao ano – a taxa de juros do CDI e, consequentemente, a rentabilidade dos fundos DI devem subir, analisa Vartanian.


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