Achados Econômicos

Arquivo : outubro 2013

Bancos faturam mais de R$ 2 bi com fundos que perdem para a inflação
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Sílvio Guedes Crespo

A maior parte das pessoas físicas tem perdido poder aquisitivo ao investir em fundos de renda fixa, mas nem por isso os bancos deixaram de faturar com esses clientes.

Os seis maiores conglomerados financeiros do país tiveram uma receita de pelo menos R$ 2 bilhões nos últimos 12 meses administrando fundos que registraram uma rentabilidade abaixo da inflação. São eles o Banco do Brasil, o Itaú, o Bradesco, a Caixa Econômica Federal, o Santander e o HSBC.

O número foi levantado pelo blog Achados Econômicos e inclui todos os fundos de Renda Fixa e DI abertos para pessoas físicas, com exceção daqueles da categoria “Private”, voltados para público de altíssima renda.

FUNDOS DE RENDA FIXA E DI DOS SEIS MAIORES BANCOS

Fundos que nos últimos 12 meses…Taxa média de administração (% ao ano)Receita média do banco administrador (R$ bilhões)Quantidade de fundos
… renderam abaixo da inflação1,362,034124
… renderam acima da inflação0,530,38631
Total de fundos1,082,420155

Foram desconsiderados os fundos classificados como Curto Prazo, uma vez que o objetivo do estudo era analisar a rentabilidade em 12 meses.

No total, o blog examinou 155 fundos dos seis maiores bancos. Desses, apenas 31 tiveram rentabilidade líquida acima da inflação. O indicador de preços utilizado foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que teve uma alta de 5,86% nos últimos 12 meses.

Num período de inflação alta e juros relativamente baixos, uma taxa de administração pequena acabou se tornando determinante para que o fundo mantenha o poder de compra do investidor.

Em média, os fundos analisados têm uma taxa de administração de 1,09% ao ano. Se considerarmos apenas aqueles que bateram a inflação, a taxa média foi de 0,53%. Já entre os que perderam para o IPCA, o custo foi de 1,36%.

Na sexta-feira (18), o blog vai mostrar quais foram os bancos que conseguiram entregar os melhores rendimentos para os clientes. Vai ficar claro que somente os administradores que cobraram taxas baixas conseguiram bater a inflação.

Período difícil

Nos últimos meses, foi difícil, mesmo, conseguir um lugar seguro para o pequeno investidor manter o poder aquisitivo de suas reservas.

Primeiro, porque a inflação estava em aceleração até pouco tempo atrás, chegando a atingir 6,7% nos 12 meses encerrados em junho.

Em segundo lugar, porque a taxa básica de juros (a Selic) estava muito baixa e subiu de repente. Passou de 7,25% no final do ano passado para os atuais 9,5%.

Essa variação prejudica quem tem papéis prefixados – caso de vários fundos de investimento. Alguns títulos do Tesouro chegaram a cair mais de 20% por causa da elevação da Selic (navegue pelas imagens abaixo para entender).


Perspectiva melhor

Apesar do mau resultado dos fundos neste ano, é possível que nos próximos meses eles recuperem parte da rentabilidade perdida.

De um lado, a inflação sofreu uma desaceleração a partir de junho, quando comparada com um ano antes. Analistas acreditam que ela deva fechar este ano em 5,81%.

De outro, a taxa básica de juros deve continuar subindo até atingir 9,75% no fim do ano, segundo os mesmos analistas. Com isso, a taxa real de juros da economia brasileira tende a aumentar – consequentemente, os investidores da renda fixa podem ganhar mais.

Um levantamento recente feito pela consultoria ComDinheiro informou que, desde que a Selic chegou a 9,5%, na semana passada, os fundos DI pós-fixados com taxa de administração inferior a 1,9% passam a render 6,39% ao ano, superando a poupança e a inflação projetada.

 


Conheça os poucos investimentos de renda fixa que batem a inflação
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 18h56*

Os investimentos seguros que superam a inflação são hoje uma raridade. Para encontrar uma forma de aplicar o dinheiro com baixo risco e um retorno que não seja corroído pela inflação é preciso garimpar.

Foi isso que fez o blog Achados Econômicos e constatou que, entre dez tipos de investimento em renda fixa acessíveis às pessoas físicas, apenas três apresentaram ganhos reais acima da inflação nos últimos 12 meses, conforme mostra o gráfico abaixo.

As Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos públicos que acompanham a taxa básica de juros (a Selic), apresentaram em média um rendimento médio de 6,27% nos 12 meses encerrados em setembro, maior ganho entre os dez grupos analisados. No mesmo período, a inflação foi de 5,86%.

Deve-se ressaltar que esses papéis, assim como todos os títulos do Tesouro Direto, são mais bem aproveitados pela pessoa física quando aplicados no longo prazo. Conforme este blog mostrou anteriormente, algumas notas do Tesouro chegaram a perder mais de 20% neste ano, para quem comprou no início de 2013 e agora precisa sacar o dinheiro.

Poupança

A poupança foi outra aplicação que mostrou bom resultado, em comparação com as demais modalidades. Para quem investiu na caderneta antes do dia 4 de maio do ano passado, os últimos 12 meses foram de tranquilidade. Essas pessoas estão enquadradas na regra antiga da poupança e tiveram uma rentabilidade de 6,2% nos últimos 12 meses.

Já para os que aplicaram na poupança depois daquela data, os ganhos foram de 5,39%, ligeiramente abaixo da inflação. Mas esses poupadores recentemente foram beneficiados com a alta da taxa Selic de modo que, desde setembro, eles passam a ter o mesmo rendimento dos que aplicaram ainda na época da regra antiga.

CDB

Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) conseguiram acompanhar a inflação somente para quem conseguiu um rendimento de 96% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

Neste levantamento, classifiquei as modalidades de renda fixa reunindo investimentos com características comuns.

Decidi não colocar todos os títulos do Tesouro Direto no mesmo saco porque cada um tem características muito particulares. Basta ver que enquanto a NTN-F foi o pior investimento, a LFT foi o melhor.

Fundos

Para os fundos – tanto os referenciados em DI quanto os da categoria renda fixa – utilizei a média simples dos seis maiores bancos. Porém, mesmo dentro de cada um desses grupos existe uma variação muito grande dos produtos.

Vale dar uma olhada, separadamente, nos fundos que tiveram a melhor rentabilidade nos últimos 12 meses. Para esse ranking, considerei todos os produtos dos seis maiores bancos que são acessíveis para qualquer investidor (excluí aqueles voltados para clientes “prime”, “estilo” etc).

Abaixo, os 15 fundos das categorias renda fixa e DI com maior rentabilidade nos últimos 12 meses, entre os administrados pelos seis maiores bancos. No total, foram analisados 91 fundos.

Perspectivas

Não se pode esquecer que esses números se referem aos 12 meses que já se foram. Parafraseando o comunicado obrigatório dos bancos aos clientes, o prejuízo passado não é garantia de prejuízo futuro.

Alguns papéis que caíram podem vir a subir. Os fundos DI pós-fixados, que variam indiretamente em função da taxa Selic, tendem a se beneficiar com os recentes aumentos da taxa básica de juros.

Um levantamento da consultoria ComDinheiro apontou que, com a Selic a 9,5% ao ano, 400 fundos DI, com taxas de administração de até 1,9% ao ano, passam a render 6,39%, superando a poupança, que ficará em 6,17% enquanto a taxa de juros estiver acima de 9%.

Uma ressalva a ser feita, no entanto, é de que esse retorno dos fundos DI só continuará enquanto a Selic estiver em 9,5% ou acima disso. A projeção de analistas é de que a taxa suba para 9,75% até o fim do ano e assim permaneça até dezembro de 2014.

* Correção: o segundo gráfico deixava de citar dois fundos do Banco do Brasil que tiveram rentabilidade entre as 15 maiores. O erro foi corrigido às 18h57


Alta do juro faz títulos de renda fixa perderem até 25% no ano
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Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado às 20h15*

Para quem acha que investimento em renda fixa significa risco zero, aí vai uma informação importante: alguns títulos do Tesouro Direto acumulam uma perda de mais de 20% desde o início do ano.

Consequentemente, os fundos de renda fixa que têm esses papéis na carteira também tiveram queda expressiva em 2013 – mais de 10% em alguns casos.

Enquanto isso, o Ibovespa, indicador de referência da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 13% desde o início do ano até a última sexta-feira (4).

O principal motivo dessa perda, por contraditório que possa parecer, está nos recentes aumentos da taxa básica de juros, a Selic, que começou o ano em 7,25% e hoje atingiu 9,5%.

O primeiro gráfico mostra os títulos do Tesouro Direto com pior rentabilidade neste ano, que foram as Notas do Tesouro Nacional tipo B – papéis que rendem a inflação (medida pelo IPCA, o índice oficial) mais uma taxa prefixada.

O que teve o pior resultado, por exemplo, paga IPCA mais 5,75% ao ano. Os papéis que têm “Principal” no nome são aqueles que pagam os juros somente na data do vencimento; os demais oferecem remunerações a cada semestre.

O segundo gráfico, abaixo, apresenta os fundos de renda fixa que mais perderam em 2013, entre aqueles administrados pelos seis maiores bancos do país.

“A renda fixa pode ser tão variável quanto o mercado acionário. Tem gente que diz que você nunca perde, mas dependendo do momento em que você sair, pode perder mais do que na Bolsa”, afirma o economista Pedro Raffy Vartanian, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

No caso dessas perdas citadas nos gráficos, elas só valem para quem quiser vender os títulos agora. Se o investidor carregá-los até o vencimento, terá um rendimento positivo.

Também é preciso informar que nem todos os papéis do Tesouro Direto acumulam perdas em 2013. Os pós-fixados (cujo retorno só é conhecido na data de vencimento) tiveram alta, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) para 2014, que renderam quase 6% (aqui, a rentabilidade de todos os títulos).

As LFTs acompanham a taxa Selic e por isso, as recentes elevações do juro básico beneficiaram esses papéis.

Entenda

Cada vez que o Banco Central aumenta a taxa básica de juros, o preço dos títulos prefixados cai. Isso acontece porque a Selic é uma das referências para o rendimento dos títulos públicos.

Quem comprou um título prefixado em janeiro, quando a Selic estava em 7,25% ao ano, não conseguirá vendê-lo hoje pelo mesmo preço que pagou, pois atualmente a taxa está em 9,5%. Se quiser se desfazer do papel, esse investidor terá que cobrar um preço baixo o suficiente para compensar essa diferença na taxa de juros.

Navegue pelas imagens abaixo para entender como funciona a marcação a mercado, nome dado a esse processo de ajuste diário dos preços dos títulos públicos, que pode fazer você ganhar ou perder dinheiro.

Risco

Ainda se poderia argumentar que, para quem pensa em resgatar o título somente na data de vencimento, o Tesouro Direto não oferece um risco considerável.

Afinal, com ou sem essas oscilações no preço do papel, o investidor de longo prazo terá, na data de vencimento, o dinheiro que foi investido mais os juros prometidos. A chance de o governo dar um calote é mínima.

É verdade, mas ainda assim existe um risco. Por exemplo, e se você compra um papel prefixado de 20 anos e, quando for resgatar, a Selic estiver em 20%? Você terá deixado de ganhar muito dinheiro, ao comparar com as outras aplicações dos anos 2030.

Bom, então é melhor comprar títulos pós-fixados? Não necessariamente. E se a Selic cair para 1% em 20 anos? Quem previa, em 2003, que hoje essa taxa estaria em menos de 10%?

“O melhor a fazer [para quem reduzir os riscos] é diversificar misturando títulos prefixados com pós-fixados”, recomenda Vartanian. Dessa forma o investidor se protege de grandes variações na taxa de juros e obtém um rendimento intermediário.

* Atualizada a taxa básica de juros, anunciada pelo BC por volta das 20h. Título alterado (anterior: ‘Investimento em renda fixa perde até 25% no ano’. 


EUA emitem US$ 2,3 trilhões desde 2008, mas bancos retêm 85%
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Sílvio Guedes Crespo

Os Estados Unidos já emitiram US$ 2,3 trilhões no sistema financeiro desde 2008, o que equivale a tudo o que a população brasileira produz ao longo de um ano de trabalho. Mas 85% desse valor, ou US$ 1,9 trilhão, ficou retido com os bancos na forma de reservas  – ou seja, não está em circulação na economia.

Nos últimos cinco anos, o Federal Reserve (banco central americano) tem procurado estimular a atividade econômica mantendo uma taxa de juros baixa e também criando moeda a partir do nada.

Com dinheiro recém emitido, o Fed compra títulos no mercado para que os bancos se sintam seguros e percebam que, sempre que precisarem de liquidez (no caso, moeda), podem recorrer ao banco central.

Só que as instituições financeiras pegam esses dólares e deixam reservados em uma conta que eles mantêm no próprio Fed (leia entrevista ao final desde texto).

O gráfico abaixo dá uma ideia do que está acontecendo. A linha vermelha representa a base monetária dos EUA, que no conceito do Fed inclui todo o dinheiro em circulação no país mais as reservas dos bancos. A verde se refere apenas às reservas.

a base monetária disparou a partir de setembro de 2008, mês em que o banco Lehman Brothers quebrou e desencadeou a crise bancária americana. A linha verde praticamente acompanhou os movimentos da vermelha, o que significa que boa parte do dinheiro que foi injetado no sistema financeiro ficou guardada.

A linha azul representa a diferença entre a base monetária e as reservas dos bancos, ou seja, é uma forma de medir quanto dinheiro efetivamente entrou em circulação.

Esse indicador aumentou em US$ 341 bilhões desde 2007, mas repare que a linha azul já vinha subindo antes disso. A partir da crise, ela acentuou apenas ligeiramente a trajetória de alta. Não disparou, como ocorreu com as outras duas curvas.

A injeção trilionária de dólares na economia possibilitou, ou ao menos não impediu, que a quantidade de dinheiro em circulação continuasse avançando praticamente no mesmo ritmo em que crescia antes da crise.

Conta corrente

Também se pode notar que a quantidade de dinheiro em depósitos à vista aumentou durante a crise. Não chegou a acompanhar a base monetária, mas subiu bem (195% desde 2007).

É possível que os americanos em geral estejam fazendo o mesmo que os bancos: sentando em cima do dinheiro, em vez de investir.

Não é atraente a ideia de comprar títulos do governo, porque o rendimento está praticamente zerado. Investir no setor privado daria retorno melhor, mas pode ser considerado arriscado demais enquanto não sabemos se a atual retomada econômica é para valer.

Crédito

Os bancos não aceleraram em nada o ritmo de concessão de crédito. É verdade que de 2007 a 2013 a quantidade de dinheiro que os americanos – pessoas e empresas – devem aos bancos subiu 25%, passando de US$ 33 trilhões para US$ 41 trilhões.

Mas antes da crise, ou seja, antes de o Fed iniciar seu programa de injeção de dinheiro, o crédito crescia a um ritmo muito maior. De 2001 a 2007, para pegar um intervalo de tempo equivalente em tamanho, a alta foi de 69%.

Ainda assim, sempre é possível argumentar – e possivelmente isso está certo – que se não fossem os estímulos do Fed o crédito teria crescido menos ou até se reduzido.

Se o crédito não está crescendo no mesmo ritmo que a emissão de moeda, a boa notícia é que os financiamentos às empresas estão subindo, enquanto aqueles direcionados para as famílias, têm caído.

Sinal de que a pequena parte que os bancos resolveram emprestar está indo para o setor produtivo, não para o consumo de uma população já endividada até o pescoço.

Entrevista

O economista Otto Nogami, professor do Insper, comenta o assunto na entrevista abaixo.

Sílvio Crespo: Por que o volume de reservas dos bancos aumentou tanto?

Otto Nogami: Grande parte do dinheiro injetado serve para reforçar a reserva bancária e reduzir o risco de liquidez [risco de não conseguir vender ativos na rapidez necessária, por exemplo por falta de moeda em circulação].

No Brasil, cada banco empresta um valor equivalente a oito ou nove vezes o seu patrimônio líquido. Nos EUA, essa proporção chegava até a 35 vezes em algumas instituições. Para minimizar o risco de o tomador de empréstimo não pagar, os bancos estão aumentando o volume de reservas.

SC: É um sinal de que os bancos ainda não estão confiantes na recuperação dos EUA?

ON: Sim. E não só os bancos, mas os americanos, em geral, ficaram mais comedidos depois da crise. Mesmo se o banco quiser emprestar, não encontra tomador. A preocupação maior do americano hoje é o emprego, não o consumo.

SC: Se a maior parte do dinheiro que o Fed injetou no sistema financeiro ficou guardada, de onde vem o “tsunami monetário”?

ON: À media que o governo americano mantém a taxa de juros baixa, dada a alta taxa de juros nossa, muitas vezes vale a pena, para o especulador estrangeiro, investir no mercado brasileiro ou de outros países emergentes. Isso criou um problema, porque valorizou as moedas locais.


Pesquisando, cliente pode poupar R$ 6 mil ao financiar carro popular
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Sílvio Guedes Crespo

O consumidor que financiar um carro popular pode economizar R$ 6 mil – ou até mais – somente pesquisando as diferenças de custo entre os bancos, sem precisar aumentar o valor da entrada, nem encurtar o prazo de pagamento ou muito menos abrir mão de algum recurso do veículo.

É evidente que o preço à vista é sempre o mais baixo; porém, uma vez que se tenha optado pelo financiamento, é possível evitar desperdícios ao se informar sobre o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo, que inclui a taxa de juros, a tarifa de cadastro, o registro de gravame e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), entre outros gastos.

Uma pesquisa da Fundação Proteste analisou o CET do financiamento nos seis maiores bancos do país. A entidade escolheu quatro modelos de veículos 1.0. Em todos os casos, foi considerada uma entrada de 40%, mais o financiamento em 24 ou 48 meses.

Um Uno Vivace 1.0, que sai por R$ 30,7 mil à vista, se for financiado pela Caixa em 48 meses terá um CET de 15,11% ao ano, de modo que cada parcela fica em R$ 504. No Bradesco, o custo é de 30,64% ao ano, com parcelas de R$ 631 mensais. Com isso, o consumidor pagará, pela Caixa, um valor total de R$ 36,5 mil ao final de quatro anos. Já pelo Bradesco, o carro custará R$ 42, 6 mil, uma diferença de R$ 6,1 mil.

FINANCIAMENTO EM 48 VEZES (40% DE ENTRADA)

CarroPreço à vista (R$)Maior valor final* (R$)Menor valor final** (R$)
Uno Vivace30.70042.573 (Bradesco)36.483 (Caixa)
Gol Geração 631.50043.551 (Bradesco)37.329 (Caixa)
Classic 1.028.90039.861 (Bradesco)34.171 (Caixa)
Fiesta Rocam Hatch29.90041.430 (Bradesco)35.505 (Caixa)
  • * Maior custo efetivo total (CET) encontrado: 30,6% ao ano, no Bradesco
  • ** Menor CET: 15,1% ao ano, na Caixa
  • Fonte: Proteste. Bancos pesquisados: BB, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú e Santander

FINANCIAMENTO EM 24 VEZES (40% DE ENTRADA)

CarroPreço à vista (R$)Maior valor final* (R$)Menor valor final** (R$)
Uno Vivace30.70036.250 (HSBC)33.651 (Caixa)
Gol Geração 631.50037.074 (HSBC)34.435 (Caixa)
Classic 1.028.90034.002 (HSBC)31.525 (Caixa)
Fiesta Rocam Hatch29.90035.299 (HSBC)32.750 (Caixa)
  • * Maior custo efetivo total (CET) encontrado: 30% ao ano, no HSBC
  • ** Menor CET: 15,1% ao ano, na Caixa
  • Fonte: Proteste. Bancos pesquisados: BB, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú e Santander

Concessionárias

A pesquisa também comparou o custo do financiamento por meio de concessionárias. Algumas delas têm um preço à vista mais baixo que o de concorrentes, mas cobram mais caro no veículo financiado.

Em uma concessionária Chevrolet em Botafogo, no Rio de Janeiro, o Classic 1.0 está R$ 28.990 à vista – mais baixo, portanto, do que na concorrente da Barra da Tijuca (R$ 29.740). No entanto, o custo do financiamento em 48 meses é de 27,46% ao ano na primeira concessionária e de 17,39% na segunda. Por causa disso, valor final do carro financiado atinge R$ 39,1 mil no primeiro caso e R$ 36,1 mil no segundo, uma diferença de R$ 3 mil.

Outro lado

Procurados por Achados Econômicos, os bancos citados confirmaram os números levantados pela Proteste e informaram que eles se referem às taxas máximas cobradas. Dependendo do relacionamento com o cliente, as instituições financeiras disseram que dão descontos.

Os correntistas que apresentam menor risco (por exemplo, por ter uma renda estável ou um histórico de bom pagador) eventualmente conseguem juros menores. Na pesquisa, foi usado o mesmo perfil de cliente em todos os cenários.


Empresas dão aumento acima da inflação só para cargos mais baixos
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Sílvio Guedes Crespo

Empregados operacionais, nível em que as greves são mais comuns, tiveram aumento nominal de 12,5% nas empresas pesquisadas

As empresas privadas só deram aumento salarial acima da inflação, em 2013, para os cargos mais baixos, justamente aqueles em que as negociações coletivas costumam ser mais frequentes, segundo uma pesquisa da consultoria Mercer.

Já nos níveis em que as greves são raras e os reajustes dependem mais do reconhecimento do mérito individual do que de pressões em grupo, a remuneração direta não acompanhou a inflação.

Considerando o salário base mais os incentivos de curto prazo, como bônus e participação no lucro, os cargos de nível operacional tiveram um reajuste de 12,5% em 2013, segundo a pesquisa, que consultou 446 empresas privadas, com faturamento médio de US$ 1,25 bilhão.

De acordo com o levantamento, um funcionário operacional ganhou, em média, um salário anual de R$ 24 mil em 2012. Neste ano, a média subiu para R$ 27 mil.

Entre os sete grupos em que os pesquisadores dividiram os profissionais, o de funcionários operacionais foi o único onde se registrou um aumento médio de remuneração superior ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial de inflação, que no ano passado subiu 5,84%.

O segundo grupo com maior reajuste foi o extremo oposto, o dos presidentes de empresas. Depois de embolsar uma média de R$ 1,084 milhão no ano passado, este ano eles ganharão, até dezembro, R$ 1,14 milhão, uma alta de 5,2%. Com esse aumento, eles quase conseguem manter o poder de compra que tinham em 2012.

Tirando os presidentes e os operacionais, nos demais níveis hierárquicos houve perda do poder aquisitivo. Os salários de coordenadores, supervisores e gerentes normalmente sofrem um impacto menor em acordos coletivos. Empregados desses níveis dependem mais de que o mercado reconheça seu desempenho para ter um aumento.

Vale ressaltar que a pesquisa considera os cargos, não as pessoas. Por exemplo, se um funcionário foi promovido a diretor, recebendo mais do que como gerente, porém menos do que o diretor anterior, os dados indicarão que o salário dos diretores, em média, diminuiu, ainda que aquele trabalhador específico esteja ganhando mais.

Outro ponto a ser ressaltado é que a pesquisa trabalha com valores médios. Diversos gerentes, diretores ou supervisores, por exemplo, podem ter obtido aumento real de salário, mas não o suficiente para puxar a média para cima da inflação.

Disparidade

Também deve ser levado em conta que, como os presidentes ganham muito mais que os outros empregados, uma elevação de 5% nos ganhos daqueles significa bem mais dinheiro do que uma alta de 12% para um funcionário operacional.

Isso fica claro no gráfico abaixo, onde nem se nota a diferença de tamanho de uma barra para a outra no nível operacional. Já entre os presidentes, o aumento de 5% é bem nítido, porque corresponde, em valores, a R$ 56 mil (ou seja, duas vezes o salário de empregados operacionais).

Na semana passada, este blog comentou outros dados dessa mesma pesquisa da Mercer. Os leitores mais atentos podem estranhar, pois os números parecem não bater.

No post anterior, era dito que o presidente de uma empresa privada no Brasil (considerando tanto as de capital nacional quanto as demais) ganha hoje R$ 1,289 milhão por ano. Já no post desta segunda-feira, a informação é de que eles ganham R$ 1,14 milhão.

A diferença existe porque a remuneração de R$ 1,289 milhão se refere à média de todas as empresas que participaram da pesquisa neste ano. Já o R$ 1,14 milhão inclui apenas as companhias presentes tanto na pesquisa de 2013 como na de 2012.

A Mercer pesquisou 826 cargos em companhias privadas que, juntas, faturaram mais de US$ 500 bilhões em 2012, o que dá um quarto do PIB (produto interno bruto) do Brasil. Essas empresas empregam 1,7 milhão de pessoas, ou 7% da população economicamente ativa do país. A coleta de dados foi feita no primeiro semestre de 2012 e 2013.

Reajustes

A constatação da Mercer confirma uma tendência que já vinha sendo verificada nos últimos anos, de aumento maior de remuneração na base da pirâmide econômica.

A renda média dos trabalhadores com curso superior teve um aumento real de apenas 0,7% de 2003 a 2012, ou seja, apenas acompanhou a inflação, atingindo R$ 4,1 mil em dezembro do ano passado, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já a dos que têm até oito anos de estudos registrou uma elevação real de 37% no mesmo período, chegando a R$ 953.

Isso foi possível porque a maior parte dos empregos gerados nos últimos anos contemplou cargos que exigem menos escolaridade. A taxa de desocupação das pessoas com até oito anos de estudos caiu de 12%, em 2003, para 4,5%.

Consequentemente, ficou mais difícil, para as empresas, substituir funcionários com esse perfil, o que aumentou o poder de barganha deles. Em 2012, o número de greves no país foi o maior dos últimos 16 anos.

Em 2003, somente 19% das negociações coletivas terminaram com um reajuste acima da inflação; no ano passado, a proporção foi de 95%, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Neste ano, no entanto, o indicador caiu para 85%

A questão agora é se o mercado de trabalho vai se desaquecer a ponto de os empregados de cargos mais baixos perderem o poder de barganha conquistado na era Lula.


Após liderar perdas, real vira a moeda que mais sobe entre 31 países
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 19h38*

Depois de um período de forte queda, o real foi a moeda que mais subiu desde o início do mês, entre 31 selecionadas, incluindo os mercados desenvolvidos e os principais emergentes. O levantamento foi elaborado pela CMA, empresa de tecnologia e informações financeiras.

A moeda brasileira avançou 5,21% em relação ao dólar, do início de setembro até o dia 18. A trajetória de alta, no entanto, já estava acentuada desde que o Banco Central anunciou, no dia 22, que faria leilões diários de venda de dólares no mercado futuro.

Vale lembrar que, antes desse surto de alta, o real estava caindo fortemente em relação ao dólar. Do início de agosto até o dia 22, recuou 5,53%, tendo a maior perda entre as 31 moedas analisadas pela CMA.

Se considerarmos um prazo mais longo, vemos uma desvalorização do real. A moeda brasileira caiu 10,05% desde o início do ano até o dia 18 – mais do que, por exemplo, os pesos mexicano, peruano e colombiano. Nesse período, a maior queda entre os 31 países foi a do peso argentino, de 17%, conforme o gráfico abaixo.

Entrevista

O economista-chefe da CMA, Carlos Lima, autor do levantamento, concedeu a entrevista abaixo ao blog Achados Econômicos.

Por que o real subiu mais do que as outras moedas?

Foram dois fatores. Primeiro, o impacto da decisão do BC em entrar pesadamente no mercado de câmbio. Na época [22 de agosto], o BC foi claro: quem estaria entrando para especular, sofreria um impacto devido a um grande player [o BC] vendendo.

Depois, passou a haver uma desconfiança em relação à possibilidade de o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA] retirar os estímulos. A meu ver, o mercado, que antes acreditava que o Fed iria retirar, passou a avaliar se ia retirar mesmo e se, caso retirasse, em quanto seria essa redução.

Então o real continua sendo uma das moedas mais voláteis, entre as maiores economias?

Sim. Existe um peso enorme da variável dólar na nossa economia, e isso está sendo demonstrado na variação do real. Entre 80% e 90% das empresas listadas no Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo) sofrem impacto do dólar.

Na sua visão, o real deve continuar subindo mais que as outras moedas?

A ideia do Fed de prorrogar a decisão [de retirar os estímulos] joga, para o mercado, uma certa especulação, o que gera volatilidade. Num curto prazo, me parece que o real encontrou um certo parâmetro, variando entre R$ 2,20 e R$ 2,25. Mas, quando o Fed começar a retirar os estímulos, o real tende a voltar a se desvalorizar.

CLIQUE NA IMAGEM E ENTENDA COMO FUNCIONA O MERCADO DE DÓLAR

* Acrescentado o segundo gráfico, com a variação anual


Presidente de empresa brasileira ganha 65 vezes mais que baixo funcionário
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Sílvio Guedes Crespo

Texto atualizado em 20/09 às 16h44*

Os presidentes de grandes empresas brasileiras – as de capital nacional, não as subsidiárias de companhias estrangeiras – ganham em média 65 vezes mais do que os funcionários do escalão mais baixo, segundo uma pesquisa recém divulgada da consultoria Mercer.

A remuneração anual do executivo-chefe atingiu, em 2013, a média de R$ 2,3 milhões por ano, incluindo o salário base e os incentivos de curto prazo, como bônus e participação no lucro. Se acrescentarmos também os incentivos de longo prazo (como opções de ações), os ganhos sobem para R$ 2,7 milhões. Já o cargos mais baixos pagam em torno de R$ 41 mil por ano.

Trata-se da maior diferença entre as grandes empresas que atuam no Brasil. Nas de capital europeu, o presidente ganha apenas 39 vezes mais que os baixos funcionários. Nas de origem asiática, a proporção é de 23 vezes.

A pesquisa consultou 446 empresas privadas com faturamento médio de US$ 1,25 bilhão por ano.

Ao contrário do que se poderia esperar, as empresas brasileiras que participaram da pesquisa pagam mais do que as estrangeiras para os baixos funcionários. Mas a distância entre o maior e o menor salário é mais dilatada porque as de capital nacional oferecem o dobro da remuneração aos seus presidentes.

Enquanto a empresa brasileira remunera o seu presidente com R$ 2,3 milhões anuais, a europeia paga R$ 1,1 milhão, e a asiática, R$ 777 mil.

* Correção: O salário da classe mais baixa de funcionários de empresas de capital nacional é de R$ 41 mil por ano, e não R$ 35 mil, como dizia incorretamente este texto.


Volume de empréstimos sobe 564% em dez anos; taxa de juros cai 30 pontos
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Sílvio Guedes Crespo

Atualizado às 12h51*

O “boom” dos empréstimos nos últimos dez anos mudou a cara do mercado de crédito brasileiro, conforme mostra um estudo da Anefac, a associação dos executivos de finanças e administradores.

Em todos os cinco principais indicadores de crédito analisados, houve melhora no período, embora, como diz a própria associação, os resultados ainda estejam abaixo do verificado em países ricos.

O volume de crédito – total de dinheiro emprestado pelos bancos para pessoas físicas e empresas – é hoje 564% superior ao registrado dez anos atrás. Em junho de 2003, havia no país R$ 381 bilhões em crédito tomado pelos brasileiros; atualmente, há R$ 2,5 trilhões.

Como proporção do tamanho da nossa economia, o crédito passou de 24,7% do PIB (produto interno bruto) para 55,2%. É um avanço notável em um período de dez anos, mas ainda longe do que se observa nos principais mercados do mundo, onde essa proporção chega a superar 100% do PIB.

Ao mesmo tempo, a taxa média de juros, que era de 56,7% ao ano em 2003, hoje está em 26,5%, uma queda de 30,2 pontos percentuais.

Se considerados apenas os juros pagos pelas pessoas físicas, a taxa caiu de 81,4% para 34,9% no período, ou seja, 46,5 pontos percentuais. Nos empréstimos para empresas, a queda foi de 38,6% para 19,3%.

A inadimplência (percentual dos empréstimos com atraso de mais de 90 dias), que estava em 8,8% em junho de 2003, chegou a 5,2% dez anos depois. Entre pessoas físicas, a variação foi de 15,5% para 7,2%; entre as empresas, houve de redução de 4,7% para 3,5%.

Os prazos de financiamento, por sua vez, saltaram 426%, segundo a Anefac. Em média, o brasileiro em 2003 tomava empréstimos para pagar em 7 meses. Hoje, a média é de 38 meses.

Os bancos, embora estejam hoje lucrando muito mais, reduziram o chamado “spread” – diferença entre a taxa de juros que eles pagam quando tomam dinheiro emprestado e a que eles cobram quando emprestam.

O “spread” caiu de 33,2% para 16,7% em uma década, de acordo com a Anefac. Em outras palavras, os bancos passaram a ganhar um pouco menos em cima de cada real emprestado, mas conseguem lucrar mais no total, porque mais do que sextuplicaram a quantidade de  dinheiro que concedem na forma de crédito.

“A análise de dez anos das condições de crédito no país demonstra que efetivamente as condições de crédito apresentaram substancial melhora com forte expansão do volume emprestado, redução das taxas de juros, redução dos Spreads bancários, aumento dos prazos médios de financiamento e redução da inadimplência mesmo com todo este crescimento no crédito”, afirma o estudo.

Para os pesquisadores, a inadimplência segue em tendência de queda nos próximos meses, apesar do forte aumento do crédito concedido no período.

Os dados são do Banco Central e foram trabalhados pela Anefac. Os números sobre juros se referem às taxas médias, ou seja, muitos pagam bem mais do que 26% ao ano em um empréstimo, enquanto poucos pagam bem menos (porque têm mais bens e, portanto, garantias, ou simplesmente por terem boa relação com o banco). Como os que pagam menos – por exemplo, as grandes empresas – movimentam muito dinheiro, esse grupo puxa a média para baixo.

Risco de bolha

Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac e coordenador da pesquisa, não acredita que esteja sendo formada uma bolha de crédito no Brasil, apesar do forte crescimento dos empréstimos nos últimos dez anos. Abaixo, trecho de entrevista que ele concedeu ao blog Achados Econômicos.

Qual o risco de bolha de crédito no Brasil hoje?

Nenhum. Os números demonstram que houve uma redução da inadimplência. O crédito no Brasil foi pautado por seletividade. Não foi dado indiscriminadamente, como ocorreu nos Estados Unidos.

Em segundo lugar, essa expansão ocorreu porque o volume de crédito era muito baixo [até 2003]. Uma coisa é se expandir nos EUA, onde o crédito já é de 160% do PIB. Outra coisa é no Brasil, onde estava em 25% há dez anos e hoje está em 55%.

Os dados pegam um período de dez anos. Mas se olharmos os últimos meses, os indicadores continuam melhorando?

Sim. Do ano passado para cá, melhorou. O volume de crédito não deixou de crescer. Os bancos privados foram mais receosos em emprestar, mas em contrapartida, os públicos emprestaram mais e compensaram.

A única mudança, que foi pontual, foi a das taxas de juros e do “spread”, que aumentaram em decorrência da elevação da taxa básica de juros, por causa da inflação. Mas a tendência, passada essa fase de inflação, é que voltem a diminuir.

Como o mercado de crédito está tão bem em um momento em que a economia, em geral, não cresce?

As pessoas continuam comprando imóvel, financiado a 35 anos, continuam fazendo um consignado etc. Se o país estivesse crescendo mais, o crédito iria crescer mais ainda.

* Acrescentada entrevista no final do post.


10% mais ricos ficam com 50% da renda nos EUA, maior concentração desde 1917
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Sílvio Guedes Crespo

A concentração econômica nos Estados Unidos bateu recorde, quando medida pela comparação da renda dos 10% mais ricos com a do restante da população.

Pela primeira vez desde pelo menos 1917, os 10% mais abastados passaram a abocanhar mais da metade de toda a renda gerada naquele país, segundo uma pesquisa do economista Emmanuel Saez, da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Mais precisamente, essa faixa da população ficou com 50,4% da renda em 2012. Saez levantou dados disponíveis desde 1917, conforme indica o gráfico abaixo.

É curioso observar que, em todo o período analisado, houve somente dois outros momentos em que os 10% mais ricos se aproximaram de conquistar metade da renda do país – e ambos precederam as maiores crises econômicas do planeta.

O primeiro momento foi no final da década de 1920, logo antes da Grande Depressão que se estenderia ao longo dos anos 30. O segundo foi oito décadas mais tarde, em 2007, um ano antes da quebra do banco Lehman Brothers.

Se considerado o 1% mais rico, o grau de concentração econômica, embora esteja crescendo, ainda não bateu o recorde do final da década de 1930. Essa pequena parcela da população fica hoje com pouco mais de 20% da renda dos EUA; em 1928, ela tinha quase 25%.

Retomada desigual

O estudo mostra, ainda, que a atual retomada econômica dos EUA praticamente só tem beneficiado a população mais rica.

Enquanto as estatísticas oficias mostram que a renda média subiu 6% de 2009 a 2012, Saez explica que os ganhos do 1% mais rico cresceram 31,4% no período, enquanto os dos demais 99% ficaram estagnados, com uma alta de apenas 0,4% em três anos.

Saez nota que, logo após a crise, os mais ricos perderam mais dinheiro. A renda do 1% caiu 36% de 2007 a 2009; a dos 99% recuou 12%. Com isso, a elite econômica recuperou quase totalmente o que havia perdido na recessão, enquanto a faixa dos demais 99% perdeu menos, mas não recuperou nada.

“A Grande Recessão deprimiu a participação dos mais ricos apenas temporariamente e não vai reverter o dramático aumento da fatia de renda dos mais ricos que se iniciou na década de 1970”, afirma Saez, no estudo.