Inflação de 0,69% é a maior para meses de fevereiro desde 2011
Sílvio Guedes Crespo
Atualizado às 11h38*
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O índice oficial de inflação apontou que os preços no país subiram 0,69% no mês passado, o que representa o maior aumento, para meses de fevereiro, dos últimos três anos.
A última vez em que o indicador superou 0,69% em um mês de fevereiro foi em 2011, quando atingiu 0,8%.
Os dados são do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação em janeiro havia sido de 0,55%; em fevereiro do ano passado, de 0,6%. Nos últimos 12 meses, atingiu 5,68%.
A meta do governo para 2014 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Se considerarmos não só os meses de fevereiro, a alta foi a maior desde dezembro do ano passado (0,92%). Mas, quando se trata de inflação, é melhor comparar sempre com o mesmo mês dos anos anteriores, pois os preços sofrem muita influência de fatores sazonais.
Em meses de fevereiro, por exemplo, a alta costuma ser puxada pelos reajustes de mensalidade escolar. Neste ano, o custo dos cursos regulares subiu 7,64%. Com isso, o conjunto de itens que o IBGE classifica como “Educação” aumentou 5,97%.
Do 0,69% que foi a inflação em fevereiro, mais de um terço (0,27 ponto percentual) foi provocado pelo grupo Educação.
Análise
Observando os dados históricos de meses de fevereiro no gráfico acima, vemos que estamos em um patamar inferior ao dos anos de 2010 e 2011 e bem abaixo do pico de 2003.
Mesmo assim, a situação atual preocupa porque estamos vindo de uma sequência de três aumentos seguidos do IPCA de fevereiro e, neste momento, os dados de conjuntura não apontam para uma redução significativa da inflação.
Analistas consultados pelo Banco Central esperam que a inflação em todo o ano de 2014 fique em 6%. Para 2015, a previsão é de 5,7%, ou seja, uma leve queda do ritmo de aumento de preços.
A projeção do BC é de que a inflação fique em 5,3% em 2014 – portanto, acima do centro da meta do governo, que é de 4,5%, mas abaixo do teto de tolerância, de 6,5%.
Quando se calcula a inflação acumulada em 12 meses, ela está acima do centro da meta desde 2010. Isso ocorreu apesar de o BC ter aumentado fortemente a taxa básica de juros, de 7,25% ao ano, em abril de 2013, para os atuais 10,75%.
Quando o BC iniciou este ciclo de aumento de juros, em abril do ano passado, a inflação acumulada nos 12 meses anteriores era de 6,49%. Hoje, está em 5,68%.
Vários fatores explicam por que os preços desaceleraram pouco desde o início daquele ciclo. Primeiro, que o impacto do aumento das taxas de juros sobre os preços não é imediato. Ao contrário, existe uma grande defasagem entre as decisões do BC o efeito nos preços.
Em segundo lugar, ao mesmo tempo em que os juros aumentaram, o dólar também subiu. Com isso, o preço de produtos importados tende a se elevar, pressionando a inflação.
Outro ponto é política fiscal. Quando o governo aumenta os gastos – e isso ocorreu no ano passado e também anteriormente – ele faz com que a demanda por bens e serviços também se eleve, o que constitui outra pressão na inflação.
Existem também fatores climáticos que influenciam o preço de alimentos. Economistas ouvidos pelo Valor Econômico disseram que a falta de chuva fez aumentarem os preços de produtos in natura e que a tendência é de esse problema se intensificar em março.
* Acrescentado o item ‘Análise’ às 11h38